terça-feira, 7 de novembro de 2023

Whitesnake, 45 anos: dos escombros do Deep Purple ao estrelato no hard rock

 Dizem que o mais perto do blues que o rock chegou foi por meio de músicas de uma banda inglesa que surgiu dos escombros do Deep Purple. Não era essa a intenção do cantor David Coverdale quando iniciou a sua carreira solo em 1977 um ano depois do fim da icônica banda de hard rock, mas foi a sua sorte: a banda Whitesnake se tornou um gigante do hard rock e do rock europeu lastreada no blues.

Foram três anos intensos, turbulentos e que assaram muito rápido. O inexperiente cantor de blues e soul que conseguiu a tão sonhada vaga na banda máxima do hard rock naqueles tempos ainda era tímido no estúdio e no palco e 1973, mas já era um grande vocalista e líder de banda em 1976. 

Tinha vivido muita coisa no período e aprendera demais a ponto de reunir coragem de sair do Deep Purple, decretando o seu . Não tinha dúvidas de que seu futuro era a carreira solo com sa voz poderosa e bluesy.

O moço era persistente e sabia que teria de começar do zero. Voltou algumas casas, partiu para plateias menores e rapidamente compôs material para dois álbuns solo interessantes: "Whitesnake", em 1977, e "Northwinds", de 1978, onde já esboçava o rock mais pesado que viria a produzir, mas ainda tateava o ovo mundo que decidira trilhar: injetaria mais peso no blues que amava ou seguiria mais pop e acessível, como um cantor de soul.

A solução veio da banda que montou para ser a base de seus show, que contava com dois músicos experientes e criativos, os guitarristas Bernie Marsden e Micky Moody, que formavam a base do recém-criado Whitesnake, que acrescentara o velho companheiro de Dee Purple Jon Lord nos teclados.

Foi a grande escolha de Coverdale que definiu a sua carreira depois do Deep Purple: há 45 anos abraçou o blues rock que se transformou em hard rock na forma de uma banda poderosa e virtuosa, apesar de uma certa instabilidade na formação a partir dos anos 80.

O Whistenale recriou um ambiente mais descontraído e atrativo para fazer uma música mais de qualidade e um rock mais puro em um momento em que o punk rock era a música da moda na Inglaterra e e a disco tomava o mundo a partir dos Estados Unidos.

Curiosamente, em um momento em que a grade banda inglesa era o Queen e os ícones The Who, Led Zeppelin e Black Sabbath estavam claudicantes, eram Whitesnake e Rainbow, este do guitarrista Ritchie Blackmore, de músicos egressos do Deep Purple, que empunhavam a bandeira da tradição do rock pesado baseado no blues. e ainda havia a Ian Gillan Band, outro ex-cantor do Purple, que misturava hard rock com rock progressivo.

Logo apareceria para o mundo a banda californiana Van Halen, com seu guitarrista inovador revolucionando o rock, mas eram Whitesnale e Rainbow injetando adrenalina naquele ano de 1978 mostrando peso e competência em canções fantásticas e se recusando a sair de cena para dar lugar uma série de bandas toscas que apenas queriam destruir tudo e nada construir no lugar - com algumas honrosas exceções punks.

A trajetória do Whitesnake começou totalmente por coma com quatro álbuns pesados e fortes de estúdio e dois ao vivo em apenas dois anos.

"Snakebite", que era um EP, e "Trouble" surgiram ainda em 1978 e surpreendeu pela qualidade do material, Coverdale explicaria que a torrente de criatividade era muito incontrolável para ficar restrita em apenas um álbum.

O EP original tinha quatro músicas e trazia David Coverdale como um compositor seguro e um hábil letrista, principalmente em "Blood Mary" e "Steal Away". Meses depois foi relançado como um álbum com a inclusão de quatro músicas do álbum solo "Northwinds".

Já "Trouble" tinha o baixo de Neil Murray em maior destaque e a entrada de Jon Lord nos teclados. É a verdadeira estreia em album a banda colocava todas as cartas na mesa, com Coverdale assinando oito das dez músicas em parceria com os companheiros, deixando "Belgian's Tom" com créditos únicos para Mick Moody.

"take Me With You" é o grande destaque, com seu refrão pegajoso e um belo trabalho de guitarras. Também são muito boas a faixa-título, "Lie Down" e "The Time Is Right for Love". Era tudo muito blues ainda, mas de muito bom gosto e habilidade.

O peso foi aumentando gradativamente nos discos "Lovehunter" (1979) e "Ready an' Willing", que solidificaram a banda como um dos pilares do considerado "rock de verdade" (em contraposição ao punk, ao rock progressivo e à disco music).

"Walking in the Shadow of the Blues" é a grande canção, uma mistura perfeita de blues pesado e riffs poderosos e hard rock lastreados em uma cama de teclados que se tornou o grande trunfo da canção, uma pérola escrita pelo cantor e pelo guitarrista Bernie Marsden.

"Long Way From Home", de Coverdale, é outra pela poderosa com belo riff de guitarra e um baixo pulsante, enquanto que a faixa-título e "Outlaw" resgatam um clima setentista que evoca o duelo de guitarras que viria se tornar uma das marcas do Whitesnake.

"Ready an' Willing", de 1980, não chega a ser um fecho de uma fase, mas indica que as coisas estavam mudando, com o hard rock predominando, ainda que o blues não fosse ofuscado. 

É a chegada definitiva do sucesso, com o primeiro grande hit da banda, "Fool for Your Loving". As músicas ficam mais acessíveis e as letras, mais diretas e pop, privilegiando o lado romântico. "Ain't Gonna Cry No More" e "Sweet Talker" são os outros bons destaques.

Nos anos seguintes a banda alcançaria u sucesso gigante quase ininterrupto até 1990, quando o mercado começou a ficar hostil ao hard rock de inspiração norte-americana, ao qual o Whitesnake aderiu com gosto a partir de 1987. 

Não houve ostracismo, mas a banda diminuiu o ritmo naquela década até retomar o fôlego nos anos 000. Entretanto, continuava um gigante dentro do hard rock histórico. Nada mal para uma grupo musical ue surgiu dos escombros de outro gigante da música contemporânea.

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