A banda sueca Blues Pills estreou no Brasil em show único no Carioca Club, em São Paulo, e decidiu que era hora de cravar seu nome na extensa lista de grandes shows que nos encantam e nos permitem seguir em frente.
Em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros, os integrantes tiveram cautela e admitiram que não sabiam bem o que enfrentariam ao sul do Equador. havia receio? Talvez, mas também uma ansiedade para desbravar um mundo novo.
Ainda impactados por um show ótimo em Santiago, no Chile, encontraram em São Paulo o melhor dos mundos. Elin Larsson, a cantora, teve postura de atleta e conseguiu entreter de forma magnífica o bom público que esteve no Carioca Club. A recompensa foi imensa, com uma troca de energia que os pegou de frente e de forma indelével.
Se a moça estava sendo sincera ao dizer que era o público mais contagiante que tinha enfrentando, mesmo depois de tocar nos maiores festivais europeus, não dá para constatar, mas que ela se divertiu bastante não há dúvida.
E, de forma temerária, se jogou na pista durante um solo de guitarra do ótimo Zack Andersson e foi recebida como o que ela, involuntariamente, demonstrou ser: uma diva escarlate com voz potente e que com um carisma que catalisa emoções de multidões.
Se havia dúvida a espeito do que encontrar em São Paulo, o quarteto logo percebeu que seria uma noite muito legal nas primeiras notas de "Proud Woman", o carro-chefe do último disco, "Holy Molly". A plateia cantou junto o hino feminista e banda pareceu sentir o impacto - o jogo estava no começo, mas ganho.
O trio instrumental é preciso e técnico, com uma concentração absurda, e por isso fica estático, deixando para a "pantera de vermelho" chacoalhar tudo com uma performance atlética. Deu vida a rocks potentes como "Low Road" e "Kissing My Past" e jogou ans alturas o blues pesado "Astralplane", uma canção arrebatadora.
Nos hits Larsson se esgoelou e mostrou uma voz potente e extraordinária - "High Class Woman" e no belo encerramento, a destruidora "Devil Man", clássicos instantâneos que levantam pistas de todos os tipos. Mas foi com "Lady in Gold" que o ápice foi atingido, uma pancada psicodélica que ficou bem mais pesada ao vivo.
Essa é, aliás, uma característica do Blues Pills: em estúdio, é uma banda de rock and roll vintage, psicodélica e cheia de alternativas. Ao vivo, tudo ganha mas peso e psicodelismo bluesy vira um hard rock energético e contagiante.
Amoldando a voz ás camadas sonoras que a forte base instrumental lhe oferecer, Elin Larsson desliza com destreza e completo domínio do palco. Brilhou intensamente na bluesy "No Hope Left For Me", onde esbanjou técnica e feeling, e imprimiu raiva na ruidosa "Little Boy Preacher".
Na parte final da apresentação, maia duas pérolas que coroaram uma performance impecável: "Dust" e "Song for a Mourning Dove", logo emendada na pesada e intensa "Little Sun". Teve espaço até mesmo para a popzinha "Bye Bye, Birdie", com seu refrão grudento e riffs espalhafatosos, mas simples.
Caminho trilhado e vencido, é hora de programar uma turnê maior pela América Latina. Foram só dois shows na América do Sul e dois no México, com saldo altamente positivo. Blues Pills reafirmou porque é uma das melhores bandas de rock da atualidade e requisitadíssima na Europa.
Antevendo o que viria a ocorrer no dia seguinte, a "dama de vermelho" conquistou mentes e corações, abrindo o horizonte para uma derrota necessária do fascismo tropical. Precisamos urgentemente de um novo show de Blues Pills por aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário