Marcelo Moreira |
Biff Byfford (esq.) e Fabio Lione no palco do Tokio Marine Hall, em São Paulo (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
Só sei fazer isso da vida, ms desafio alguém que faça melhor. A declaração foi feita com tal tranquilidade que está longe de soar pedante ou arrogante. Paul "Biff" Byfford está à beira de completar 50 anos liderando a banda inglesa Saxon e se tornou uma instituição do heavy metal e está provando isso na atual turnê brasileira.
Aos 72 anos de idade, ele e o quarteto de quase septuagenários deixaram claro que, nos palcos, é difícil encontrar banda que os supere em qualidade e intensidade.
A apresentação do Saxon no Tokio Marine Hall, em São Paulo (SP), em 15 de novembro, foi uma celebração da música em todos os sentidos, agradando a tanta gente de vários espectros musicais. profissional, intenso e com domínio completo de palco, o quinteto fez com competência o que sempre fez e entregou.
Não foi a melhor exibição desde que os ingleses começaram a tocar no Brasil, em 1997. Mas foi a mais legal, e mais tranquila, e mais descontraída. E nas várias entrevistas que concedeu à imprensa brasileira, inclusive ao Combate Rock, ele deixou claro que era ponto de honra fazer o que pudesse para a turnê brasileira fosse a "melhor de todos os tempos".
os shows deveriam ocorrer no primeiro semestre, as todos foram pegos de surpresa com a decisão de Paul Quinn, um dos fundadores, de não mais excursionar pelo mundo. O guitarrista de 71 anos anunciou a sua aposentadoria dos palcos mundiais, e foi substituído nos shows pelo amigo Brian Tatler, da banda Diamond Head.
Intempestiva ou não, a decisão inviabilizou a turnê pela América do Sul e obrigou Biff a gravar um vídeo se desculpado pelo adiamento do shows e prometendo vir ao Hemisfério Sul em novembro. Muitos enxergara sinceridade, e o vocalista cumpriu a promessa.
O toque bluesy de Quinn deu lugar a um heavy mais reto e direto de Tatler, que soou mais pesado em algumas músicas. As diferenças são nítidas, mas nada comprometedoras. É um Saxon um pouquinho diferente, mas com a mesma vontade de sempre de entregar o máximo.
Com um calor insuportável, a banda vestia casacos e jaquetas, sendo que Biff manteve o jaquetão/sobretudo negro que lhe é característico. Não fazia sentido, ams ele nem ligou para tal contrariedade".
Em quase duas horas de show, os clássicos inevitáveis se misturaram com algumas canções novas, do mais recente álbum, "Carpe Diem", de 2022. A mescla deu certo mais uma vez, ainda que parte do público paulistano esperasse/exigisse alguma surpresa.
Houve até uma tentativa, a participação do cantor italiano Fabio Lione, do Angra, em uma versão envenenada de "Ride Like the Wind", do Christopher Cross. música pop que foi transformada pelos ingleses em clássico do hard'n'heavy em 1988, no álbum "Destiny". O dueto deu certo e revelou o poder da voz de Biff, que suplantou a do excelente Lione (ok, vamos descontar os malabarismo técnicos da mesa de som para valorizar o inglês...).
Com muita experiência e inteligência, espalharam as novas canções pelo repertório de forma que combinassem em termos de ritmo e intensidade com os clássicos do passado similares e fizeram com que o show tivesse uma cadência perfeita e espantasse o tédio.
Fi assim com a abertura, que teve a veloz "Carpe Diem" seguida do hino oitentista "Motorcycle Man", assim como, no meio do show, uma pérola do passado, "Heavy Metal Thunder" lastreada em "Sacrifice", do novo disco.
Poucos perceberam os rápidos vocais de Tim "Ripper Owens em "747 (Strangers in the Night)" - o americano ex-Judas priest estava na plateia, em rara fola de uma longa turnê pelo Brasil.
A canção foi uma das preferidas do público, que vibrou ainda com "Wheels of Steel", Denin and Leather', "Princess of the Night", "Dogs of War" e a monumental "Crusader", épico máximo do Saxon, para não falar do brinde nostálgico de "And the Band Played On".
E ainda bem que tocaram a melhor canção de "Carpe Diem", o épico grandioso "The Pilgrimage", do memo calibre de "Conquistador", "Sea of Life" e muitos outros.
Satisfeitas todas as expectativas, é hora de celebrar e reverenciar uma banda que faz questão de dar áximo e entregar muito mais do que a maioria. Uma velha máxima dos anos 60 atribuída a Te Who cai muito bem no Saxon: "Who's Better, Who' the Best" (quem é o melhor, quem é p máximo".
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