No mais longo dos dias da República, nunca estivemos tão perto da barbárie. E, no final, a trilha sonora mais adequada era a canção mais adequada era "Inútil", da banda paulistana Ultraje a Rigor, coincidentemente liderada por um músico conservador e bolsonarista.
Da perspectiva histórica, há um perigo em satirizar os eventos de 8 de Janeiro: muitos tratam o terrorismo travestido de vandalismo como um "happening" promovido por imbecis que não passavam de aspirantes a fascistas.
A palavras do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes não deixam dúvidas: mesmo sem coordenação, planejamento e de forma atabalhoada, houve uma séria tentativa de golpe de estado estimulado pela extrema-direita.
Estivemos próximos do perigo, muito mais do que gostamos de admitir. Um ano depois de vandalismo das sedes dos três poderes da república brasileira, ainda paira a sensação de que corremos perigo.
Aparentemente desarticulado, o bolsonarismo continua à espreita, principalmente no Congresso Nacional. A aprovação do nefasto marco temporal das terras indígenas, e a posterior derrubada do veto presidencial, é o maior dos lembretes: os vampiros podem atacar a qualquer momento.
O 8 de Janeiro é um dos momentos mais importantes e trágicos dos 524 anos de nação brasileira: a maior ameaça, inacreditável e concreta, à democracia.
Foi pior do que um filme de terror: zumbis circulando em busca de cérebros na praça dos Três Poderes, quebrando e emporcalhando tudo, em busca de destruição. Só faltou uma trilha sonora alucinante de Rob Zombie, Marilyn Manson ou Ministry...
Atrapalhados, abestalhados ou lunáticos, os zumbis bolsonaristas não se intimidaram com as milhares de prisões e as primeiras condenações por terrorismo e vandalismo.
Continuam empesteando as nossas vidas e ameaçando a democracia, clamando aos céus e aos militares por salvação das "injustiças" a que estão sendo submetidos -e, é claro, protestando contra o "domínio" do governo pelos "comunistas" Um filme dos comediantes ingleses do Monty Python jamais conseguiria captar fielmente todo o nonsense e a insanidade que dominou o país naquele 8 de janeiro.
O flerte com o abismo foi quase fatal, mas sobrevivemos ao desastre. Para celebrar, só mesmo uvindo "Raining Blood", do Slayer, com toda a sua violência para afastar os zumbis.
Que jamais esqueçamos: a democracia e a liberdade são importante demais para deixar que um bando de celerados analfabetos e hidrófobos as sequestrem de nós.
Mas não nos enganemos: eles voltarão, instigados e fustigados por gente da pior espécie. E mais uma vez vamos neutraliz[a-los, e ao som de "Fogo nos Fascistas", em adaptação livre de "Fogo nos Racistas", da banda mineira Black Pantera.
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