Quem esperava que haveria o fim de más notícias na área da cultura com encerramento do nefasto governo do nefasto Jair Bolsonaro (PL) não tem muito o que comemorar, ao menos por enquanto.
As sombras e nuvens pesadas que assombravam o Sistema S, que envolve o Sesc, o Sesi e o Senac, voltaram com força no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que propaga um pretenso progressismo na área cultural.
Ameaçado permanentemente de corte e transferência de verbas sob o jugo do mundo podre bolsonarista, o sistema não se livrou deste fantasma. Forte corrente dentro do atual governo federal articula a realocação de até 5% do dinheiro destinado ao Sistema S para área de fomento ao turismo.
E novamente ressurgem os velhos argumentos caquéticos e embolorados a respeito de uma suposta "caixa preta" dos Sescs e Senacs, agora sob ataque da esquerda um pouco mais radical - o nome da vez é Marcelo Freixo, ex-deputado federal que ficou sem mandato na última eleição.
Freixo, que é do Rio de Janeiro, se tornou uma referência na esquerda como um político com discernimento e combativo, uma pessoa séria que colocou sua família em risco quando atacou com firmeza as milícias de seu Estado quando era deputado estadual.
Agora presidente da Embratur, decidiu investir contra o importante sistema social de lazer e cultura que é um dos pilares do setor. Freixo faz parte de um grupo que não se conforma com o volume de recursos que o Sistema S movimenta. Se os motivos no mundo bolsonaro eram ideológicos para desidratar os Sescs, agora também não deixam de ser.
Será que não existem outros setores que não possam ceder os recursos solicitados pela área do turismo, se é que o caso?
Como o governo federal continua liberando recursos caudalosos para parlamentares fisiológicos no Congresso - dinheiro de emendas para agradar deputados e senadores em troca de votos - e não pensa duas vezes em desidratar áreas importantes como c cultura e a educação?
Segundo os gestores do Sistema S, uma redução de 5% no orçamento significará o fechamento de unidades do Sesc e do Senac pelo país e a demissão d, no mínimo, 4 mil trabalhadores.
O que causa espanto é que Freixo, opositor ferrenho do mundo podre bolsonaro, está se baseado justamente em uma legislação do governo anterior para conseguir mais verba para a sua entidade.
O ex-deputado federal afirmou que vai lutar pelo dinheiro, mas o valor ainda é baixo. "Eu estou cobrando 5% disso, o que dá R$ 447 milhões. Para promover o Brasil inteiro. Não é nada", disse em entrevista para o jornal Correio Braziliense.
Em 2020, uma MP sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) transformou a Embratur em uma entidade autônoma. Antes, era uma autarquia. Apesar de continuar vinculada ao Ministério do Turismo, do governo, a entidade não pode mais receber investimentos públicos, como as emendas de relator.
Desidratar um setor importante, que gera empregos e oferece educação e lazer de qualidade para salvar uma entidade que parece deslocada e sem função no atual governo não só é um erro colossal como um desvio de caráter perigoso e decepcionante de um governo que prometeu restaurar e recuperar o que foi devastado pelo mundo podre bolsonaro.
A iniciativa de Marcelo Freixo conseguiu unir o que parecia impossível - artistas de direita e esquerda em tempos polarizados. Uma série de manifestações ocorreu nesta semana contra a transferência dos recursos, o que levou o governo e Freixo a moderarem seus discursos.
Uma estimativa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) diz que o repasse das verbas pode causar o fechamento de unidades do Sesc e Senac em mais de 100 municípios. Centrais sindicais e confederações de trabalhadores se manifestaram contra a mudança.
A mobilização contra a transferência de recursos tem como principal pilar Danilo Miranda, diretor do Sesc-SP e um dos gestores culturais mais premiados do Brasil. "É um princípio que, se mantido, pode trazer consequências graves para operação do Sesc e do Senac em todo o país."
Segundo ele, recursos recolhidos para estas entidades têm uma destinação no atendimento às trabalhadoras e trabalhadores do setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e claro, à comunidade em geral.
"Além disso, esse atendimento é parte de um conjunto de direitos que lhe são Assegurados por uma ação integral, um acordo entre o empresariado do setor e o Governo Federal que visa o bem-estar dos beneficiários, ao proporcionar acesso aos ambientes e programas que lhes oferecem qualidade de vida e a oportunidade para o exercício pleno da cidadania", reitera Miranda.
Ninguém duvida da importância dos serviços inestimáveis que os Sescs e Senacs prestam em todos os sentidos, algo que até Freixo reconhece.
Desidratar um sistema que funciona de forma excelente para turbinar uma área sucateada e que nunca teve a atenção merecida e necessária não é a forma mais inteligente de se lidar com carências e sucateamentos.
Campeão em má aplicação de recursos desperdício diversos, em todos os campos, o Brasil precisa parar de atentar contra o próprio futuro, e justamente em um governo que pretende ser conhecido como progressista. A noção de que o dinheiro do Sistema S é "privado" é de uma burrice hedionda e não pode prosperar.
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