quarta-feira, 10 de maio de 2023

Radicalismo político no rock: a conta está chegando para Jon Schaffer e Ted Nugent

 De forma discreta, dois personagens do rock ligados a comportamentos fascistas e extremistas tentam retomar suas vidas artísticas depois do pior da pandemia de covid-19 e de ataques à democracia nos últimos anos. 

Jon Schaffer, guitarrista do Iced Earth, abre o baú e coloca velharias na praça enquanto responde a vários processos. O veterano guitarrista Ted Nugent, radical de direita e ultraconservador, sofre com boicotes ás tentativas de tocar em alguns lugares.

Todos os integrantes da última formação do Iced Earth debandaram om a perspectiva de prisão longa para o líder. Mesmo assim, Schaffer comandou o lançamentos de dois EPs com versões ao vivo e de estúdio de mais de 15 anos atrás. "Hellrider" traz três músicas com Tim "Ripper" Owens (ex-Judas Priest e vocalista do Iced Earth entre 2004 e 2007).

"I Walk Among You" tem no vocal Matt Barlow, o mais longevo cantor da banda, que tem três passagens pelo Iced Earth e é cunhado de Schaffer. São três músicas de estúdio e três ao vivo - registros no Graspop Festival, na Europa, em 2008.

Nada muito empolgante ou esfuziante, e nada que faça falta aos colecionadores, sendo mais uma forma de manter o nome da banda no mercado, já que o futuro é incerto. No ano passado, "A Narrative ;Soundcape" foi lançado com a voz de Schaffer declamando/narrando letras de uas músicas sore uma base pesada de guitarra - totalmente desnecessário, diga-se de passagem.

Conhecido militante conservador no meio do rock americano, tornou-se extremista e um protofascista com a ascensão de Donald Trump como presidente em 2016. Aproximou-se de grupos radicais fascistas como Proud Boys e Oath Keepers, que disseminam o ódio contra minorias, negros e hispânicos, além de erem supremacistas brancos.

Schaffer foi preso por participar dos atos antidemocráticos de 6 de janeiro de 2021 e foi flagrado dentro do Congresso americano invadido naquele dia. Identificado por aparecer em fotos de sites jornalísticos e jornais, foi caçado pelo FBI (a polícia federal americana) por mês até que decidiu se entregar.

Detido por cinco meses, foi acusado e seis crimes, estando sujeito a uma pena de 25 anos de cadeia. Fez um acordo de "colaboração" (delação premiada) e está respondendo em liberdade. 

Seus advogados tentam fazer com que haja a desqualificação de ao menos quatro das seis denúncias. Se tiverem sucesso, dificilmente o guitarrista cumprirá mais de quatro anos de reclusão, apesar de seus crimes serem federais.

Os dois EPs têm mais cara de epitáfio do que a tentativa de continuidade de uma carreira que caminha para o total ostracismo. Evitando totalmente o contato com a imprensa e fãs, Schaffer estaria acelerando as composições e gravações de um eventual último álbum de inéditas do Iced Earth abtes de uma provável reclusão, segundo alguns sites americanos.

Ted Nugent, ferrenho ativista anti-imigração e de crítico feroz de políticas de inclusão de minorias, sempre alardeou seu apoio ás políticas de liberação de armas de forma indiscriminada - política diretamente responsável por mais de 200 ataques a tiros anuais a escolas, shoppings e centros comerciais nos Estados Unidos. Só neste ano já foram mais de 150 em quatro meses.

Sua ligação com grupos radicais armamentistas de ultradireita é conhecida desde os anos 70, quando sua carreira solo decolou. Antes visto como uma figura patética e exótica, virou alvo de entidades de de apoio os direitos civis quando a proliferação de armas aumentou no país.

Apesar disso, sempre teve um público fiel ao seu rock pesado com toques de country music e blues branco do Meio-Oeste amricano - ou seja, branco, supremacista e preconceituoso.

Entretanto, os tempos são outros os boicotes ao seu trabalho, se antes não o preocupavam, passaram a preocupar em 2023. Na última semana, um show de Ted Nugent que aconteceria em Birmingham, Alabama, Estados Unidos, foi cancelado por conta de manifestações de moradores locais. 

A apresentação ocorreria no próximo dia 18 de julho, mas uma grande mobilização nas redes sociais fez com que os organizadores recuassem do intento.

Segundo a Al.com, a decisão dos organizadores foi tomada em resposta a mais de mil comentários postados na página do Facebook da Avondale Brewing, cervejaria que promovia o evento, bem como mais de 150 protestos na página do Instagram. O bar local Al’s On 7th também divulgou um comunicado anunciando que não comercializaria mais os produtos da empresa.

Indignado, o guitarrista foi às reds sociais para desqualificar os manifestantes, chamando-os de "haters bêbados e estúpidos incapazes debater". Seus empresários tentaram demovê-lo de responder publicamente, temendo que a onda de boicotes e cancelamentos se espalhe.

Embora não seja um ativista "prático" como Schaffer, que foi/vá às ruas para participar de atos violentos e antidemocráticos, costuma ser tão radical, preconceituoso e fascista quanto. E, pior, sem vergonha de vomitar lixo de todos os tipos - e orgulhoso de ser ignorante e desprezível.

Como bem lembrou  site Igormiranda.com.br, em 2014, o músico se referiu publicamente ao então presidente americano Barack Obama como um "mestiço subumano". Ano passado, durante um comício de Donald Trump, pediu aos presentes que "caçassem os crânios dos democratas, dos marxistas e dos comunistas".

Não consta que Schaffer tenha se arrependido de seus atos ou tenha, ao menos repensado algumas de suas posições. No caso de Nugent, muito menos. Portanto, a cada dia que passa sentiremos menos falta de seus trabalhos, se seus shows e de suas "opiniões" - e é que alguém sente falta hoje de Iced Earth, Sons of Liberty (projeto de Schaffer com teor político conservador), Ted Nugent e Amboy Dukes (banda deste l´dos anos 70). O mundo fica melhor com eles no ostracismo.

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