Marcelo Moreira
Estátua de Rory Gallagher inaugurada em Belfast (FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE)
Depois de redescobrir pérolas da banda The Faces escondidas em seus arquivos, agora a BBC se debruçou no trabalho do magnífico guitarrista irlandês Rory Gallagher (1948-1995). A emissora pública britânica, por meio do projeto “BBC Collection” , acaba de lançar o álbum duplo “The Best of Rory Gallagher at the BBC”.
O primeiro lançamento é um CD duplo com as mais importantes das gravações em formato de CD duplo, lançado em outubro passado. Agora é a vez da coleção completa, com nada menos do que 18 CDs passando por praticamente todas as apresentações do guitarrista pelos estúdios da emissora britânica, além de inúmeros shows registrados e transmitidos pelo rádio, ao vivo ou em programas posteriores. .
Vulcão sonoro em formato de guitarrista, Gallagher abraçou o blues de uma forma nunca vista e o misturou com suas tradições folk. O resultado é uma miscelânea de canções rústicas, agressivas e desesperadas, mas ao mesmo tempo belas e com soluções harmônicas bem diferentes.
Natural de Cork, no interior da Irlanda, incorporou toda uma base folk no modo de dedilhar o violão. Aprimorou sua técnica em diversas sessões musicais na capital, Dublin, onde formou o trio Taste no fim dos anos 60.
Com a guitarra em punho, chamou a atenção a partir de 1969 e, em carreira solo , explodiu em 1971, lançando uma sequência de seis álbuns de estúdio e dois ao vivo até 1977 que se tornaram referência em todos o sentidos.
Esse lançamento celebra a importância do artista Rory Gallagher, que foi possivelmente o músico mais gravado da década de 1970 pela BBC. Se fosse possível resumir uma trajetória tão rica e fascinante e dois CDs ao vivo, essa coleção chegaria perto da perfeição ao mostrar o instrumentista em sua melhor forma, principalmente nas performances entre 1972 e 1974, dando um show de carisma e interpretação.
Sua técnica e versatilidade são surpreendentes e revelam u artista inquieto, inconformado e que faz do blues áspero e ríspido uma declaração altamente política com potencial explosivo e intimidador, para não falar de seu alto impacto.
Gallagher explodiu e ganhou o mundo em um momento em que a questão irlandesa tinha ressurgido depois da extrema violência que dominou o país no início d século XX e processo que resultou na independência do país em relação ao Reino Unido em 1922.
A partir de 1967, grupos terroristas ressurgiram para tentar à força a reunificação da ilha – a parte norte da ilha, de maioria protestante, permaneceu vinculada ao Reino Unido.
Então o maior nome da música irlandesa ao lado da banda Thin Lizzy, Rory Gallagher atuou como um catalisador da arte contra a violência política e desafiou as forças repressivas britânicas e os terroristas do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês). Ignorando a ameaças, lotou casas de shows em Belfast, o centro da violência, na Irlanda do Norte, em Dublin, em Cork e por toda a Inglaterra.
A grande maioria de seus concertos no período entre 1971 e 1975 foi registrado pela BBC, o que torna esse lançamento, além de sua inigualável qualidade musical, um importante documento histórico sobre um personagem riquíssimo do rock e o blues.
Essa é a primeira das muitas homenagens que marcarão os 30 anos da mote de Gallagher, que morre aos 47 anos em 1995 em razão de um malsucedido transplante de fígado. Em 6 de janeiro deste ano foi inaugurada mais uma estátua para reverenciar este herói nacional da duas Irlamdas – Irlanda do Norte e República da Irlanda.
Desta vez s estátua foi colocada em frente ao Ulster Hall, em Belfast, capital da Irlanda do Norte. Onde Gallagher se apresentou por várias vezes. Existem estátuas também em outras localidades, como na cidade de Ballyshannn. Outra deverá ser inaugurada em Cork, cidade natal, no mês de julho, com direito a dois shows de Joe Bonamassa, o astro americano do blues, tocando as principais músicas do herói irlandês.
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