Ninguém está a salvo, muito menos imune, quando se engaja. Dependendo do caso, a artilharia vem todos os lados, e até mais forte do lado "amigo".
O maior exemplo está no Brasil: petistas e bolsonaristas estrelaram embates quase sempre nada edificantes nos últimos quatro anos´, jogando no esgoto o debate político - em que pese o empenho ensandecido por conta dos extremistas de direita para depredar qualquer resquício de bom senso e inteligência.
Com a guerra insana e absolutamente genocida na Faixa de Gaza, na Palestina, os canhões, no mundo das artes, se voltaram, de novo, para banda israelense de heavy metal Orphaned Land, uma voz quase solitária em prol da paz e da convivência pacífica com os vizinhos palestino e árabes em geral.
Os israelenses, que mantêm uma parceria artística e humanitária com a banda de rock palestina Khalas - as duas ganharam prêmios iuerranternacionais pelo trabalho conjunto -, sempre foram contestados em seu país pela "heresia" em se aliar aos "inimigos" contra o "direito de existência de Israel>"
"Há uma confusão deliberada e oportunista nestas acusações", disse o vocalista Kobi Farhi em conversa com este jornalista dez anos atrás, após um show da banda em São Bernardo do Campo (ABC paulista. "Em Israel todo crítico à guerra 'permanente' contratos árabes é visto como traidor ou inimigo a pátria. Lutar pela paz não significa compactuar om inimigo. Significa lutar pela paz. Ponto."
Portanto, o posicionamento politico de Farhi e da banda não os tornam "populares" em Israel e torna a sua vida um pouco "incômoda", para usar de um eufemismo suave.
Por outro lado, setores árabes mais radicais sempre criticaram a Orphaned Land por um suposto "oportunismo" quando fala de paz e atua junto com o Khalas em diversas causas - cobram um posicionalent mais direto, firme e contundente contra o "Estado de Israel e o sionismo", exigindo que a banda considere o Estado judeu como "criminoso e terrorista".
Esse discurso insufla o ódio contra a banda israelense nas hostes muçulmanas e acabou contaminando ambientes políticos europeus, notadamente os de esquerda, qu resolveram imputar a pecha dde "oportunista e hipócrita" à Orphaned Land na atual guerra entre Israel e os palestinos do grupo extremista islâmico Hamas.
A reação desproporcional dos israelenses aos atentados de 7 de outubro praticados pelo Hamas, com ataques sistemáticos e letais contra civis, distorce qualquer possibilidade de diálogo e torna qualquer defesa de pontos de vista divergentes em discursos de ódio. E todas as miras estão voltadas para a Orphaned Land, que deve tocar no Brasil em abril.
Kobi Farhi tenta se defender em vários debates nas redes sociais em em artigos para sites diversos, mas continua sendo metralhado. Oportunista e hipócrita são os xingamentos mais suaves.
A maioria dos críticos parece ignorar que Farhi e seus companheiros vivem a maior parte do tempo em Israel e que, apesar de ser uma democracia ao estilo ocidental, o Estado israelense, seja qual for o governo, age de forma repressiva e opressiva contra os árabes palestinos e demais vizinhos, em estado de total beligerância o tempo todo.
Os políticos não admitem nenhuma solução local que ão seja a total predominância dos judeus na palestina e em territórios vizinhos ocupados. Inacreditavelmente, protestam quando os adversários proclamam que querem a extinção de Israel. O que esperavam?
Como Farhi contou ao Combate Rock, qualquer um que critique as políticas israelenses de confronto r opressão total aos palestinos é visto como traidor e "apoiador do inimigo".
É uma postura corajosa, mas perigosa, visto que direita e esquerda, em Israel, têm semelhanças demais no trato os árabes. ou seja, a maioria dos eleitores que votam em Israel apoiam, em maior ou menor grau, os "combates" contra os palestinos.
Portanto, obrigados a viver em Israel na maior pate do tempo, os integrantes da banda correm sérios riscos de todos os tipos quando se manifestam a favor de uma paz incondicional e de uma convivência harmoniosa com os "irmãos palestinos". Corem, inclusive, isco de represálias legais.
Faz sentido porta to, que Farhi tenha redobrado os cuidados com seus discursos e entrevistas, tendo optado por não ser tão contundente ao condenar a violentíssima represália israelense contra Gaza, vitimando um número inimaginável de civis - mais de 20 mil mortos, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), enquanto que os mortos israelenses até agora são 1,5 mil, entre vivis e militares.
E os críticos europeus à Orphaned Land, de forma oportunista e hipócrita, parecem convenientemente ignorar o passado de ativismo e engajamento pela paz e pelo fim de todos o atentado e das políticas opressivas contra os palestinos.
Mais ainda: parecem ignorar, de forma proposital, a postura quase solitária da Orphaned Land em prol da paz, Praticamente ninguém mais mostrou a mesma coragem que os integrantes da banda em abraçar a causa, por mais perigosa que seja, principalmente em tempos de guerra.
Quem mais, om o mesmo prestígio e prominência da Orphaned Land, bradou ou brada contra o genocídio palestino, no meio artístico e cultural de Israel?
A política repressiva e opressiva contra os palestinos por parte do Estado israelense é um atentado aos direito humanos. É asquerosa, e praticada por governos de esquerda e de direita. Patrocinam a invasão deliberada de colonos judeus que criam assentamentos ilegais na Cisjordânia, ignorando protestos e resoluções condenatórias da ONU.
O poderio militar israelense, bancado pelos Estado Unidos e países europeus, é imensamente desproporcional, o que transforma confrontos em verdadeiros massacres.
Nos últimos 30 anos, Gaza se tornou uma imensa favela com 2,5 milhões de habitantes enclausurados em 385 km², uma área do tamanho da cidade de São Bernardo do Campo, que tem 800 mil habitantes.
É um gueto cercado e murado por todos os lados, sendo que todos os acessos são controlados por Israel. Comida, água, remédios e qualquer equipamento de direitos humanos ou sanitários depende da autorização de Israel para entrar, assim como a livre circulação pelas fronteiras.
A postura do Egito, que faz fronteira ao sul de Gaza, não colabora, alegando que a rigidez no acesso é para "evitar a entrada de armas para os terroristas do Hamas".
Ou seja, os palestinos estão sendo asfixiados e dizimados deliberadamente e os olhares internacionais. Se não morrem trucidados pelas bombas morrem em consequência da fome e do inferno sanitário.
O Hamas, que governa Gaza e é inimigo da Autoridade Palestina, é uma organização totalitária, fundamentalista e que pratica o terrorismo. O que fez em 7 de outubro contra civis israelenses é terrorismo e inaceitável,
Entretanto, a reação absurda e genocida de Israel legitimou o terrorismo pra boa parte da opinião pública mundial. Conseguiu o seu objetivo principal propagandístico às custas das crianças palestinas assassinadas. É um preço altíssimo pago por Israel.
Acusar o Orphaned Land de oportunismo e hipocrisia quando são praticamente os únicos a levantar a voz contra a guerra e as posturas políticas condenáveis de Israel soa mais do que perverso e injusto. Soa desumano.
Show no Brasil
Fundado em 1991, o Orphaned Land é considerado pioneiro na mistura de heavy metal com influências da musicalidade do Oriente Médio.
A formação atual conta com dois membros originais, o vocalista Kobi Farhi e o baixista Uri Zelcha. Completam o time o baterista Matan Shmuely e os guitarristas Idan Amsalem e Chen Balbus – este último também responsável pelos teclados e mais uma série de instrumentos complementares..
O álbum de estúdio mais recente é “Unsung Prophets & Dead Messiahs”, lançado em 2018. Três anos mais tarde, foi disponibilizado no formato digital The Peace Series Vol. 1, parceria com a banda palestina Khalas.
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