Há um consenso de que nunca se lançou tantos álbuns de rock com mulheres cantando ou tomando conta de tudo nas bandas como nestes tempos. E o mais legal é que o som delas está sendo mais consumido do em tempos imemoriais.
Artistas como Lzzy Hale, da banda Halestorm, ou Elin Larsson, da banda sueca Blues Pills, adquiriram tamanha fama e prestígio que foram muito além do mero símbolo sexual ou da beleza em cima dos palcos. Ganharam muitos prêmios em muitas categorias de melhores do ano de revistas e sites. e não tem mais essa de separar em categorias só para "meninas".
Nesta série de textos vamos listar alguns dos destaques femininos das últimas temporadas entre as mulheres para homenageá-las neste dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, e também no mês inteiro, que costuma ser dedicado a elas também.
Com trabalhos diversificados e com temas abordados diferentes do usual, as mulheres do rock tiveram tempo de sobra para cometer alguns dos melhores discos do ano ou, pelo menos, para incomodar o mundo do rock de tal forma que pouca gente ficaria indiferente.
Com trabalhos diversificados e com temas abordados diferentes do usual, as mulheres do rock tiveram tempo de sobra para cometer alguns dos melhores discos do ano ou, pelo menos, para incomodar o mundo do rock de tal forma que pouca gente ficaria indiferente.
O destaque será dado aos trabalhos mais recentes e mostrar o que de melhor elas estão fazendo no rock e no blues.
- O Blues Pills adquiriu o status de banda grande na Europa, encabelando grandes festivais e modernizando seu rock retrô com influência do som dos anos setenta. O som pesado e bluesy do começo de carreira agora cai para a a soul music e o rhythm and blues. Está mais dançante em "Holy Molly", trabalho sofisticado e que traz a cantora Elin Larsson explorando mais a sua voz e acrescentando um suingue antes desconhecido. Ao vivo continua pesada e intensa, como vimos em recente passagem pelo Brasil. É a grande banda europeia do momento.
- Outra banda sueca, mas com uma cantora alemã (Johana Sadonis), o Lucifer faz um som mais próximo do heavy metal e o mais recente trabalho, "V", mostra uma variedade sonora complexa, acrescentando mais elementos além do soturno timbre do Black Sabbath nas guitarras. Sadonis, uma cantora de voz potente e assustadora em alguns aspectos, domina como ninguém a área do chamado hard'n'heavy. Com inteligência e composições simples, mas bem feitas, atinge um público mais tradicional do rock pesado e consegue agradar e gente que cai direito para o lado mais pesado.
- E a Suécia nada de braçada quando se fala em rock de qualidade e é obrigatório citar Siena Root e Thundermother. "Revelation" é o novo disco do Siena Root, cada z mais psicodélico e menos pesado. Zubaida Solid consolidou sua posição de vocalista principal e canta de forma divina e intensa, emulando o estilo de grandes cantoras como Maggie Bell (Stone the Crow) e Grace Slick (Jefferson Airplane), indo do hard rock ao rock progressivo com uma facilidade que chega a irritar. Também consegue imprimir uma sutileza em algumas músicas que mostram o quão versátil e técnica ela é, alterando de forma indelével a sonoridade de uma banda que já tem 25 anos de carreira.
- As suecas do Thundermother aproveitaram a pandemia da melhor forma possível. “Black and Gold”, o quinto álbum, é uma das melhores coisas lançadas em 2022: hard rock muito bem feito, pesado, melódico e com certa originalidade, ainda que não deixe as influências de Runaways, Girlschool e Joan Jett, além de um pique à la AC/DC reconhecível. A produção é excelente e ressalta principalmente as poderosas guitarras, que dão um show em praticamente todo o álbum. São canções fáceis, agradáveis, mas não necessariamente acessíveis. A primeira música já dá o tom do que vem pela frente. “The Light in the Sky”, assim como a abertura do álbum da Halestorm, é forte e pesada, com guitarras espalhando riffs pegajosos e solos incandescentes, típicos daqueles shows em combustão e para levantar o astral de qualquer festa. Não há alívio no que vem seguida. “Black and Gold” e “Raise Your Hands” recuperam a leveza de um hard rock de certa forma puro e ingênuo, mas energético, como costumavam ser os shows das Runaways. No quesito sujeira e descarrilamento para o lado mais heavy, temos as ótimas “Watch Out”, “Wasted” e “I Don’t Know You”, esta última uma porrada no queixo. As letras não são as que costumamos escutar no hard em geral ou nas bandas em que as vocalistas são as protagonistas, escancarando são sentimentos e sua visão meio crua do mundo, como Lzzie Hale ou Amy Lee (Evanescence). Há canção de amor, como a já citada “I don’t Know You” a menos interessante “Try for Love”, mas o tom é diferente: mais maduro, menos (melo)dramático. E há as baladas, um diferencial da banda, com uso desmedido de violões, com muito bom gosto. São elas “Stratosphere” e “Borrowed Time”, que equilibram o tom confessional e sentimentos mais positivos. Um belo trabalho de rock neste ano. A formação conta com Guernica Mancini (vocais), ótima em todo o álbum, Filippa Nässil (guitarra) e Emlee Johanson (bateria). A baixista Majsan Lindeberg saiu no ano passado, mas registrou sua presença em algumas músicas. Sua substituta é Mona Lindgren.
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