segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Eventual 'volta' do Rush é perigosa e não é uma boa ideia

 Quem será o "novo" baterista do Rush? O assunto dominou o noticiário do rock em novembro após entrevistas do baixista e vocalista Geddy Lee dizendo que quer se reunir, em algum momento, com o guitarrista Alex Lifeson em estúdio "para ver se sai alguma coisa". Questionado se poderia ser como Rush, ele respondeu:: "Pode ser. Quem sabe?"

O trio canadense, a maior expressão do rock daquele país, fez seu último show em 2015 - poucos meses depois, o baterista Neil Peart descobriria um câncer no cérebro que o mataria em janeiro de 2020. Lee e Lifeson decretaram oficialmente o fim do Rush. Por que mudaram de ideia agora?

Claro que é legítimo que veteranos tenham a possibilidade de retomar a carreira em bandas icônicas em que são fundadores. Em determinados momentos, pode até fazer sentido, mas será que é o caso?

Rush é tão grande e tão importante que é quase a origem de uma seita, o que, evidentemente, é um complicador para uma eventual "volta". Quem poderia substituir Peart? Quem poderia acrescentar algum molho que não descaracterizasse o som de bateria do mestre morto?

Mas qual a diferença, por exemplo, de bandas como The Who "continuarem" sem Keith Moon/John Entwistle ou AC/DC sem Malcolm Young? Ou mesmo Rolling Stones sem Charlie Watts?

A diferença é a palavra "continuar". As bandas citadas estavam na ativa e tinham compromissos a cumprir, além de, inevitavelmente, usarem a manutenção da banda como forma de "homenagem" ao morto. E no caso de bandas paradas há muito tempo?

Por se tratar de um instrumentista que que frequenta as listas de melhores de todos os tempos, o perigo da volta d Rush é imenso. A pressão seria imensa sobre o escolhido, como foi no caso da volta do Black Sabbath quando do fim do Heaven and Hell após a morte de Dio, em 2010.

Na época, tanto Brad Wilk (no estúdio) quanto Tommy Clufetos (ao vivo) sofreram com as queixas de que o baterista original, Bill Ward, tinha sido injustiçado por ser excluído do retorno. Era óbvio que a polêmica superaria o bom senso, mas enfim...

Geezer Butler, baixista do Black Sabbath, andou resmungando em algumas entrevistas dizendo que a banda "merecia" termais um final além daquele de Birmingham, em 2017. Ele estaria disposto a fazer "alguns shows com o Back Sabbath", por mais que Ozzy Osbourne (vocais) e Tony Iommi (guitarra) não tenham se animado com isso. A linda história do Black Sabbath teve o encerramento que precisava e seu cadáver não precisa ser revisitado.

É o mesmo caso do Rush. É o tipo de banda tão singular e única que qualquer alteração na formação depois de 50 anos pode ser perigosa e, dependendo do ponto de vista, soar como um acinte. Definitivamente, não é uma boa ideia.

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