Criminalização de pesquisas eleitorais e de certos tipos de propaganda, perseguição sistemática a jornalistas, ataques físicos a equipes de TV, intimidações que forçam jornalistas, cientistas e políticos a optarem pelo exílio diante das ameaças.
A podridão do mundo bolsolixo é surpreendente porque empreende a cada semana uma nova modalidade de violência física e institucional, que está cada vez mais presente diante do endosso de parcela expressiva da população.
Ao menos metade dos eleitores deste país infeliz é fascista e flerta com o autoritarismo, a julgar pelos resultados nojentos do primeiro turno das eleições gerais. É muita gente e empalidece (inviabiliza?) definitivamente o futuro político de nossa sociedade.
No desespero de ver o presidente fascista reeleito, artistas partem para o tudo ou nada mergulhando nas mentiras e na disseminação deliberada de fake news, apelando ao mesmo tempo para "orações" para que o "mal vermelho e barbudo" seja derrotado e clamando por uma teocracia evangélica corrupta no poder - como se isso já não estivesse ocorrendo.
Entre esses artistas idiotas estão músicos - muitos deles roqueiros - admitindo abertamente a volta da censura para "calar" os adversários da pátria, da família miliciana e do deus asqueroso que brota da boca dessa gente nefasta.
Artista que aceita a censura atira contra a própria cabeça, já que mais cedo ou mais tarde será vítima da própria censura que as forças do atraso querem disseminar. É mais do que burrice e ignorância - é uma tremenda deformação de caráter.
Esse mesmo roqueiro mau caráter que apoia o nefasto Jair Bolsonaro aplaude a violência bolsonarista contra os adversários, o ódio e o preconceito contra as formas de vida que "não se encaixam no ideal de vida preconizado pela extrema-direita".
São os mesmos que vibram com as agressões a jornalistas e equipes de TV e com as manifestações calhordas de vagabundos que pedem censura, ditadura militar, fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal).
São pessoas que não têm medo de passar vergonha em público ao se desfazer de obra de artistas "ativistas e engajados". Se a burrice apenas parasse nesse boicote ridículo nada aconteceria a não ser gargalhadas.
No entanto, produzem estragos ao afirmarem representar "parcela expressiva" da classe artística, como se fossem muitos os que deliberadamente defendem o suicídio profissional coletivo ao defender censura e medidas autoritárias em todos os campos, inviabilizando até mesmo a continuação da democracia.
As cadeias do tempo da ditadura militar estiveram cheias de "arautos do conservadorismo" arrependidos de endossarem a truculência fardada repleta de ignorância e de facínoras ávidos por depredação, destruição e morte.
O fascismo bolsonarista representa o que há de pior no ser humano, e isso ficou mais do que evidente nas manifestações racistas contra nordestinos - qualquer um - or conta da votação expressiva de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) naquela região.
O mundo bolsolixo descortinou de uma forma nunca antes vista a desumanidade do brasileiro ignorante e preconceituoso, que nunca passou de um oportunista carniceiro e desalmado.
É o típico cidadão que vota no político que acochambra, sonega (e ajuda a sonegar) e que escolhe candidato pelo potencial de corrupção em todos os sentidos.
Que pisa em pobre e não se importa com a desigualdade social - ainda que seja vítima em potencial dos mecanismos da desigualdade. Que não não se importa com a fome crescente no país e que nunca deu bola para a sobrevivência da democracia.
Depois do golpe parlamentar e institucional contra a presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 e a escolha por incapaz/incompetente que depredou o país e que fez a opção pela destruição e pelo desastre, o Brasil terá de conviver perpetuamente com a ameaça autoritária fascista.
Será uma batalha diária contra as ameaças á democracia, de censura e de proliferação do ódio sanguinário onde uma simples conversa de bar termina em morte.
Ainda que Lula vença o bolsonarismo nojento, a luta contra a parcela da população desprovida de caráter será constante, pois o ódio e a disseminação de mentiras e fake news se tornou um padrão de comportamento para essa mesma população desprovida de caráter.
Esse padrão está sendo reproduzido de forma contagiosa dentro do mundo do rock, onde muita gente perdeu o pudor de se revelar amante do fascismo ao destilar ódio, preconceito, xenofobia e desprezo pela vida alheia e pela democracia.
E não são só os mesmos de sempre, como aquele cantor e guitarrista inútil que se contenta em servir de apoio para um suposto comediante/apresentador de talk show sem graça e que se orgulha de ser ignorante e de espalhar ignorância.
E não são só os mesmos de sempre, como aquele guitarrista que virou vocalista de banda decadente que vomita contra a esquerda sem um pingo de informação e que se orgulha de ser ignorante ao apoioar um presidente que flerta forte com o fascismo.
E não são só os mesmos de sempre, como aquela horda de punks burros que não entenderam nada sobre o próprio movimento e se aconchegam a movimentos fascistas de todos os tipos.
Ou aquele blueseiro que outrora foi referência aqui e no exterior que jogou a biografia no lixo e enterrou toda a história de luta de um gênero musical ao abraçar a extrema-direita com gosto (com a simpatia de mais alguns outros blueseiros que ainda estão envergonhados).
Vemos esse tipo de aberração ao nosso lado, ali no palco, ou na entrevista lamentável a podcasts igualmente lamentáveis, que disseminam todo o tipo de excremento, que vão da negação da pandemia à apologia do nazismo.
E ainda temos de aguentar ídolos martelando incessantemente que rock e política não devem se misturar e até que é bobagem esse "negócio de que roqueiro não pode ser direita".
Para esses tipos, é normal o "roqueiro ser de direita, votar em fascista e aplaudir a erosão de direitos humanos e d meio ambiente".
Também é normal para o "roqueiro de direita" dizer que a mulher é culpada por ser estuprada, que criança grávida tem culpa pelo seu "infortúnio" e que jornalistas, intelectuais e cientistas de oposição merecem ser agredidos, mortos ou serem empurrados para o exílio.
A defenestração de Bolsonaro do poder será um alento e dará uma pequena perspectiva de melhora para um país dizimado por políticas predatórias em todas as áreas.
Entretanto, será um grave equívoco acreditar que as forças do atraso se contentarão em ficar de fora. Teremos de aturar essa gentalha para sempre e combatê-la diariamente para neutraliza-la - e se conformar que metade do Brasil prefere viver na Idade Média.
O quadro não é dos melhores, mas sempre podemos recorrer a Chico Buarque em momento de trevas: "Apesar de você amanhã há de ser outro dia..."
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