Marcelo Moreira
A pandemia de covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo, mas a produção musical seguiu firme em 2020 mesmo com a suspensão de shows no mundo todo a partir de março. Muita coisa boa foi lançada no ano passado, que será inesquecível também por conta desses lançamentos. Aqui vai um resumo do que de melhor foi produzido:
Body Count - "Carnivore" - A banda de metal do rapper Ice T não consegue fazer disco ruim. Cda vez mais pesado e mais irado, este CD é uma pancada na cara dos hipócritas e um grito contra as injustiças sociais norte-americanas e contra o racismo.
Bruce Springsteen - "Letter to You" - Um dos mestres de todos os tempos do rock norte-americano decidiu por temas mais reflexivos e ternos. Com delicadeza e suavidade, Springsteen passeou pela vida e pela velhice, sugerindo que é o momento de colocar a vida em perspectiva. É uma obra bastante tocante.
Joe Bonamassa - "Royal Tea" - O nerd da guitarra blues não para. O novo álbum solo é um primor de qualidade e inteligência, agora fazendo uma homenagem ao blues rock britânico de todos os tempos. É uma coleção de canções que tamb´pem emociona em tempos de pandemia.
Psychotic Waltz - "The God-Shaped Void" - Nome forte do metal alternativo dos anos 90, misturava thrash e heavy tradicional com muita competência, mas acabou antes da hora. Há algum tempo anunciou a volta, e esse disco quebra as paredes e as barreiras fazendo um metal muito moderno, mas mantendo a energia e a vibe dos anos 80, influência direta da banda. Recomendadíssimo.
Testament - "Titans of Creation" - Peso absurdo e competência extrema, o Testament é a prova de que é possível evoluir dentro do thrash metal calcado nos anos 80. Rivaliza com os principais clássicos da banda dos anos 90.
Haken - "Virus" - É prog metal diferente, mostrando canções intrincadas e belas sem recorrer ao uso excessivo dos teclados. A inteligência dos temas predomina.
AC/DC - "Power Up" - Ninguém esperava tamanha explosão de energia e peso após cinco anos de problemas graves e possibilidade de esfarelamento da banda. Em um ano comum, talvez nao estivesse na lista, mas o novo álbum ajudou a amenizar as crises da pandemia.
Deep Purple - "Whoosh!" - Ninguém esperava tamanha explosão de qualidade e competência. "Infinite", o álbum anterior, já era muito bom, mas não indicava que esse novo disco teria tamanha variedade e competência, indo do rock'n'roll básico ao hard'n'heavy lembrando os melhores momentos da banda desde 1984.
Blues Pills - "Holy Molly" - A banda sueca deixa de lado o blues rock mais pesado e avança no suingue e na soul music. A mudança chocou um pouco quem esperava mais e mais peso, mas a qualidade das novas composições e o charme cada vez maior da cantora Erin Larsson mantiveram o pique.
Fates Warning - "Long Days Good Night" - Veteranos do prog metal fizeram um pouco de mais do mesmo, mas ainda assim emocionam com suas canções existenciais e um instrumental perfeito. São os legítimos precursores do estilo, ao lado do Queensryche.
Flower Kings - "Islands" - Rock progressivo meio deslocado, já que deveria estar bem nos anos 70, concorrendo com os gigantes do estilo. "Islands" também é um álbum engajado e político, algo bastante necessários nestes tempos problemáticos. Estes suecos mantém a qualidade de sempre.
Pain of Salvation - "Panther" - Outra banda sueca de rock progressivo que se destaca. Deixando um pouco de lado o metal, comete um disco denso e profundo, com reflexões sobre a vida e tentando projetar um futuro menos distópico.
Joe Satriani - "Shapeshifting" - Rock instrumental que resume uma carreira fantástica. A guitarra do mestre passeia pelo metal, pelo rock básico e por temas mais vintage, fazendo do álbum o mais variado de sua carreira.
Lucifer - "III" - Rock pesado datado, mas intenso, com os dois pés nos anos 80. As canções estão mais refinadas e mostram um amadurecimento rápido desta banda interessante.
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