sábado, 30 de dezembro de 2023

Deep Purple: há 40 anos, o renascimento em grande estilo

 Era uma das reuniões mais pedidas e aguardadas dos anos 80 - John Lennon, morto em 1980, impediria para sempre  volta dos Beatles -, e quase não ocorreu por conta de divergências que se mostraram inconciliável no futuro. "A música falou mais alto, pelo menos por  tempo", declarou o baixista Roger Glover a este jornalista em 2005.

Foram necessárias costuras e meses dde negociações para que o Deep Purple finalmente anunciasse a volta da formação clássica em 1984 - Ian Gillan (vocais), Ritchie Blackmore (guitarra), Ian Paice (bateria) e Roger Glover (baixo).

Todos queriam a volta, mas todos trataram de valorizar e para conseguir a maior vantagem possível e um naco a mais de poder. Com isso, quase não rolou.

O maior problema era conciliar os interesses dos rabugentos Blackmore e Gillan, que se odiavam, mas se respeitavam. Quem daria o direcionamento musical? 

Gillan exigiu ter a palavra final, segundo algumas reportagens da época, mas seu pleito foi rejeitado. Coube a Glover fazer a mediação para viabilizar artisticamente um acordo e o retorno da banda, após meses de conversas, foi anunciado no segundo trimestre de 1984, após o vocalista cumprir seus compromissos com o Black Sabbath e Blackmore, com o Rainbow.

Era um desfecho positivo para uma história acidentada e cheia de mágoas e ressentimentos. Blackmore, Lord e Paice criaram a banda no final de 1967 em busca de algum sucesso depois de tentativas frustradas. Abraçaram o rock psicodélico e rock progressivo sem muita repercussão por dois anos e três álbuns.

Em 1969, o vocalista Rod Evans e o baixista Nick Simper foram demitidos e substituídos por Gillan  Glover. O som ficou pesado, com Lord deixando de direcionar  artisticamente o grupo. Blackmore assume o leme e então o hard rock predomina, com quatro discos ótimos entre 1970 e 1973, além de um ao vivo fantástico.

No entanto, eram muitas as divergências e desacordos, e Gillan e Glover saíram em 1973, substituídos por Glenn Hughes (baixo e vocais) e Daivd Coverdale (vocais). a banda se renovou e recresceu com dois discos excelentes, mas aí foi a vez de Blackmore se irritar com os rumos da banda e sair no começo de 1975. 

Tommy Bolin entra, mas o Deep Purple era uma instituição condenada pelo desinteresse dos músicos, excessos de todos os tipo e exaustão criativa. "Come Taste the Band", o disco de 1975, era muito bom, mas não o suficiente para manter o Purple unido. O fim da banda er inevitável e veio no começo de 1976.

Era consenso de que o fim abrupto tinha interrompido uma história marcante, e que  retomada era uma questão de tempo e necessária, principalmente em relação à segunda formação. Se o sentimento era de que algo estava incompleto, ao mesmo tempo havia a sensação de que seria muito difícil reunir aquele quinteto de novo.

Depois de quase um ano de conversas e negociações, os cinco estavam n estúdio, no primeiro semestre de 1984. Havia muito desconforto, apesar de certa camaradagem e conversas educadas, com todos pisando m ovos.

Apesar do tempo demorado para aparar arestas e reunir a banda, muita coisa ainda estava por resolver. Eram muitas as mágoas e ressentimentos. 

Ao contrário de 1969, quando eram jovens, os músicos já estavam à beira dos 40 anos de idade e acreditavam estar um pouco mais maduros para lidar com algumas diferenças profundas. Isso foi verdade, mas apenas por algum tempo.

"Perfect Strangers", o álbum de torno lançado ainda em 1984, mostrou que o quinteto, em termos mis, tinha uma química extraordinária. 

O hard rock que surgiu era moderno, com timbres de teclado que estabeleceram novos padrões naquela época, e com uma guitarra faiscante que exalava modernidade, especialmente na faixa-título e na contagiante "Knockin' at Your Back Door".

Ao vivo o grupo estava redondo, seguro de si e com uma força que surpreendeu a todos que foram aos festivais de 1985 na Europa. Por isso ninguém entendeu a ausência da banda no Live Aid, em 13 de julho daquele ano. Até hoje a "culpa" é creditada a Blackmore, que não quis participar, o que ele negou posteriormente.

O Deep Purple soava fresco, revigorado e potente, com Ian Gillan cantando comm muita vontade e disposto a mostrar que era o grade vocalista do hard rock de todos os tempos. Blackmore estava á vontade e com vontade, enquanto Jon Lord procurava novos timbres e retomava o protagonismo de sei instrumento.

Havia ainda outras boas ideias no disco, como a imponente balada blues "Wasted Sunset", a rápida e insinuate "A Gypy's Kiss" e o rock clássico setentista "Nobody's Home".

"Perfect Strangers" era o disco certo na hora certa para recuperar um ícone do rock pesado. O hard rock estava em ascensão e o classic rock ainda sofria com o avanço do heavy metal em todas as suas vertentes. Um Deep Purple renovado e moderno e com apelo comercial era um fortalecimento notável  da cena.

os bons ventos sopraram até a hora de voltar a estúdio, dois anos depois, de uma turnê mundial de enorme sucesso. Os velhos problemas voltaram a assombrar e as rixas dominaram o ambiente, provocando o lento, as firme, desinteresse em todos.

"House of the Blue Light", lançado em 1987, nem de longe trazia a força e a qualidade do álbum de retorno, misturando boas ideias com temas burocráticos e comuns. 

A guitarra de Blackmore estava displicente, e o teclado e de Lord soava sem imaginação. Gillan também estava sem inspiração, com letras apenas medianas. 

Desunidos e sem grande interesse, fizeram poucos shows, sempre tendo a tensão no ar por conta da rivalidade entre Gillan e Blackmore. O desfecho parecia inevitável: o vocalista retomou a sua carreira solo no começo de 1989 e só se deu ao trabalho de avisar a banda depois.

Ao lado do amigo Steve Morris, guitarrista dos bons, Ian Gillan lançou dois bons álbuns nos anos seguintes e mostrou uma alegria profissional nunca antes vista.

Já o Purple caiu de novo sob as ordens de Blackmore diante do desinteresse dos demais e recrutou o esforçado americano Joe Lynn Turnerm que tinha trabalhado com o guitarrista no Rainbow. Era o sonho de Turner: ser o cantor do Deep Purple.

O Ddeep Purple foi forçado a começar do zero e Blackmore assumiu o comando total diante do desinteresse de todos, Recrutou o vocalista americano Joe Lynn Turner, com quem tinha trabalhado no Rainbow, e assim conseguiu reinserir no repertório canções da época de David Coverdale e Glenn Hughes, que Gillan se recusava a cantar (e é assim até hoje).

Turner cantava bem, mas não era um gigante como Gillan, Dio, Hughes, Coverdale ou Paul Rodgers. A rejeição do fãs ao vivo foi imediata, Para piorar, o álbum com o novo vocalista era muito fraco, com apenas uma canção razoável, o single "King of Dreams". 

O álbum "Slave and Maasters" é o pior a carreira da banda e sua turnê marcou a primeira vinda da banda ao Brasil, em 1991. Banda e empresários decidiram agir rápido para salvar as celebrações de 25 anos da banda e forçaram Blackmore a engolir o óbvio: Ian Gillan tinha de voltar.

As negociações foram duras, mas ele aceitou e chegou 

a tempo de gravar o razoável álbum "Battle Rages On", lançado e 1993, o ano dos 25º aniversário. As comemorações estavam salvas, mas estiveram longe de ser um sucesso. 

O público não comprou de imediato a ideia e em muitos locais os shows não estiveram lotados, o que acirrou as desavenças entre Blackmore e Gillan - sempre eles.

Insatisfeito com a volta "forçada" do vocalista e desafeto, Blackmore começou a reclamar de que Gillan não conseguia amis tocar direito e que precisava sair. Isistiu tanto que brigou com o amigo Jon Lord, que não se incomodou quando o guitarrista ameaçou sair, 

Sentindo-se desrespeitado, Blackmore saiu mesmo, e no meio da turnê mundial. A banda, talvez prevendo esse comportamento, adiou poucos shows e recrutou o amigo e fã Joe Satriani para quebrar o galho em oito shows na Ásia - o empresário deles era o mesmo,

Já no fimd e 1994 o Deep Purple  tinha novo guitarrista oficial, o americano Steve Morse, que ficou 28 anos no grupo, até 2022, quando saiu para cuidar da esposa, que estava com câncer. O sul-africano Simon McBride o substituiu. Nesse meio tempo, Jon Lord saiu em 2002 ( seu substituto foi Don Airey) e morreria de câncer dez anos depois.

Ritchie Blackmore deciiu ainda em 1994 reativar o Rainbow, que lançou em 1995 o bom disco Stranger In Us All", seguido de uma turnê mundial de boa receptividade. 

No entanto, ele se desinteressou do rock e decidiu se juntar em 1997 com a esposa, a cantora Candice Night, e, um projeto de unia música folk celta e a renascentista Blackmore's Night, que jpa foi mais ativo, mas ainda existe, 

O Rainbow parou em 1996, mas fez alguns shows na Europa entre 2015 e 2016 com uma formação completamente diferente, submergindo nas trevas em seguida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário