Era para ser o maior supergrupo de todos dentro do rock progressivo, mas o quarteto, na verdade, queria apenas fazer sucesso e ganhar dinheiro sem que tivessem de ralar tanto como já tinham feito nos 15 anos anteriores.
A missão foi cumprida e o Asia fez muito, muito sucesso com disco lançado há 40 anos que enfureceu fãs de rock progressivo - e os transformou em alvos preferidos da crítica. quem disse que eles se importaram?
A ideia partiu de dois ex-membros do Yes, que tinha acabado em 1981. O guitarrista Steve Howe e o tecladista/produtor Geoff Downes queriam continuar a fazer música progressiva, mas mais acessível.
Downes sentira o gosto do sucesso em 1980 com o estrondoso sucesso descartável "Video Killed the Radio Star" ao lado da banda The Buggles, um projeto composto por músicos e estúdio.
Ele ainda estava no Yes, mas o lado produtor aflorou e o hit único daquela encarnação mostrou um caminho interessante para juntar o útil ao agradável.
A implosão do Yes depois do incompreendido disco "Drama", de 1980, escancarou a falta de rumo da banda e os interesses totalmente diferentes de seus integrantes.
O baixista Chris Squire e o baterista Alan White se juntaram a Jimmy Page, que tinha encerrado o Led Zeppelin, para criar uma banda de rock progressivo pesado baseado no blues. Foram várias sessões de estúdio em 1981 até que Page se desinteressasse do XYZ, o nome do projeto.
Demoraria mais um ano até que a dupla encontrasse o guitarrista sul-africano Trevor Rabin para começar o Cinema. O Cinema, por sua viraria Yes com as chegadas de do vocalista Jon Anderson e do tecladista Tony Kaye - demitido da banda em 1971 para dar lugar a Rick Wakeman.
Do outro lado da diáspora, Trevor Horn, vocalista em "Drama", abandonou a carreira para se tornar produtor do próprio Yes e de outras bandas. Steve Howe e Geoff Downes decidiram criar uma superbanda com o objetivo de fazer sucesso.
Asia, a banda, foi completada pelo baterista Carl Palmer (ex-Emerson, lake and Palmer) e John Wetton, baixista e vocalista com passagens por King Crison, Uriah Heep e UK. "Com esse time não tinha como dar errado. Estávamos todos no auge", comentou o tecladista em uma entrevista à revista Classic Rock nos anos 90.
"Asia", o disco de estreia, completou 40 anos de seu lançamento e logo foi apelidado de "poppy prog", em alusão ao que se convencionou chamar de "poppy punk". Era músicas de qualidade, mas acessíveis e com ótimos arranjos, mas sem perder a aura progressiva.
Puxado pelos seus dois principais hits, "Heat of the Moment" e "Only Time You Tell", o álbum disparou nas paradas de sucesso e se tornou líder de vendas em 1982
As duas músicas e mais "Sole Survivor" tocavam incessantemente nas emissoras de rádio de todo o tipo, foram parar em trilhas de novelas e filmes e, principalmente, em comerciais de televisão, notadamente de cigarros.
O objetivo de fazer sucesso rápido e ganhar dinheiro foi atingido, mas de maneira tão fulminante que a banda jamais repetiria a performance, ainda que tenham lançado boas músicas mais tarde.
"Asia", o álbum, é uma aula de boa música e boa performance, mesmo que seja prog demais para ser pop e pop demais para ser prog. Naquele ano de 1982, isso pouco importou.
Wetton nunca cantou tão bem e Howe se mostrou compassivo e modesto ao evitar arroubos de virtuosismo, jogando para o time. Levaram o termo AOR (album oriented rock) ás últimas consequências e causaram inveja às duas principais bandas do estilo, Journey e Foreigner.
O Asia perdeu fôlego ao longo da década de 1980 e teve várias mudanças de formação, mas sempre contando com Downes e Palmer para garantir a perpetuação da banda, que sofria com as idas e vindas de Wetton e Howe. Entre os músicos que passaram pela banda estiveram o guitarrista Pat Thrall e o vocalista, guitarrista e baixista John Payne.
Com a volta de Downes para o Yes em 2011, o Asia praticamente acabou depois de duas turnês bem sucedidas com a formação original entre 2009 e 2010. A morte de John Wetton, em 2017, Howe e Downes sepultaram definitivamente a banda.
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