- "Ele é bom?"
- "Sim. Às vezes acho que ele é bom demais. Melhor do que nós dois juntos."
Essa conversa entre dis amigos que passavam horas tocando em quarto diminutos selou o destino de outro músico da turminha´, nem tão próximo da turminha. E então os dois amigos já quase famosos deram o grande empurrão na carreira do guitarrista Jeff Beck.
Eric Clapton, considerado gênio da guitarra blues em Londres, estava de saída dos Yardbirds, a colossal força que iria a substituir os Rolling Stones em vários clues de blues. A banda abraçava pop com "For Your Love", para desgosto do guitarrista.
Era o começo de 1965 e o temperamental Clapton não queria "se vender". Gravou a música e sumiu. Restou implorar a Jimmy Page, renomado músico de estúdio, para integrar a banda prestes a fazer sucesso.
Amicíssimo de Clapton, Page recusou, mas indicou um amigo, o inquieto e também temperamental Jeff Beck, que se senti limitado nos imitados The Tridents.
Beck assumiu o posto nos Yardbirds e decolou, ao mesmo tempo em que iniciava uma longeva amizade com seu antecessor, Beck e Clapton, com altos e baixos, seriam grandes amigos pelos próximos 58 anos.
Foi Clapton que deu uma força para Beck participasse de uma música em "Patient Number 9", último álbum de Ozzy Osbourne. Ele gostou tanto que gravou as guitarras para duas canções.
Imaginava-se que essa duas músicas, mais o fraco disco "18", lançado ao lado do ator Johnny Depp, eterno aspirante a roqueiro, fossem suas últimas gravações, já que Jeff Beck morreu em ajeiro, aos 78 aos, em decorrência de uma meningite bacteriana.
Eric Clapton tratou de acabar com esse mito. O guitarrista garante que a última gravação de Beck ocorreu em janeiro, dias antes da morte dele, em uma canção que será lançada em compacto simpls, de forma física, em 14 de junho.
Depois de anos articulando uma colaboração, os dois finalmente entraram no estúdio para gravar uma versão pungente e jazzística de "Moon River", do compositor americano Henry Mancini, um dos gigantes do cancioneiro de sempre.
Clapton deixa a guitarra do amigo dominar o ambiente e se satisfaz sendo apenas um crooner, um mestre de cerimônias,
O resultado é simples, mas soberbo, e ganha ainda mais relevância por se tratar da última gravação de Beck - e a primeira colaboração entre os dois gênios em décadas.
O controverso e polêmico Clapton, negacionista, antivacina e com passado racista, realmente tem o dom de fazer homenagens aos amigos. Foi assim com George Harrison, dos Beatles, e Ronnie Lane, dos Faces. Deverá ser o mestre de cerimônias de um concerto beneficente em homenagem a Beck ainda neste mês em Londres.
https://youtu.be/-DWqyYW8tOg
https://youtu.be/H9My9-3a0-8
https://youtu.be/dSnsyzfhY_E
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