quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Música instrumental: a volta do bailão do Bixiga 70

Não existe nada parecido na música brasileira deste século. Naipe de metais em brasa relembrando os grandes bailes dos anos 70 misturado com guitarras suingadas e levadas progressivas de baio e teclados. O Bixiga 70 é realmente muito diferente - e muito bom.

Música instrumental de qualidade, o hoje septeto oferece uma intensa e vigorosa base calcada no jazz e na MPB que vira samba em muitos momentos em "Vapor", o novo trabalho lançado neste comecinho de ano e que será a base do espetáculo que ocorre neste 26 de janeiro no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

Será uma única apresentação para o lançamento de “Vapor”. A banda traz novidades para estreia: além de composições atuais, a chegada de quatro novos integrantes que carregam diferentes referências musicais, ampliando assim, a mistura de gêneros que compõem o som da banda; 

A característica é a pesquisa de elementos das músicas brasileira, latina e africana sem esquecer de referências importantes. ligadas ao bairro do Bixiga (Bela Vista, no centro de São Paulo), local onde a banda nasceu e o qual ainda aguça a imaginação dos músicos. 

Desde a sua formação, em 2010, a banda instrumental paulistana já se apresentou nos cinco continentes participando dos principais festivais do Brasil e do Mundo. 

Para o lançamento a big band reúne Cuca Ferreira, sax barítono, Douglas Antunes, trombone, Daniel Nogueira, sax tenor, Daniel Verano, trompete, Marcelo Dworecki, baixo, Pedro Regada tecladista e Cris Scabello, guitarra. 

A banda conta ainda com a forte presença das percussionistas Amanda Teles, Simone Sou e Valentina Facury. Segundo o saxofonista Nogueira, “foram meses tocando com esses músicos para chegarmos aonde chegamos.'Vapor' não é uma volta da banda, mas um renascimento”. 

No repertório estarão "Malungu", "Na Quarta-Feira", "Parajú", "Marginal Elevado Radial", "Baile Flutuante", "Mar Virado", "Loa Lua", todas do disco “Vapor”.

Por muitos motivos, o show e o disco novo marcam, um renascimento do Bixiga 70 em vários sentidos. “É como se pudéssemos ver a luz novamente”, diz o saxofonista barítono Cuca Ferreira em delcaração coletada pelo jornal inglês The Guardian.

Ele está falando não apenas da pandemia de covid-19, mas do fim de “quatro anos de extrema governo de direita com um projeto para destruir aspectos da identidade brasileira, da Amazônia à nossa”.

A banda tocou na posse presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023, e surpreendeu muita gente com a potência sonora de seu afro-funk movido  metais pesados e um senso rítmico extraordinário.

 e criou este quinto álbum no Bixiga, em São Paulo. A sua reputação assenta numa década de variações do Afrofunk – a sombra de Fela Kuti é longa – e performances ao vivo emocionantes. Capturar a energia do palco no estúdio tem se mostrado difícil, mas seu último álbum, Quebra Cabeça, de 2018, foi um vencedor.

Há uma mudança para um som mais suave e melódico, como escreveu o jornal inglês, mas a essência sonora da "big band" está intacta, que é a mistura calibrada de gêneros e ritmos. Ninguém fica indiferente, como pode-se notar em "Malungu" e mar Virado".

A faixa de encerramento "Loa Lua" ainda é mais lenta e amais experimental, com elementos eletrônicos, fechando ma costura requintada de influências brasileiras e mundiais. Os ingleses encontraram uma expressão muita para descrever o som do Bixiga 7o "infecciosamente exuberante

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