segunda-feira, 6 de novembro de 2023

'Angels Cry', do Angra, consolidou a credibilidade do metal nacional há 30 aos



A sequência infernal de grandes discos do Sepultura no mercado internacional naqueles difíceis e intensos anos 90 não tinha sido suficiente para abrir os olhos do mundo para a efervescente cena brasileira. seriam os mineiros um caso de raio único em uma terra até então esquecida pelos deuses do rock.

O Viper tinha tido alguma repercussão com seus dois álbuns na década anterior, que foram be no Japão, mas a saída do vocalista Andre Matos retardou o avanço projetado; e a noticia de que Dr. Sin tinha assinado contrato com a Warner ainda não tinha repercutido o suficiente. Seria uma terra de uma banda só no heavy metal?

Coube a um bando de moleques paulistanos mudar esse quadro há 30 anos e jogar holofotes ao que se fazia aqui no Hemisfério Sul sb a então pretensa liderança de um cantor já experiente (mas não muito), mas com um nome forte no exterior, principalmente no Oriente - o já citado Andre Matos.

Ainda hoje é motivo de discussão o que fez do Angra chamar a atenção para o Brasil coo uma terra metaleira que ia além do Sepultura, mas foi com "Angels Cry", sua estreia fonográfica, que o quinteto nacional rompeu bolhas e definitivamente mostrou que o rock brasileiro era internacional.

A mistura de power metal revelou-se inspirada e na dose certa, no momento certo em que o formato baseado no speed mais melódico, que explodiu com os alemães do Accept e do Helloween na década anterior, voltava com mais força, transforando o Angra em um "precursor" desta retomada.

Com canções be construídas e um vigor/frescor havia muito perdido, "Angels Cry" sinalizava que havia vida no metal depois qu o grunge quase varreu tudo a partir do sucesso do Nirvana.

"Carry On", o carro-chefe, é uma canção poderosa capaz de mover montanhas, como tinha ocorrido com "Eagle Fly Free", do Helloween, sete anos antes - o guitarrista e fundador Rafael Bittencourt até admite alguma semelhança entre as duas canções.

Entretanto, o álbum do Angra apresentava algumas coisas a mais que logo foram percebidas por um púbico de metal órfão de grandiosidade, de velocidade e de peso, coisas que haviam de sobra em "Angels Cry".

Já que o Helloween da época enveredava pelo hard rock na época - período confuso que envolvia a transição da saída do vocalista Michael Kiske para a entrada de Andi Deris -, era o momento de aproveitar uma espécie de vácuo e recuperar a sonoridade que o Gamma Ray, do guitarrista Kai Hansen (ex-Helloween) parecia não ser capaz de recuperar sozinho.

Com "Carry On" e sua velocidade contagiante e refrão matador, o Angra despontava como uma novidade nem tão nova, mas com força, jovialidade e empolgação suficientes para chamar a atenção em um mercado fossilizado e quase imobilizado, incluindo elementos de metal tradicional e música erudita sem afetação, mas com um pouco de pretensão.

A música explodiu no Japão e depois conquistou a Europa Ocidental, preparando o terreno para que o álbum arrebatasse França, Alemanha e Bélgica.

Mal "Carry On" tinha tomado o terreno, veio "Time", uma música ainda melhor e mais representativa, reunindo tudo o que de melhor o Angra podia oferecer - eloquência, virtuosismo e uma saraivada de referências musicais, além de extremo bom gosto.

Muitos não acreditavam que uma banda de garoto pudesse fazer uma estreia em álbum tão poderosa e logo vieram as comparações, em relação a essa mesma estreia, com os americanos do Dream Theater, que mergulhavam fundo no prog metal com "Awake" e "Images and Words".

'A faixa-título é um épico do metal nacional, com suas variações melódicas e riffs ótimos, pesados e incisivos, lastreados por uma performance visceral de Andre Matos. algo que se repetiria ótima "Evil Warning".

E ainda tinha as excelentes "Never Understanding" e "Street of Tomorrow", clássicos imediatos do power metal e qu serviriam de guias para a avalanche de som pesado e veloz que viria da Europa, com bandas como Stratovarius, Sonata Arctica, Edguy, Hammerfall, Primal Fear, Iron Savior e mais uma tonelada de grupos do subestilo.

Se o Sepultura e o Viper arrombaram os portões e colocaram o metal brasileiro no mapa internacional, foi o angra, há 30 anos, que consolidação essa dominação, digamos assim, e mostrou a riqueza sonora e pesada que o rock brasileiro poderia proporcionar.

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