sábado, 20 de janeiro de 2024

Com a morte de Greg Wilson, dos Blus Etílicos, some parte gigante do blues nacional

Ninguém entendia o lues com a alma brasileira como aquele guitarrista taciturno e detalhista. A definição do norte-americano Greg Wilson é do companheiro de uma longa jornada de 38 anos. O gaitista Flavio Guimarães nunca escondeu o orgulho de dividir o palco com o amigo blueseiro que ajudou a definir o som da instituição Blues Etílicos.

Wilson, um estilista da guitarra que ajudou a impulsionar o blues brasileiro, morreu neste sábado, 20 de janeiro, em consequência de um câncer, no Rio de Janeiro. Norte-americano de nascença, brasileiro de alma e coração, era unanimidade quando o assunto eras no Brasil. Professor ou mestre, escolha o apelido mais usado- qualquer um dos dois lhe caía muito bem.

Em uma antiga entrevista ao Combate Rock, Guimarães creditava à guitarra e aos vocais poderosos e rouco de Wilson, em parte, o sucesso que os Blues Etílicos conseguiram - a banda de blues mais longeva do Brasil e a mais antiga em atividade.

'É um privilégio ter um cara como ele na banda, com o blues no sangue e ser bilíngue, capaz de cantar com a mesma eficiência em inglês e português com  mesma eficiência", elogiou o gaitista.

Filho de um casal de missionários do interior do Estados Unidos, veio ainda criança para o Rio Grande do Sul, mas nunca perdeu as raízes americanas, 

Até chegar ao Rio de Janeiro, ainda jovem e músico nato, passou anos em viagens de à terra natal, com direito a um bacharelado em música na Universidade do Arkansas. Foi nesse período que percebeu que seu destino estava atrelado aos trópicos e ao grupo de amigos cariocas.

Educado e reservado, sempre deixou claro que não gostava de ser chamado de gringo - com toda a razão, já que falava português sem sotaque e era mais carioca do que a maioria dos cariocas.

Tinha o respeito da comunidade musical do Rio, sendo reverenciado pelo contemporâneo Celso Blues Boy, que já morreu, e o discípulos guitarristas Mauricio Sahady e Cris Crochemore, para não dizer de Otávio Rocha, parceiro de guitarra no Blues Etílicos.

Qualquer elogio u superlativo é insuficiente para descrever a sua importância para o blues nacional. Era uma de suas essências, ao lado de feras como Nuno Mindelis e André Christóvam. Flávio Guimarães não exagerou quando o considerava como o pilar da banda que ajudou a criar em 1986.

Sua ética espartana e seu amor pela guitarra o fizeram tocar incessantemente mesmo debilitado pela doença e pelo seu tratamento. Esteve nos palcos até dezembro último, desfilando elegância e puro feeling. o Blues morreu bastante no Brasil neste começo de 2024.

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