terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Mesmo longe do brilho, Uriah Heep ousa tocar com paixão e vontade em novo CD

 O guitarrista inglês Mick Box costuma dizer que ele e sua banda, Uriah Heep, são um dos maiores sobreviventes do rock, seja pela longevidade, seja pela série de problemas e tragédias enfrentadas nos últimos dez anos, entre elas as mortes de dois integrantes, o baixista Trevor Bolder e o baterista Lee Kerslake.

Com poucos, mas bons álbuns neste século, o quinteto parecia se equilibrar entre a busca incontrolável pela relevância e a resistência física e artística. 

O que será que um grupo que beira os 55 anos de existência tem a mostrar - isso, é claro, não sendo os Rolling Stones ou The Who?

"Chaos and Colour", o mais recente álbum de inéditas, oferece algo que tem se tornado raro no mundo do rock, e, em especial, no rock clássico: paixão e vontade de tocar.

Não é melhor que os dois anteriores, mas mantém a chama acesa para a criação artística. Os cinco músicos claramente se divertiram ao gravar o disco.

Nunca é possível dizer que se trata de um álbum descompromissado, mas a expressão pode ser aplicada no sentido de que foi criado e gravado, provavelmente sem grandes pressões. Com 55 anos de carreira, parece improvável que um nome dessa grandeza tenha de se submeter a qualquer tipo de exigências.

É um trabalho que exala alto astral, uma certa positividade, quase ensolarado, ainda que não tenha um grande destaque entre as músicas, em um trabalho que soa parecido com os anteriores.

"Save Me Tonight", que abre o álbum e que possivelmente é a melhor do trabalho, é forte e pesada, mas os teclados de Phil Lanzon amenizam a coisa, em m tema que fala de redenção e de superação.

Ótimo compositor, Lanzon toma conta de um pedaço do CD, como vinha fazendo desde 2010, dividindo os holofotes com o guitarrista Mick Box.

Se não há solos ou riffs memoráveis de guitarra, sobra competência e inteligência para fazer com rock and roll. É um álbum agradável e com bom gosto, e é inacreditável que Bernie Shaw continue cantando alto e forte de um jeito que surpreende para um quase setentão.

É o caso na boa "Hurricane", aquela que pode ser a mais pesada do disco e com o refrão mais cativante, ou na singela e delicada "One Nation, One Sun". "Silver Sunlight" e "Age of Changes" também agradam por seu aspecto festivo e temas ligados ao meio ambiente e/ou mais introspectivos. 

Dificilmente "Chaos and Colour" figurará em listas dos melhores do ano, mas certamente cumprirá o seu papel de oferecer boa música e um pouco mais "vintage" m época em que todas as canções de bandas novas parecem quase iguais, processadas pela mesma "máquina" e sem aquele toque de paixão que nos acostumamos a escutar nas bandas clássicas.

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