quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Com dignidade e coragem, Ozzy Osbourne de despede dos palcos e turnês

 Por mais paradoxal que seja, Ozzy Osbourne virou sinônimo de longevidade no mundo do entretenimento a despeito dos excessos etílicos e de drogas, em um patamar só "alcançado" por lendas como os imortais Keith Richards (Rolling Stones) e o amigo Lemmy Kilmister (Motorhead, que morreu em 2015).

Os indícios de aposentadoria eram quase explícitos, mas o ex-vocalista do Black Sabbath se recusava a vê-los - e muito menos a aceitá-los, apesar da necessidade constante de bengala e de recentes internações.

O último álbum, do ano passado, parecia ofuscar a realidade, já que "Patient Number 9" é muito bom e traz uma série de astros do rock contemporâneo deles, o mestre Jeff Beck, que duas músicas com sua guitarra mágica, morreu em janeiro, aos 78 anos de idade.

Não foi uma completa surpresa o comunicado oficial desta quarta-feira (1) anunciando a sua retirada dos palcos e o consequente cancelamento de todos os shows marcados para 2023.  

O longo texto assinado por Ozzy nas redes sociais fala re várias cirurgias realizadas e seus crônicos problemas na coluna vertebral, que foram decisivos para a decisão da aposentadoria dos palcos e as turnês. 

"Minha voz continua ótima, assim como minha memória, mas meu corpo está fragilizado e não suporta mais o trabalho pesado de shows e turnês", indicando que, ao menos, deverá voltar àas gravações estúdio ou até mesmo apresentações bem pontuais.

O texto é sincero e honesto, recheado de melancolia e até pede desculpas aos fãs pela decisão "inadiável e irreversível", demonstrando total respeito a todos que o admiram e o veneram.

Nós é que temos que agradecer tanta generosidade e tanto esforço para manter uma carreira de 55 anos dedicados ao rock e ao heavy metal, levando alegria e mágica a milhões de adoradores.

Há quem diga, entre os apreciadores de meta, que o Black Sabbath é tão importante quanto os Beatles para o rock, já que praticamente "inventou" um estilo/subestilo musical - o próprio metal. Ninguém consegue imaginar como seria o mundo sem o heavy metal, sem o Black Sabbath e sem Ozzy Osbourne.

Se a aposentadoria já era algo esperada - e até desejada por muitos, para o bem do próprio cantor -, seu silêncio está descartado, ao menos por enquanto. 

"Patient Number 9" é mais do que um legado de qualidade - é o testemunho de que sua trajetória ainda tem caminho a ser percorrido, quem sabe até uma colaboração nova com Tony Iommi, o eterno parceiro de Sabbath. Iommi é um dos convidados do último disco, o que deixou um gosto amargo de que, talvez, a banda pudesse oferecer algo a mais no estúdio.

A realidade chegou de forma triste, mas serena, a Ozzy Osbourne, que manteve a dignidade parando antes que se tornasse uma caricatura de si mesmo nos palcos, como muitos detratores ansiavam. Abaixo, um trecho o texto de despedida de Ozzy, em tradução livre da amiga Maila-Kaarina Rantanen:

"Esta é provavelmente uma das coisas mais difíceis que já compartilhei com meus leais fãs. 

Como todos vocês já devem saber, há quatro anos tive um acidente grave, no qual danifiquei minha coluna vertebral. Meu único propósito durante todo esse tempo vinha sendo voltar ao palco. 

Minha voz segue ótima para cantar. No entanto, após três operações, tratamentos com células-tronco, sessões intermináveis ​​de fisioterapia e, mais recentemente,  um tratamento inovador Cybernics (HAL), meu corpo continua fisicamente fraco.

 "Sinceramente, me sinto honrado por todos vocês terem mantido seus ingressos pacientemente por todo esse tempo, mas precisei cair na real e percebi que não sou fisicamente capaz de cumprir as datas da minha próxima turnê pela Europa/Reino Unido.  Sei que não conseguiria lidar com as viagens necessárias. 

Acreditem em mim quando digo que a ideia de decepcionar meus fãs realmente ME FODE mais do que você imagina. 

 "Eu nunca imaginei que meus dias de turnê terminariam dessa forma. Minha equipe está nesse momento pensando em onde poderei me apresentar sem ter que viajar de cidade para cidade e de país para país.

 "Quero agradecer a minha família... minha banda... minha equipe... meus amigos de longa data, ao JUDAS PRIEST e, claro, meus fãs por sua dedicação, lealdade e apoio sem fim, e por me darem a vida que nunca  imaginei nem em sonho que poderia ter.

Eu amo todos vocês.”



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