Nelson de Souza Lima - especial para o Combate Rock
![]() |
Inocentes (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
No próximo dia 25 de janeiro São Paulo completa 471 anos. Uma das maiores cidades do mundo, gigante de aço e concreto, assim como muitas outras é marcada pelos contrastes entre enorme avanço tecnológico e bolsões de pobreza. Porém, a capital paulista segue rumo ao futuro, promovendo maior igualdade para sua população de mais de 11 milhões de habitantes.
Para celebrar a data, o Centro Cultural Penha, zona leste da capital, recebe em apresentação única e gratuita os Inocentes. Precursor do punk rock nacional o grupo liderado pelo vocalista/guitarrista Clemente Nascimento volta ao CCP com um espólio musical sólido adquirido ao longo de mais de quarenta anos de estrada.
Os Inocentes têm história para contar. Surgida na Vila Carolina, zona norte da cidade no começo dos anos 80, a banda tocou em vários buracos da periferia até chegar ao patamar dos grandes do rock nacional.
Ladeando Nascimento estão Ronaldo Passos (guitarra/vocal), Anselmo Monstro (baixo/vocal) e Nonô (bateria).Uma formação consistente, que, junta há quase 30 anos, funciona como máquina sonora bem azeitada, não deixando brecha entre as músicas, como manda o manual punk. O quarteto sabe o que faz, afinal eles escreveram o manual, sendo a gênese do gênero no Brasil. Não são poucos os que se inspiraram nos Inocentes nessas quatro décadas.
Clemente e parças integram uma excelente safra que revelou grupos extraordinários como Plebe Rude, Ratos de Porão, Cólera e tantos outros. De respeito e, continuando nessa analogia/enologia, os Inocentes são como vinho seco, de sabor ácido que rasga a garganta, garantindo torpor, satisfação e sensação de bem-estar.
A dor de cabeça desse vinho sonoro fica para os incautos que não enxergam o quanto as letras são contestatórias, antifascistas, escancarando mazelas, violência, feridas sociais, derrubando os muros da intolerância do sistema opressor/repressor. E a julgar pelo atual momento sombrio que teima em não nos largar, as canções dos caras se tornam ainda mais necessárias na compreensão deste cenário horripilante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário