De vez em quando a discussão reaparece: qual é o futuro do rock? Quem representa o futuro do rock no momento em que ele deixou as emissoras de rádio e virou underground?
Pelo menos é uma discussão mais aceitável o que aquela que decreta a morte do gênero musical. A banda muito citada anos atrás era a inglesa Muse, um trio que utiliza muita tecnologia para fazer uma música mais acessível e com acento pop.
A bola da vez é a italiana Maneskin, que foi atração no Rock in Rio 2022, e no programa "Fantástico", da Rede Globo. Abusando de elementos dançantes e eletrônicos com uma base de música pesada, a banda faz sucesso cantando em inglês e em italiano.
Não chega a ser uma grande novidade para quem já ouviu muitas coisas na vida, mas a suposta transgressão e o visual carregado de maquiagem andrógina está encantando uma legião de fãs mais jovens - e não necessariamente de rock.
A procura por Maneskin faz a molecada redescobrir gente como David Bowie e até Kiss, que sempre representaram uma transgressão maior e mais profunda dentro da música pop.
Assim como nos intermináveis debates a respeito da banda americana Greta Van Fleet, o ponto positivo no surgimento do quarteto italiano é que ele reacendeu o interesse pelo rock e o recolocou nas manchetes novamente.
Os radicais reclamaram do som muito pop e comercial - que abanda assume sem preconceitos. Também questionam os "adereços" extramusicais, como o visual estranho utilizado para chamar a atenção.
E aí recorremos ao mesmo David Bowie e seus inúmeros personagens. Reciclagem? Cópia?
A banda foi formada em 2016 por Victoria De Angelis (baixo) e Thomas Raggi (guitarra), ambos estudavam na "Scuola Media Gianicolo", no bairro romano de Monteverde, tempo depois juntaram-se Damiano David (vocais) e Ethan Torchio (bateria).
O nome da banda "Måneskin" significa "clarão da lua" ou "luar" em dinamarquês, e surgiu em conversas onde Victoria, que é filha de mãe dinamarquesa e pai italiano, teve de dizer palavras aleatórias naquela língua.
Embora aquela palavra tenha sido a escolhida como nome, não tem muita relação com o tipo de música que fazem. Os maiores sucessos da banda são "Zitti e Buini" e "I Wanna Be Your Slave"
Para um público que se acostumou a consumir música de forma diferente e não dar mais valor ao que ouve ou a artista que executa as canções, o interesse despertado pelo Maneskin é saudável e propõe uma renovação de público, que consegue ter acesso a sons novos que vão além do rap, do funk carioca e do sertanejo. A banda italiana é uma boa notícia para o undo do rock.
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