quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

A dignidade imensa de Patti Smith em São Paulo

Marcelo Moreira

Na última vez em que pisou m um palco B.B. King tinha 88 anos e teve de encerrar o show em uma casa noturna chique de Nova Jersey, nos Estados Unidos, porque passou mal. Chorou ao sair amparado e balbuciou um “sorry (sinto muito” em meio a aplausos gerais. Morreria pouco mais de um ano depois, em 2015.

O tamanho da dignidade artística e pessoal geralmente é o mesmo em relação ao caráter e à altivez de quem a ostenta – e é do mesmo tamanho do respeito de quem o merece. No caso da cantora e escritora americana Patti Smith, ícone do punk rock, tudo isso é superlativo.

Aos 78 anos, ela está em São Paulo para duas apresentações no teatro Cultura Artística. Na primeira, na quarta-feira, 29 de janeiro, ela passou mal depois de 30 minutos no palco, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo. Desmaiou e teve de ser retirada do palco de cadeira de rodas.

Recomposta, voltou ao palco dez minutos depois, mas ainda na cadeira de rodas. Chorando, desculpou-se pelo incidente e lamentou ter de encerrar a apresentação. Antes, porém, cantou, sem acompanhamento de instrumentos, “Because the Night”, de Bruce Springsteen, que ficou famosa na voz dela. Foi ovacionada e saiu emocionada.

Outros artistas já passaram por situações parecidas, com variados graus de emoção e ovação. A dimensão do que ocorreu com Patti Smith em São Paulo é imensa porque a artista tem uma integridade inatacável. Íntegra, destemida, corajosa, engajada, inteligente e poderosa, costuma se destacar também por sua humildade, generosidade, confiança e por ser uma pessoa iluminada. Sua figura é imensa, maior do que ela mesma.

Não há como não se emocionar com o encerramento da apresentação curta. Que ela tenha sucesso na segunda apresentação, na quinta-feira, dia 30 de janeiro, e que sua presença imensa e inspiradora continue a nos iluminar;



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