terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Black Pantera: ascensão movida a competência, orgulho e esperança

 Da equipe Combate Rock

Black Pantera (FOTO: DIVULGAÇÃO)


O orgulho no rock nacional é negro, e preta é a cor da esperança para o som com guitarras furiosas. De Minas Gerais para o mundo, o trio Black Pantera comemorou dez anos de formação com muito peso, muita fúria e em ascensão contínua. É a principal banda nacional de rock da atualidade.

O guitarrista e vocalista Charles da comemora o sucesso e fica ainda mais orgulhoso quando analisa a trajetória da banda, que conta ainda com Chaene da Fama (baixo e vocais), que é seu irmão, e Rodrigo Pancho (bateria).

“O racismo ainda é latente no Brasil e foi mais difícil do que o normal para um trio de pretos fazer rock pesado, com letras engajadas e de protesto, até certo ponto”, fiz Charles em entrevista ao programa de YouTube “Alt Cast”, apresentado pelo jornalista Mauricio Gaia (integrante do Combate Rock) e pelo músico José Anrtonio Algodoal (guitarrista da banda Pin Ups).

Longe de qualquer vitimismo, o músico mineiro ressalta que a estrutura viciada do que sobrou do mercado musical brasileiro e o racismo de nossa sociedade foram importantes para fortalecer a banda e a determinação de seguir em frente depois de quatro álbuns e vários singles e EPs.

Para ele, vitimismo é sofrer injustiça calado. “Botar a boca no mundo é a maneira que temos de sermos ouvidos, e estamos sendo ouvidos, ainda bem. Quando me perguntam porque um trio de metal formado por pretos está se dando bem, eu digo que somos bons sim, mas também porque temos o que dizer e porque estava faltando banda preta no rock e banda que falasse a verdade de quem não tem voz na sociedade.”

Ele reconhece que o caminho foi aberto por bandas importantes e necessárias como Rato de Porão, Devotos, garotos Podres, Dead Fish e outras que lutam por justiça social, mas afirma que o surgimento da Black Pantera chocou parte expressiva do público por exaltar a negritude e falar com veemência renovada sobre todos os tipos de violência que as chamadas “minorias” ainda sofrem.

“Mesmo com todo o barulho em torno da nossa ascensão, existem ambientes e locais que não conhecem o nosso som. E [e bacana quando as pessoas se surpreendem quando nos veem no palco, um trio de negros, estremecendo o lugar e colocando o dedo na cara da sociedade”, diverte-se o guitarrista. Confiante e saboreando o sucesso do mais recente álbum, “perpétuo”, do ano passado, Charles celebra o fato de que o Black Pantera está virando referência para uma juventude que tinha abandonado o rock e migrado para o rap, funk e sertanejo. Afirma que tem recebido muito retorno de fãs onde a tônica é a representatividade.

“Não sei se dá para chamar isso de legado. Se for isso, então acho que cumprimos uma missão, qui a de resgatar o interesse e a paixão por música, a de mostrar que as pessoas podem se sentir representadas novamente e de que estamos dando algum tipo de esperança para a juventude”, explica Charles da Gama.

Assista abaixo o episódio de “Alt Cast” com Charles da Gama:





 

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