domingo, 4 de dezembro de 2022

Missa demoníaca da banda Lucifer arrebata o público paulista

Henrique Neal - especial para o Combate Rock

Lucifer saiu das profundezas para para iluminar os nossos caminhos em pela Copa do Mundo. A banda é sueca, a vocalista é alemã, mas o idioma foi o rock pesado na estreia de uma das bandas europeias mais festejadas do momento.

O grupo ainda não decidiu se faz um stoner metal ou um heavy retrô querendo passar a imagem de discípulo do Uriah Heep e dos primórdios do Black Sabbath, Pouco importa. O resultado foi um show ótimo, quase tão bom quanto o de outra banda sueca, o Blues Pills, em novembro passado - as duas bandas com mulheres nos vocais, duas divas louras que deixaram seus servos alucinados,

Johanna Sadonis hipnotizou a plateia com seu vocal forte e estranho, lúgubre e sombrio, por vezes assustador. Foi uma missa conduzida por guitarras ferozes e uma bateria insana, precisa e demolidora.

Nicke Andersson é marido de Johanna e o maestro da selvageria. Ele se diverte também tocando guitarra nos Hellacopters, mas não creio que consiga a mesma intensidade. É o próprio Lúcifer (agora com acento) na bateria, eletrizando o ambiente.

A missa negra (como não usar essa expressão?) colocou todo mundo prostrado, afirmando e reafirmando a decadência da civilização ocidental e detonando governos, religiões, instituições e a própria sociedade. Enfim, como deve ser o contestador e demolidor heavy metal.

A turnê do CD "IV" tem um repertório abrangente, ainda mais para a estreia no Brasil neste sábado, 3 de dezembro, no Fabrique, na zona oeste de São Paulo, uma casa muito boa, mas modesta para uma banda com tamanho poderio de fogo. 

"Crucifix (I Burn For You)" talvez seja a melhor canção já gravada pela banda, É densa, tensa, pesada e direta, como um dardo no meio da testa. "Bring Me His Head" foi outra de "IV" cantada aos berros pela plateia que lotou o ambiente febril e prestes a explodir.

Em um show rápido e curto, com pouco mais de uma hora, o Lucifer desfilou clássicos como "Ghosts" e "Cemetery Eyes", músicas alucinantes e aterradoras, que fizeram tudo tremer. O bis com "California Son" e "Reaper on Your Heels" foi um bom desfecho para uma noite endiabrada, mas que poderia ser mais contundente se as escolhas recaíssem em mais apoteóticas. 

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