Flavio Leonel - do site Roque Reverso
A banda norte-americana Prong fez um show repleto de energia e peso na cidade de São Paulo na quarta-feira, 12 de outubro. Após três décadas de espera pela vinda do grupo de groove metal de Nova York ao Brasil, os fãs que estiveram na pequena casa Fabrique Club, no bairro da Barra Funda, foram presentados com uma apresentação que teve como destaque a guitarra poderosa de Tommy Victor, vocalista, líder do grupo e único membro remanescente da formação clássica que encantou o mundo do heavy metal na virada dos Anos 1980 para os Anos 1990.
Com um set list que mesclou músicas dos álbuns mais importantes da carreira, o Prong conseguiu satisfazer uma plateia que, após anos de espera, até já havia perdido a esperança de ver o grupo no Brasil.
A abertura do show do Prong em São Paulo ficou com a boa banda brasileira Válvera, que conseguiu esquentar o público com um thrash metal de respeito.
Com uma divulgação um pouco aquém da merecida pelo Prong e com o feriado de 12 de outubro marcado por outras atrações internacionais se apresentando na capital paulista, como a do ex-vocalista do Accept Udo Dirkschneider, no Carioca Club, o público presente no Fabrique Club ficou bem abaixo do imaginado para um grupo com a história dos comandados por Tommy Victor.
O fato de a banda também passar por períodos de menor exposição no Brasil desde que atingiu seu ápice na cena de heavy metal durante os Anos 1990 e a própria ausência do grupo em território nacional em relação a outras bandas mais frequentes acabaram fazendo com que o público presente em São Paulo fosse formado em sua maioria por veteranos que passaram a gostar da banda no final do século passado.
Esse público pequeno público presente no Fabrique Club pode ser classificado, no entanto, como privilegiado, por ter visto uma apresentação da mais alta qualidade do grupo norte-americano.
O show
A apresentação do Prong em São Paulo começou com as músicas “Test” e “Whose Fist Is This Anyway?”, do álbum “Cleansing”, de 1994.
Com a guitarra marcante e nervosa de Tommy Victor, somada à boa performance dos membros atuais, o baixista Jason Christopher e o baterista Griffin McCarthy, o Prong entregou um show de primeira qualidade para os sortudos que estavam presentes.
Um dos pontos altos da apresentação foi quando o grupo executou, numa tacada só, os clássicos do heavy metal “Beg to Differ”, “Lost and Found” e “Unconditional”.
As duas primeiras, pertencentes ao ótimo, espetacular e obrigatório álbum “Beg to Differ”, de 1990, fez o público presente vibrar intensamente e cantar a plenos pulmões as faixas, que brilharam com clipes marcantes nos programas de heavy metal da MTV no melhor momento da carreira do Prong.
“Unconditional”, do disco “Prove You Wrong”, de 1990, e, talvez, o maior sucesso comercial da banda, também levantou o público.
Na música “Beg to Differ”, Tommy Victor chegou a pedir para os técnicos de som uma leve alteração na sonoridade de sua guitarra e chegou a mostrar certo descontentamento com a demora para o pessoal da mesa de som entender o que ele estava pedindo.
De fato, a música pareceu ter sido tocada com uma sonoridade ligeiramente mais grave que a da gravação original, mas sem comprometer o grande momento de satisfação dos fãs.
Em “Lost and Found”, foi muito bacana ver boa parte da plateia pulando e cantando junto, no ritmo da ótima música do Prong.
A banda até poderia ter tocado outras faixas do “Beg to Differ”, mas preferiu mesmo mesclar a apresentação com vários sucessos da carreira dentro do heavy metal.
Outros pontos altos do show foram as faixas “Rude Awakening”, do disco de mesmo nome, de 1996, além de “Snap Your Fingers, Snap Your Neck”, do álbum “Cleansing”, e “Prove You Wrong”, já no bis, do disco de mesmo nome de 1991.
Também merecem elogios pela ótima performance da banda e pela empolgação gigantesca do público durante o show a faixa “Ultimate Authority”, do disco “X – No Absolutes”, de 2016, além de “Cut-Rate”, “Broken Peace” e “Another Worldly Device”, todas do “Cleasing”, o álbum mais tocado da noite.
Este jornalista pode até cometer alguma injustiça com outros músicos importantes que passaram pelo Brasil desde o fim dos Anos 1980, mas ousa arriscar a dizer que a performance de Tommy Victor no show no Fabrique Club foi uma das melhores de um guitarrista único de banda (quando não há uma segunda guitarra para acompanhar) desde a vinda do Pantera, em São Paulo, nos Anos 1990, quando o finado e saudoso Dimebag Darrell fez o Olympia ficar hipnotizado.
Com um talento que poucos possuem, Tommy Victor consegue tirar um som de guitarra tão forte e poderoso que muitas bandas com dois guitarristas não conseguem obter. Para quem estava colado ao palco, como foi o caso deste jornalista, foi como se o músico estivesse ministrando uma aula grátis do instrumento de seis cordas.
A banda como um todo pareceu bastante empolgada com a reação do público. Sem muita firula e se concentrando em entregar um show de alta qualidade, Tommy Victor não chegou a falar muito durante a apresentação, mas entregou tudo aquilo que a plateia desejava.
O show teve dois momentos de bis, com a banda entregando a música “Third From the Sun” como a última da noite, que, sem a menor dúvida ficou marcada na mente de quem esteve presente no Fabrique Club.
Este Roque Reverso teve, infelizmente, a credencial de imprensa negada pela assessoria do evento, mas sabia que o primeiro show do Prong no Brasil da carreira da banda não poderia ficar sem cobertura.
Como a equipe deste veículo de comunicação já frequenta há mais de 3 décadas shows pelo País muito antes de se aventurar pelo Jornalismo, sabe que é preciso sempre ter aquela verba extra para bancar os preços salgados dos ingressos em São Paulo, para ter condições de entregar resenhas de shows para os fãs e para os leitores de alta qualidade deste veículo.
Um ponto ruim da organização no Fabrique Club foi o fato de não haver ingresso físico para quem comprasse a entrada na hora do show. Qualquer ser que acompanha heavy metal sabe que o público gosta de colecionar ingressos. Mas não foi possível ficar com essa recordação histórica, pelo menos para quem comprou a entrada na hora do show.
No resumo geral, a apresentação do Prong em São Paulo foi muito boa e compensou os anos de espera dos fãs. É de se surpreender demais e se perguntar qual o motivo o Prong nunca foi chamado para um grande festival no País nestas últimas três décadas, tamanha a qualidade do set list apresentado na capital paulista
O show do feriado da quarta-feira, 12 de outubro, já entrou pra lista dos melhores de 2022, nestes tempos de retomada após o período crítico da pandemia de covid-19.
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