Martin já havia antecipado que Iommi tinha planos neste sentido durante a divulgação do álbum solo "Thorns", do ano passado. Em várias entrevistas, o cantor comentou que tinha reatado a amizade com o guitarrista e que havia planos para os relançamentos.
Aparentemente, Iommi não gostou muito da "antecipação" da informação e manteve silêncio por meses, para constrangimento de Martin.
Foi a era mais difícil dos 50 anos de Black Sabbath, em que os músicos entravam e saíam sem nem mesmo gravar uma música. Alguns apenas tocaram em turnês, preenchendo buracos. Outros, como o baixista Laurence Cottle, participaram se sessões de estúdio e em alguns shows, e garantem que "fizeram parte" da banda.
Alguns historiadores contestam, e Tony Iommi, o único que participou de todas as formações desde 1968, mantém silêncio sobre isso e, em sua autobiografia "Iron Man", praticamente nem toca no assunto.
A previsão é de que sejam relançados neste ano os álbuns "Headless Cross" (1989), "Tyr" (1990), "Cross Purposes" (1994) e "Forbidden" (1995), além do a o vivo "Cross Purposes Live" (1995). "Eternal Idol" (1987) pertence a outra gravadora e, por enquanto, segue fora do pacote - justamente o melhor da série.
Vilipendiado, espancado, desprezado, menosprezado e até mesmo odiado, Tony Martin é o segundo vocalista que mais tempo cantou no Black Sabbath, segurando a barra na mais desprestigiada fase da banda. Poder ser muita coisa, menos um músico ruim.
Ele paga o preço pelos inúmeros erros cometidos pelo guitarrista Tony Iommi, o pai dos riffs e o pai do metal, a partir dos anos 80. Com um feeling bluesy e voz rouca e potente, foi o fiel escudeiro de Tony Iommi para evitar o desaparecimento de ma marca poderosa, mas desprezada pelo mercado naqueles tempos difíceis.
Vilipendiado, espancado, desprezado, menosprezado e até mesmo odiado, Tony Martin é o segundo vocalista que mais tempo cantou no Black Sabbath, segurando a barra na mais desprestigiada fase da banda. Poder ser muita coisa, menos um músico ruim.
Ele paga o preço pelos inúmeros erros cometidos pelo guitarrista Tony Iommi, o pai dos riffs e o pai do metal, a partir dos anos 80. Com um feeling bluesy e voz rouca e potente, foi o fiel escudeiro de Tony Iommi para evitar o desaparecimento de ma marca poderosa, mas desprezada pelo mercado naqueles tempos difíceis.
Ninguém queria saber do Sabbath, mas Martin persistiu, mesmo injustiçado com a "demissão" em 1991 para que Ronnie James Dio voltasse e o Black Sabbath reeditasse a formação de 1980-1982. Essa formação implodiria em menos de um ano, e logo o "operário" Martin estaria de volta...
Os relançamentos fazem justiça a um músico que nunca foi brilhante, mas que se esforçou demais em uma banda na qual ninguém apostava mais nada e ninguém queria tocar – por incrível que pareça.
Se alguém tem dúvidas a respeito de sua capacidade, é só ouvir a coletânea “The Sabbath Stones”, que traz uma quantidade necessária de músicas boas dessa fase não tão espetacular, mas digna, do Black Sabbath.
A surpreendente decisão de Iommi tem a ver, certamente, com o reatamento da amizade entre os dois, justamente quando o Black Sabbath acabou de fato.
Martin reclamou em uma entrevista, por volta de 2012, que não entendia o motivo de Iommi nunca mais o ter procurado ao menos para bater um papo desde 1996, quando a turnê “Forbidden” acabou e o guitarrista embarcou no projeto de volta da formação original, com direito a Ozzy Osbourne cantando.
Mais recentemente, Tony Martin tinha dito que ficou honrado e surpreso com uma ligação de Iommi, do nada, para saber como ele estava e o que estava fazendo da vida.
Laços reatados, ficaram de discutir a possibilidade de trabalharem juntos novamente em um projeto novo. A caixa com os CDs da época 1989-1995 pode ser o início dessa parceria, já que são pequenas as chances de o Black Sabbath ressuscitar.
Na hora certa, a força de vontade necessária
Perdido, sem forças para encarar um mundo novo e apegado a uma marca que desvalorizava rapidamente, Tony Iommi tinha sido abandonado pelos velhos companheiros Geezer Butler e Bill Ward (este muito doente à época) no final de 1984 e afundava a cada tentativa de ressuscitar o Black Sabbath.
Um pouco antes, Ian Gillan, o eterno cantor do Deep Purple, foi uma aposta alta quando Ronnie James Dio saiu brigado em 1983. Depois de uma bebedeira, eis que Gillan aceita cantar na banda e gravar um disco mal compreendido e mal produzido, “Born Again”. Não completou nem um ano com o grupo e logo aceitou participar da volta do Deep Purple.
Outro amigo de Birmingham, Glenn Hughes - excelente cantor e outro ex-Deep Purple -, foi uma aposta ainda mais alta e arriscada para a fase “Seventh Star”, de 1986. O naufrágio veio com alguns meses de parceria por conta dos graves vícios em drogas e bebida de Hughes.
O então desconhecido americano Ray Gillen surgiu para terminar aquela turnê no lugar do incapacitado e irado Glenn Hughes. Foi bem e até aceitou permanecer para gravar “Eternal Idol”, mas brigou com o patrão e caiu fora para começar a gestar a ótima banda Badlands.
Dentro de uma tempestade duradoura, quem salvaria a lavoura?
Inexperiente e com passagens por bandas inexpressivas, Tony Martin foi uma indicação de amigos e impressionou pela boa performance em estúdio e pela vontade inabalável de trabalhar e fazer as coisas darem certo.
Regravou todos os vocais de Ray Gillen feitos para “Eternal Idol” e ajudou a banda a reviver os bons tempos com hits improváveis como “The Shining”, “Glory Ride” e “Eternal Idol”.
Os relançamentos fazem justiça a um músico que nunca foi brilhante, mas que se esforçou demais em uma banda na qual ninguém apostava mais nada e ninguém queria tocar – por incrível que pareça.
Se alguém tem dúvidas a respeito de sua capacidade, é só ouvir a coletânea “The Sabbath Stones”, que traz uma quantidade necessária de músicas boas dessa fase não tão espetacular, mas digna, do Black Sabbath.
A surpreendente decisão de Iommi tem a ver, certamente, com o reatamento da amizade entre os dois, justamente quando o Black Sabbath acabou de fato.
Martin reclamou em uma entrevista, por volta de 2012, que não entendia o motivo de Iommi nunca mais o ter procurado ao menos para bater um papo desde 1996, quando a turnê “Forbidden” acabou e o guitarrista embarcou no projeto de volta da formação original, com direito a Ozzy Osbourne cantando.
Mais recentemente, Tony Martin tinha dito que ficou honrado e surpreso com uma ligação de Iommi, do nada, para saber como ele estava e o que estava fazendo da vida.
Laços reatados, ficaram de discutir a possibilidade de trabalharem juntos novamente em um projeto novo. A caixa com os CDs da época 1989-1995 pode ser o início dessa parceria, já que são pequenas as chances de o Black Sabbath ressuscitar.
Na hora certa, a força de vontade necessária
Perdido, sem forças para encarar um mundo novo e apegado a uma marca que desvalorizava rapidamente, Tony Iommi tinha sido abandonado pelos velhos companheiros Geezer Butler e Bill Ward (este muito doente à época) no final de 1984 e afundava a cada tentativa de ressuscitar o Black Sabbath.
Um pouco antes, Ian Gillan, o eterno cantor do Deep Purple, foi uma aposta alta quando Ronnie James Dio saiu brigado em 1983. Depois de uma bebedeira, eis que Gillan aceita cantar na banda e gravar um disco mal compreendido e mal produzido, “Born Again”. Não completou nem um ano com o grupo e logo aceitou participar da volta do Deep Purple.
Outro amigo de Birmingham, Glenn Hughes - excelente cantor e outro ex-Deep Purple -, foi uma aposta ainda mais alta e arriscada para a fase “Seventh Star”, de 1986. O naufrágio veio com alguns meses de parceria por conta dos graves vícios em drogas e bebida de Hughes.
O então desconhecido americano Ray Gillen surgiu para terminar aquela turnê no lugar do incapacitado e irado Glenn Hughes. Foi bem e até aceitou permanecer para gravar “Eternal Idol”, mas brigou com o patrão e caiu fora para começar a gestar a ótima banda Badlands.
Dentro de uma tempestade duradoura, quem salvaria a lavoura?
Inexperiente e com passagens por bandas inexpressivas, Tony Martin foi uma indicação de amigos e impressionou pela boa performance em estúdio e pela vontade inabalável de trabalhar e fazer as coisas darem certo.
Regravou todos os vocais de Ray Gillen feitos para “Eternal Idol” e ajudou a banda a reviver os bons tempos com hits improváveis como “The Shining”, “Glory Ride” e “Eternal Idol”.
O Black Sabbath voltava ao heavy metal e abandonava o hard rock meloso e sem inspiração de “Seventh Star”. Os bons resultados se devem muito a Martin.
O cantor sabia que as forças do mercado eram as que mandavam e que tudo poderia mudar de uma hora para outra, mas fechou os olhos, respirou fundo e apostou em um acavalo azarado que começava a enxergar a sorte de perto novamente.
O cantor sabia que as forças do mercado eram as que mandavam e que tudo poderia mudar de uma hora para outra, mas fechou os olhos, respirou fundo e apostou em um acavalo azarado que começava a enxergar a sorte de perto novamente.
Fora do páreo
Com mudanças constantes de formação, o Black Sabbath estava longe até mesmo dos dias mais ou menos, mas a força de vontade e a perseverança de Martin empurravam Iommi e a banda. Poderia, ao menos, dizer para filhos e netos que cantou na banda que eve Ozzy e Dio.
E assim, lentamente o Sabbath foi recuperando o nome com o bom CD “Headless Cross” e o razoável “Tyr”, garantindo rendas melhores e recuperando parte do público perdido nos anos anteriores.
Aí entra o mercado. Uma reunião com Dio, Geezer e Cozy Powell - rapidamente substituído por Vinny Appice depois de um acidente - é oferecida a Iommi e ele aceita. Era bom demais para ser verdade. Resignado, Martin foi para o banco de reservas, mas parecia saber que era temporário.
Acertou em cheio: a volta com Dio rendeu o excelente disco “Dehumanizer” em 1992, mas meses depois nova briga encerrava aquela formação – Ronnie Dio não aceitou participar do show de “despedida” de Ozzy.
Iommi não pensou duas vezes e quis manter a banda na ativa recrutando novamente Martin, que engoliu o orgulho e gravou mais dois discos.
O cantor nunca foi perdoado por parte do fãs da banda por ser apenas um tapa-buraco enquanto Iommi buscava formas mais viáveis de ganhar dinheiro.
Com mudanças constantes de formação, o Black Sabbath estava longe até mesmo dos dias mais ou menos, mas a força de vontade e a perseverança de Martin empurravam Iommi e a banda. Poderia, ao menos, dizer para filhos e netos que cantou na banda que eve Ozzy e Dio.
E assim, lentamente o Sabbath foi recuperando o nome com o bom CD “Headless Cross” e o razoável “Tyr”, garantindo rendas melhores e recuperando parte do público perdido nos anos anteriores.
Aí entra o mercado. Uma reunião com Dio, Geezer e Cozy Powell - rapidamente substituído por Vinny Appice depois de um acidente - é oferecida a Iommi e ele aceita. Era bom demais para ser verdade. Resignado, Martin foi para o banco de reservas, mas parecia saber que era temporário.
Acertou em cheio: a volta com Dio rendeu o excelente disco “Dehumanizer” em 1992, mas meses depois nova briga encerrava aquela formação – Ronnie Dio não aceitou participar do show de “despedida” de Ozzy.
Iommi não pensou duas vezes e quis manter a banda na ativa recrutando novamente Martin, que engoliu o orgulho e gravou mais dois discos.
O cantor nunca foi perdoado por parte do fãs da banda por ser apenas um tapa-buraco enquanto Iommi buscava formas mais viáveis de ganhar dinheiro.
Martin sempre soube disso e nunca se incomodou. Virou o segundo cantor que mais vezes interpretou as músicas da banda. Não é pouca coisa. Merecia há muito uma homenagem como a que Iommi pretende fazer.
Trabalho bem feito
Tony Martin é uma pessoa bastante educada e discreta. Corpulento, intimida no começo, mas está longe de assustar assim que que começa a conversar. Em setembro de 2009, ele esteve em São Paulo para uma apresentação no Blackmore Bar, que não existe mais.
Polid, atencioso antes e depois do show, só falou o necessário a respeito de sua passagem de quase dez anos pelo Black Sabbath, de 1986 a 1996 – inclusive passando pelo Brasil em 1994, quando a banda se apresentou no Monsters of Rock com o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward.
Quando perguntado sobre ele ter sido o vocalista que mais tempo cantou na banda depois de Ozzy Osbourne, Martin fez um silêncio pensou um pouco e respondeu de forma sucinta: “É sinal de que fiz bem o meu trabalho.”
E encerrou o assunto. Se Glenn Hughes, o magistral vocalista e baixista que integrou o Deep Purple, evitou que o Black Sabbath acabasse em 1985, foi Martin quem segurou a onda e empurrou a carruagem por longos e tenebrosos anos.
Ele foi o responsável, junto com Iommi, por resgatar do zero uma banda que estava desacreditada e quase extinta. Seu trabalho cantando no Black Sabbath é consistente, mas de forma alguma brilhante. Foram alguns bons momentos, mas o saldo final da qualidade daqueles álbuns é apenas razoável, mas longe de ser ruim.
É reflexo da fase conturbada que Iommi vivia na época, sem as glórias do passado, quase falido e pouco inspirado como compositor – sem falar que perdeu totalmente controle da banda no que se refere às intensas trocas de integrantes.
Tony Martin era o vocalista da vez e não marcou época. Só que menosprezar e depreciar seu trabalho com a banda é um grande erro.
Não era o grande Black Sabbath que todos aprenderam a amar e a apreciar. Mas era Black Sabbath, e com Tony Iommi. Isso muda tudo. Trinta e cinco anos depois de assumir a banda em uma grande fogueira, o legado de Tony Martin merece respeito.
Trabalho bem feito
Tony Martin é uma pessoa bastante educada e discreta. Corpulento, intimida no começo, mas está longe de assustar assim que que começa a conversar. Em setembro de 2009, ele esteve em São Paulo para uma apresentação no Blackmore Bar, que não existe mais.
Polid, atencioso antes e depois do show, só falou o necessário a respeito de sua passagem de quase dez anos pelo Black Sabbath, de 1986 a 1996 – inclusive passando pelo Brasil em 1994, quando a banda se apresentou no Monsters of Rock com o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward.
Quando perguntado sobre ele ter sido o vocalista que mais tempo cantou na banda depois de Ozzy Osbourne, Martin fez um silêncio pensou um pouco e respondeu de forma sucinta: “É sinal de que fiz bem o meu trabalho.”
E encerrou o assunto. Se Glenn Hughes, o magistral vocalista e baixista que integrou o Deep Purple, evitou que o Black Sabbath acabasse em 1985, foi Martin quem segurou a onda e empurrou a carruagem por longos e tenebrosos anos.
Ele foi o responsável, junto com Iommi, por resgatar do zero uma banda que estava desacreditada e quase extinta. Seu trabalho cantando no Black Sabbath é consistente, mas de forma alguma brilhante. Foram alguns bons momentos, mas o saldo final da qualidade daqueles álbuns é apenas razoável, mas longe de ser ruim.
É reflexo da fase conturbada que Iommi vivia na época, sem as glórias do passado, quase falido e pouco inspirado como compositor – sem falar que perdeu totalmente controle da banda no que se refere às intensas trocas de integrantes.
Tony Martin era o vocalista da vez e não marcou época. Só que menosprezar e depreciar seu trabalho com a banda é um grande erro.
Não era o grande Black Sabbath que todos aprenderam a amar e a apreciar. Mas era Black Sabbath, e com Tony Iommi. Isso muda tudo. Trinta e cinco anos depois de assumir a banda em uma grande fogueira, o legado de Tony Martin merece respeito.
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