segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Daniel Fonseca mostra um futuro promissor para a guitarra nacional

A salvação pela guitarra estrondosa, e com uma ajudinha de amigos de peso. Enquanto muita gente quebra a cabeça para encontrar maneiras de provocar um terremoto no rock atraindo os jovens novamente, um garoto paulista de 16 anos aponta alguns caminhos fazendo o rock explodir nos alto-falantes.

A voz ainda é de menino, mas os fraseados que tira de sua Les Paul incandescente são de um instrumentista experimentado e com referências, principalmente Ritchie Blackmore e canções da carreira de Ronnie James Dio.

Daniel Fonseca impressiona pela tranquilidade com que representa o "guitar hero" no palco. Em sua primeira apresentação oficial como artista solo para divulgar o EP "Alienaze", teve um comportamento surpreendente ao lado de gente graúda que integra a sua banda, como o vocalista Leandro Caçoilo (Viper, Caravellus, Hardshine) e o baixista Felipe Andreoli (Angra).

"Eu me senti confiante ao lado dessas feras, que me apoiaram em todos os momentos. É um privilégio trabalhar e aprender com eles", diz o garoto.

No palco da tradicional casa Café Piu Piu, em São Paulo, em uma fria quarta-feira, Fonseca recebeu amigos e uma trupe de interessados e curiosos que lotaram a casa. Concentrado, mas relaxado, desfilou 12 músicas e pouco mis de uma hora e agradou.

É extremamente habilidoso e já demonstra capacidade para a adquirir um timbre próprio na guitarra, algo perseguido por todos os instrumentistas de metal. 

Abusa que alguns clichês, o que é normal pela idade, e chama a atenção pela personalidade com que tocou temas como "Highway Star", do Deep Purple, e "Holy Diver", de Dio. 

Toca com facilidade, o feeling está brotando e tem postura comedida no palco. Sabe que a banda é sua e que a estrela é ele, mas brilha na medida certa. Os pés no chão são uma ordem a ser seguida - foi dada pelo mentor Kiko Loureiro (Megadeth, ex-Angra), que assessora o garoto em sua trajetória atual.

"Kiko é um parceiro inacreditável, sou muito grato pela consultoria e pela ajuda. Não poderia haver situação melhor para quem está começando", comemora o guitarrista.

Nas canções autorais, percebe-se uma certa imaturidade, mas não nervosismo. Algo normal para um adolescente. "Alienaze" é um power metal bem pesado e com qualidades, sendo que o riff principal é ótimo. "Revelation" é um heavy tradicional clássico, onde Fonseca se da melhor nos solos e na condução da melodia.

Em "New Reality" consegue dar brilho a uma composição comum, quase clichê do gênero, em uma execução rápida e primorosa. "Fade Away" é mais do mesmo , sem grande destaque, talvez uma introdução boa para a melhor canção do EP e que encerrou o show, "Not Forsaken", uma quase balada que faria padrinhos e inspirações aprovarem o começo de carreira.

Com toda a assessoria e o suporte, o começo de Daniel Fonseca, aos 16 anos, é promissor e esfuziante. Mostra repertório e qualidades, sem cair na armadilha da autossuficiência. Tem consciência de que é privilegiado por avançar em na largada e que já impressiona quem o ouve.

"A resposta tem sido acima do esperado em relação ao EP", celebra o guitarrista. "Com a recuperação do mercado e o aumento das oportunidades para tocar terei chance de expandir as minhas oportunidades e já sonho com uma turnê."

Os mais otimistas veem no surgimento de Fonseca indícios de que o rock possa estar na lista de interesses de uma plateia mais jovem a partir de agora, o que soa um pouco prematuro diante de um quadro ainda pouco auspicioso.

Daniel Fonseca é uma exceção entre jovens da atualidade. Seu interesse pelo rock e genuíno e ele estuda muito o seu instrumento e música em geral. Tem claros em sua mente os seus objetivos e seu gosto musical apresenta alto grau de maturidade. 

"Acredito que o caminho ainda é longo para que o rock volte a captar o interesse dos mais jovens. Meus amigos gostam de outros gêneros musicais, mas sem comprometimento. Eu percebo que a música não tem a importância que tem para mim. É uma relação diferente e quero estimular o prazer de ouvir música e rock nas pessoas. Não pode ser só uma coisa de nicho, de grupo específico ou de pessoas mais velhas", finaliza o garoto.

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