Quando decidiu gravar um disco músicas irlandesas de protesto, a banda mineira Tuatha de Danann prenunciava os tempos difíceis que estavam por vir no Brasil - um governo nefasto de extrema-direita que atacou a democracia e tentou desarticular a sociedade civil desregulamentando tudo e promovendo o ódio e o caos institucional.
Mesmo país caminhando para a normalidade democrática, os brasileiros ainda sentem os efeitos deletérios de um bolsonarismo renitente, predatório e com efeitos predatórios evidentes - destruição das sedes dos Três Poderes, tragédias que poderiam ser evitadas ou minimizadas se não fossem os cortes de verbas, cidadãos armados chacinando porque perdem no jogo de sinuca...
a engajada banda mineira não passou em branco por estado de coisas lamentáveis e prepara um próximo trabalho autoral com forte mensagem ativista e progressista, com viés social e de homenagem aos trabalhadores e aos mais vulneráveis na sociedade.
Um dos singles do novo disco, "The Nameless", parece ter sido feito sob encomenda para homenagear os mortos na cidade de São Sebastião, no Litoral Norte, quando morros desceram sobre casas de famílias pobres e humildes depois de uma chuva fortíssima no Carnaval. Pelo menos 65 pessoas morreram.
O multi-instrumentista compositor Bruno Maia, mentor da banda, é um músico culto e muito interessado em histórica e ciências sociais.
A postura progressista, frequentemente confundida com "comportamento esquerdista", ficou mais forte depois de uma temporada morando na Irlanda e mergulhando na sofrida e violenta história daquela ilha, que ajudaram a fermentar um caldo que criou algumas das melhores obras musicais e literárias.
Maia é um apaixonado pela história de Minas Gerais e da Irlanda, principalmente pela questão da formação dos povos e dos impactos econômicos que os processos históricos tiveram sobre a população mais pobre.
Precursor do celtic metal no Brasil, ele a Tuatha de Danann caíra de cabeça no som pesado de inspiração irlandesa e o mundo mágico das fábulas fantásticas, mas sempre fazendo analogias com o mundo real e a realidade brasileira.
"The Nameless" é uma canção que prenuncia um álbum mis pesado que o que sempre foi pesado na história da banda. São versos fortes, mas não violentos, sobre as persistentes injustiças cometidas contra os povos trabalhadores e que resistem a todo tipo de assédio, achaque e ataque. É quase um hino socialista, e muito bem feito.
O videoclipe para "The Nameless” foi produzido por Raoni Joseph, com filmagens de Daniel Toli e Simão Domingos. As gravações externas foram realizadas na Rotunda da cidade mineira de Ribeirão Vermelho, situada no Campo das Vertentes.
O folk metal recheado de guitarras pesadas é a base de tudo, mas Maia reconhece que há mais coisas desta vez no som da banda, que tem menos elementos tradicionais e mais toques progressivos, com arranjos um pouco mais ambiciosos e elaborados.
Em declarações publicadas no blog Noise Red (https://noisered.wordpress.com/2023/02/25/tuatha-de-danann-clama-por-justica-historica-para-os-excluidos-e-oprimidos-em-sua-nova-musica-the-nameless/?fbclid=IwAR0K2rx6BVPf_YjIWDOHvcuYPgGaTlER66LYUjQ1dI8xgU158y6pg-yNWyQ), Maia explica alguns dos elementos "diferentes" que poderão aparecer no novo álbum. "É um som um pouco dark, dramático e emotivo, que evoca algumas influências que temos desde os primórdios da banda, mas que nem sempre são identificáveis em nossa música, pelo menos não desde o primeiro álbum e as duas primeiras demos."
Entre as influências, ele cita bandas europeias consideradas de vanguarda no metal. "Eu ouço Anathema ali, Katatonia, talvez algo mais moderno também, como Ghost, Muse e o próprio Tuatha, que dada a sua idade, às vezes já é autorreferente. É um broto novo de uma raiz antiga e forte. Tem toda essa coisa diferente pra nós e tem muito do que sempre fizemos: as frases, temas e instrumentação irlandesa, celta, as flautas, violinos, etc."
A letra de "The Nameless" aborda questões sociais e históricas, e tem como uma de suas inspirações o filósofo alemão Walter Benjamin e suas "Teses sobre o conceito de História", de acordo com Maia.
A letra de "The Nameless" aborda questões sociais e históricas, e tem como uma de suas inspirações o filósofo alemão Walter Benjamin e suas "Teses sobre o conceito de História", de acordo com Maia.
"Na letra tentamos trazer os excluídos, dominados e derrotados para o centro e foco da obra. Para o Benjamin só é possível haver justiça real se houver uma justiça histórica e uma justiça da memória", diz o músico. "Esta música, tanto as melodias de voz, climas e letra tem em algumas dessas teses de história do Benjamin sua maior inspiração."
De forma mais refinada, o Tuatha de Danann também na linha de frente, no rock nacional, na luta pela democracia e contra o fascismo pernicioso que corrói a nossa sociedade por meio da ignorância, da violência, do ódio e dos discursos religiosos e mentirosos de todos os tipos. Está na boa companhia de Black Pantera, Dorsal Atlântica, Ratos de Porão, Surra, Crypta, Krisiun e algumas outras que não têm medo do engajamento em prol da civilização contra a barbárie.
A atual formação do Tuatha de Danann é composta por Bruno Maia (vocal, guitarra, flautas irlandesas, bouzouki e banjo), Giovani Gomes (baixo), Raphael Wagner (guitarra), Edgard Brito (teclados), Nathan Viana (violino) e Rafael Delfino (bateria).
De forma mais refinada, o Tuatha de Danann também na linha de frente, no rock nacional, na luta pela democracia e contra o fascismo pernicioso que corrói a nossa sociedade por meio da ignorância, da violência, do ódio e dos discursos religiosos e mentirosos de todos os tipos. Está na boa companhia de Black Pantera, Dorsal Atlântica, Ratos de Porão, Surra, Crypta, Krisiun e algumas outras que não têm medo do engajamento em prol da civilização contra a barbárie.
A atual formação do Tuatha de Danann é composta por Bruno Maia (vocal, guitarra, flautas irlandesas, bouzouki e banjo), Giovani Gomes (baixo), Raphael Wagner (guitarra), Edgard Brito (teclados), Nathan Viana (violino) e Rafael Delfino (bateria).
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