segunda-feira, 21 de setembro de 2020

'Encarcerado' na pandemia, Ricardo Vignini lança livro e novo álbum virtual

Marcelo Moreira



Artista igual a operário que trabalha muito. A adaptação do título do primeiro CD da banda Macaco Bong "(Artista Igual Pedreiro") serve perfeitamente para um dos músicos mais talentosos e importantes da música brasileira.

O violeiro paulistano Ricardo Vignini, ex-roqueiro que abraçou a viola caipira e projetos tão distintos quando o duo Moda de Rock e a banda de rock rural Matuto Moderno, é um dos mais prolíficos artistas da atualidade. Só em 2019 lançou quatro CDs físicos e digitais.

"Eu vivo 100% da música e não estou no topo da nossa indústria. Sendo assim, preciso tocar bastante e lançar bastante para ganhar dinheiro e acho que essa é a saída depois que a música ficou quase grátis neste século de muitas mudanças", diz o violeiro.

O que fazer então quando um vírus planetário impõe um confinamento na população e obriga o fechamento de casas de shows e espetráculos?

Lançar um livro, eis a solução. Acostumado a empunhar vários tipos de viola, Vignini teve de criar oportunidades e pegou a caneta e o computador portátil para escrever um e-book com partituras e tablaturas.

O selo "Onde mora a Viola" lançou e “Ricardo Vignini - Viola Caipira: Partituras e Tablaturas”, uma oportunidade de acesso ao vasto universo criativo de Vignini com 13 composições para viola caipira.

As parcerias acontecem em “Pé Vermelho” com Sérgio Duarte, “Moedão” com Juca Filho e “Um Arame Só (Marimbau Tietê)” com Socorro Lira. Todas estão em versão instrumental, sendo que as letras das duas últimas precedem as respectivas partituras.

Ao revisitar a própria obra, o violeiro — que sempre compôs de forma intuitiva — experimentou dar um formato final a criações com tantas possibilidades de execução. 

Algumas foram gravadas com mais de três arranjos diferentes que, aliás, ele costuma fundir quando sobe no palco, às vezes acompanhado de Guarabyra, Tuia, Zé Helder, Levi Ramiro, e tantos outros parceiros.

"Espero que esse livro sirva de inspiração para as pessoas buscarem sua própria identidade, como aconteceu comigo de forma espontânea", afirma Vignini.

A transcrição musical foi realizada por Domingos de Salvi, que também assina esta obra com o selo “Onde mora a Viola”. Nas palavras dele, "Vignini é um cara quase que de outro tempo. Consegue trazer pra viola esse ar mais despojado do rock e do blues, mantendo a questão do manejo de um instrumento moldado a partir da música da cultura caipira". 

Como diz Guarabyra, o resultado dessa "alquimia, magicamente, apesar de percorrer um mundão de estradas, [Ricardo] manteve o tempero e o sabor da sonoridade brasileira".

 A playlist é aberta ao público, e o ebook é comercializado em 3 pacotes: 1 - ebook apenas para download, 2 - ebook + videoaula e 3 - ebook + videoaula de uma hora e quarenta minutos + uma aula individual online. O ebook é comercializado em 3 pacotes, 1 o ebook apenas para download R$60,00, 2 o ebook + videoaula R$100,00 e 3 ebook + videoaula de uma hora e quarenta minutos + uma aula individual online R$150,00. Para comprar é necessário acessar https://linktr.ee/rvignini

Obra confinada

Com o mundo de de cabeça para baixo, o livro não foi a única iniciativa destes tempos. "Sessões Elétricas Para Um Novo Tempo" foi o resultado de encontros antes da quarentena, mas que viu a luz durante o período conturbado pela covi-19.

No dia 27 de dezembro de 2019, Vignini se juntou aos músicos Fernando Nunes no baixo e Ricardo Berti na bateria para uma sessão de gravação ao vivo no estúdio Space Blues em São Paulo.

Foi uma experiência diferente pra o violeiro, que tocou ao vivo no estúdio 11 faixas de sua autoria,  totalmente ao vivo e sem overdubs . 

"Sessões" é o vigésimo álbum de Ricardo Vignini que toca nesse projeto uma viola maciça como uma guitarra. Também originou a maior parte das imagens para um documentário do cineasta Mario de Almeida.

A viola de corpo maciço já tinha sido usada no projeto Mano Sinistra, uma tentativa de rock pesado ao lado de Paulão Thomaz (bateria) e Marco Lucke (baixo e vocal), uma ideia ótima e com músicas interessantes, mas que não teve continuidade. A técnica e o instrumento deixaram a música com cara de "rock" de verdade.

O som da viola de Vignini soa bem mais encorpado, com timbres diferentes e mais próximo dos de uma guitarra base. 

O repertório é um apanhado de sua carreira, mas não com a intenção de ser um "greatest hits". Há parcerias de sempre, como a com o gaitista e amigo de longa data Sérgio Duarte, e canções fortes de sua carreira solo, deixando um pouco o Matuto Moderno de lado.

 "Pé Vermelho" é um dos destaques, com seus fraseados zanzando entre MPB e blues. "Na Zoada do Arame" ficou mais pesada, com texturas novas e uma nova abordagem, da mesma forma que ocorreu em "Amálgama" e "Minuano". Outro bom momento é "Alvorada", que ganhou mais vida com baixo e bateria.

"Sessões" é um álbum diferente de Ricardo Vignini, mais pulsante e com outra pegada, mais forte. Há os momentos de suavidade e sutileza, como sempre pedem as violas caipiras, mas estas aparecem em um colorido novo, com mais intensidade e versatilidade. Se fosse um álbum de inéditas, certamente estaria nas listas de melhores do ano.

Serviço

Ricardo Vignini - Viola Caipira | Partituras | Tablaturas

13 composições para viola solo.

O ebook é comercializado em 3 pacotes, 1 o ebook apenas para download R$60,00, 2 o ebook + videoaula R$100,00 e 3 ebook + videoaula de uma hora e quarenta minutos + uma aula individual online R$150,00 https://linktr.ee/rvignini

Maiores informações no www.ricardovignini.com.br

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