sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Morre Kim Simmonds, do Savoy Brown, aquele que tinha o blues como estado de espírito

 O guitarrista inglês Kim Simmonds sempre foi considerado um músico subestimado, ao mesmo tempo que tinha a fama de teimoso. Colocou na cabeça que faria blues até o fim da ida e que carregaria nas costas o sagrado nome Savoy Brown, a banda que simbolizou desde o inicio a fusão entre o blues e o rock de forma visceral. 

Se não virou astro, atraiu o respeito e a reverência dos maiores, como Peter Green, Eric Clapton, Jimi Hendrix, Rorty Gallagher e mais uma fila imensa de admiradores famosos.

Simmonds, que morreu na terça-feira (13), aos 75 anos, em razão de um câncer no cólon, era um estilista, daqueles capazes de fazer solos memoráveis e de conduzir uma banda apenas com uma nota extraída de sua guitarra intensa e vigorosa.

Com o Savoy Brow traçou uma trajetória invejável de 57 anos de magia a ponto de ofuscar, em alguns momentos, os Bluesbreakers do venerável John Mayall, o criador do blues moderno inglês que segue ainda na ativa aos 89 anos de idade.

Ele sabia tocar pesado, mas preferia a intensidade e o suor, levando o blues ao seu limite. Jovem prodígio, mirava gente como Peter Green, do Fleetwood Mac, antes mesmo do surgimento desta banda. Eram garotos que chamavam a atenção pela habilidade e pelo feeling.

Dizem que foi cotado para substituir Eric Clapton na banda John Mayall, em 1966, posto que acabou nas mãos do "rival" Green. Ele nunca confirmou essa história. Com o seu Savoy Brown, criado em 1965, ele dizia que tinha tudo o que precisava para fazer o seu blues. 

Enquanto Rolling Stones e Cream brilhavam ao lado de Jimi Hendrix, o Savoy Brown virava lenda no Underground londrino, em uma competição ferrenha pelos corações do puristas com o Fleetwood Mac.

Teimoso ou não, fazia questão de elevar o nome Savoy Brown em todas as circunstâncias. O sucesso quase veio nos anos 70, mas alguma coisa sempre barrava a ascensão. A sequência de álbuns bons foi avassaladora, mas as músicas não tocavam no rádio. Não eram comerciais e soavam "datadas". 

O guitarrista não se importou e continuou fazendo a música que amava e tornou o seu Savoy Brown uma banda das mais adoradas nos pubs britânicos e também da Bélgica, França, Holanda e Alemanha.

 Há quem diga que a banda teve quase tantas formações diferentes quanto o brasileiro Made in Brazil. Isso nunca importou muito. Savoy Brown era um estado de espírito e Simmonds sempre fez questão de demonstrar isso. 

Alguns de seus discos a partir dos anos 90 saíram apenas com o seu nome, ou então creditado a Kim Simmonds' Savoy Brown. Para ele tanto fazia. Eram figuras indissociáveis e associadas ao melhor blues que se podia fazer e sentir.

O álbum mais recente do Savoy Brown é "Taking the Blues Back Home" de 2020, que é o início de uma série de álbuns que pretendiam homenagear o próprio blues a partir de canções inéditas e versões de clássicos do blues inglês.  

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