Antes de Blues Pills e Lucifer existia o Siena Root. Aliás, muito antes. Dá para dizer que o quarteto deu o pontapé inicial para que o rock retrô sueco ganhasse os palcos europeus a partir de 2012 e inundasse o mercado com um som calcado nos anos 70 com guitarras pesadas e tons psicodélicos. Não há como as bandas do segmento não citarem o Siena Root como influência.
Curiosamente, apenas agora a banda começa a saborear os bons resultados de seus mais recentes discos e da "cena" que inspirou em seu país e que transcendeu as fronteiras escandinavas.
"The Secret of Our Time", de 2020, é um grande álbum, mas sua divulgação foi prejudicada pelo isolamento social causando pela covid-19. "Revelation", que chega em breve - no Brasil pela Shinigami Records em parceria com a Atomic Fire Records - é a retomada de uma trajetória que estava novamente em ascensão depois de 25 anos de carreira.
"Sempre fomos elogiados pelo desempenho altamente contagiante para os palcos do mundo, e isso é o que procuramos levar pra as gravações no estúdio. Se fomos os pioneiros dessa tendência retrô? Acho que não, outras bandas vieram antes de nós", comenta o baterista Love Forsberg, um dos fundadores da banda.O mundo da música anda reverenciando bandas como Blues Pills, Thundermother, Vintage Caravan, Kadavar, Lucifer e Zodiac desde 2015, mas a banda Siena Root, ao lado de Samsara Blues Band, faz o mesmo tipo de som desde o começo do século. Na opinião de vocês, por que só mais recentemente esse tipo de música ganhou destaque na Europa?
Love Forsberg - Acho que tendências vem e vão. Siena Root não é o pioneiro do root rock como houve muitos antes de nós e muitos antes das bandas que você levanta. Vindo da Suécia, percebi uma nova onda em 2010 com a Graveyard ao assinar um contrato com a Universal. Acho que essa onda parece diferente do Brasil.
O resgate do rock com viés anos 70 ocorre de tempos em tempos, e a onda atual está forte. Que tipo de atração esse gênero exerce sobre os mais jovens? Isso é suficiente para revitalizar o rock em 2023?
Com as rápidas e drásticas mudanças tecnológicas na indústria do entretenimento, mudamos a nossa forma de se relacionar com a música no século XXI. Ela ficou ais acessível, só que gratuita, o que limita, em muitos aspectos, a evolução de carreiras. Parece que as pessoas dão menos valor á música hoje, seja pelo imediatismo, pela pressa ou mesmo porque ficou gratuita. Como esse estado de coisas afeta a Siena Root?
"Revelation" traz o Siena Root mais experimental e com mais peso em algumas músicas. Vocês identificam essas mudanças no som de vocês?
Love - Acho que "Apocalypse" tem muitas semelhanças com "Differents Realities" e "A New Day Dawning". Eu queria focar em melodias fortes e atmosfera.
The Secret of Your Time", lançado em 2020, é um álbum maduro e com ótimas canções, mas que reflete um momento diferente em termos de vida e carreira. mais de dois anos depois e uma grave pandemia no período, como vocês avaliam o processo de composição e gravação de "Revelation"?
Love - "Revelation" começou com algumas ideias de músicas acústicas. As canções tratam de conceitos diferentes do álbum anterior. Mas usamos parcialmente o mesmo estúdio. Eu acho que o "Apocalypse" é mais focado.
Love - O que Siena Root sempre defendeu é a integridade da arte e da composição musical. Nosso ponto de partida é a inspiração e foco no que queremos dizer em um processo criativo com todos os envolvidos. Não é tanto um mentor estabelecendo uma agenda a respeito do que vai vender discos.
Siena Root foi uma banda bastante elogiada na primeira década do século XXI por apostar em um som mais psicodélico e progressivo, especialmente em concertos gravados para o programa Rockpalast. Hoje a música da banda é mais direta e não tão rebuscada, ainda que mantenham o mesmo nível de sofisticação. É uma percepção válida? Em caso positivo, como explicam essa mudança de direcionamento?
Sam - Na verdade não faço ideia, se é como é percebido é claro que é muito válido mas não é de propósito (risos). Apenas acontece. Não planejamos nossa direção musical, apenas seguimos o que vem até nós.
A pandemia certamente atrapalhou planos de celebração de 25 anos de carreira, caso eles existissem. Pensam em retomar projetos para celebrar a data?
Sam - (risos) Nós tínhamos alguns planos vagos, eu acho, mas obrigado pelo lembrete, eu tinha esquecido disso.
Recentemente as bandas suecas de vários estilos redescobriram a América do Sul e a incluíram em suas turnês. Blues Pills, Lucifer, enforcer e Opeth são algumas delas. Tocar por aqui está nos planos de vocês em futuro próximo?
Sam - Tivemos esses planos mas infelizmente não aconteceram. Mas realmente esperamos que isso aconteça no futuro!
O estilo vocal e Zubaida Solid nos remete, em muitas passagens, ao da cantora escocesa Maggie Bell, da banda Stone the Crow. Essa cantora e a banda podem ser consideradas uma influência?
Sam - Vou perguntar a Zubaida, não sei se ela ouviu Maggie Bell. Na verdade eu amo Maggie Bell. Grande voz ,com certeza, assim como Zubaida.
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