EPs ao vivo são a nova muleta comercial da atualidade em todos os gêneros musicais. Entressafra criativa? Então vamos de trechos de shows ao vivo ou de lives para esquentar os motores enquanto o novo trabalho não vem - ou para apenas tapar um buraco.
Dois desses trabalhos, no entanto, soam agradáveis e até necessários para duas bandas que pretendem consolidar seus nomes no mercado: Smith-Kotzen e The Dead Daisies.
Reunião das mais interessantes ocorrida em 2020, Smith-Kotzen tem os guitarristas Adrian Smith, do Iron Maiden, e Riche Kotzen, que já tocou com Mr. Big e Winery Dogs. É hard rock de primeiríssima qualidade, sendo que ao vivo a cozinha é brasileira: a baixista é Julia Lage (Vixen, casada com Kotzen) e o baterista é Bruno Valverde (Angra).
"Better Days... and Nights" tem cinco canções gravadas em uma apresentação em Los Angeles e exala um clima bluesy tão ao gosto dos dois guitarristas, que dividem os vocais em todas as canções e arrebentam em duelos e dutos instrumentais, como na maravilhosa canção "Scars".
"Hate and Love" é mais rock'n'roll, abusando de alguns clichês hard sem que haja comprometimento do resultado. Os dois estão mais comedidos, deixando para exacerbar o virtuosismo em "Scars" e na pesada "Running", deixando que a mais pop, "You Don't Know Me", revele o ótimo entrosamento da dupla e da banda.
Já a banda internacional The Dead Daisies mostrou um poder arrebatador com a chegada do mestre Glenn Hughes nos vocais e no baixo. Ao vivo, então, o ganho foi espetacular. soa mais pesada e, ao mesmo tempo, om um groove mais interessante.
"Rise Up" é hard rock puro ao melhor estilo dos anos 80, reunindo peso e tempero bluesy na medida certa. Hughes, aos 71 anos, está em forma e mostrando que mantém o pique dos melhores trabalhos que fez com o Deep Purple nos anos 70 - também cantou com o Black Sabbath nos anos 80.
"Long Way to Go" é a melhor canção autoral da banda neste trabalho, soado forte e pesada, com Hughes cantando em ton mais altos e mais difíceis - e se saindo bem.
Só que o EP ainda tem "Burn", do Deep Purple, que abre caminho para que o baixista e vocalista destrua tudo. O lançamento foi um grande aperitivo para o bom disco "Radiance", lançado há três meses e que é o segundo com os vocais de Glenn Hughes.
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