As expectativas eram muito grandes. Cinco anos sem um álbum, e apenas um com a cantora Mayara Puertas, que se tornou referência mundial no metal extremo. O grupo paulistano Torture Squad devia um grand trabalho para sacramentar o seu melhor momento em 30 anos de carreira.
A resposta foi "Devilish", um disco variado e ousado, que aprofunda o mergulho da banda no metal progressivo e acrescenta novas influências ao som pesado e demolidor, como passagens mais intrincadas e vocais limpos de Mayara, e ua versatilidade que eleva ainda mais o patamar da banda.
Os goianos do Heaven's Guardian, também veterano, comemora mais de 20 anos de existência com seu melhor disco, "Chronos", seguindo a mesma trajetória do Torture Squad para mudar de patamar.
-Os paulistanos mostraram grande resiliência. Foram tempos sombrios e de muita paciência, mas também de reenergização e ressurgimento. O Torture Squad tinha muitos planos, como todo mundo, e também alguns sonhos. Uma pandemia de covid-19 congelou o mundo, e transformou as nossas vidas. Muitos se perderam, e outros se concentraram.
"Desconfio que fizemos o nosso melhor disco", comentou o baterista Amílcar Christófaro em conversa com o Combate Rock no ano passado. Ele anunciava uma enxurrada de novidades pós-pandemia, que envolviam álbum novo, disco ao vivo, caixa com raridades e vídeos e direitos de áudios dos shows do festival Wacken de 2007, 2008 e 2009 adquiridos.
"Devilish", o disco de inéditas, o segundo com a formação que está junta desde 2015, chega aos streamings e lojas virtuais com o poder de um grande trabalho, e com as desconfianças do baterista se tornando realidade: é o melhor álbum da banda, o que e perfeito para comemorar as mais de três décadas do Torture Squad.
O primeiro single, que na verdade era uma música inédita de estúdio que foi incluída no álbum ao vivo "Tortura En La Iglesia - En Vivo", indicava o caminho. "The Fallen Ones" adicionava novos elementos musicais ao death metal violento e soturno, mergulhando em temas de horror. A canção é forte e muito pesada, mas agregando toques de metal progressivo, com passagens intrincadas e complexas.
"Mabus", a canção seguinte, realmente a primeira de "Devilish", levou adiante as premissas de "the Fallen One" e mostrou novas possibilidades. A construção de riffs densos e os arranjos tétricos transformaram a canção em um pandemônio sonoro - e apavorante.
"Hell Is Coming" é a que mais se parece com o Torture Squad que estamos mais acostumados, um metal acelerado e muito pesado, sem dar refresco u pausa para respiro.
Com as cartas na mesa, "Devilish" desfila bom gosto e qualidade, evidenciando que a pandemia e a parada obrigatória deram à banda o tempo necessário para testar inúmeras possibilidades, com destaque à variação de timbres e tonalidades vocais de Mayara Puertas.
A cantora que é referência de vocal agressivo e extremo no Brasil passou por outras paragens e foi muito bem na agressiva Warrior", que é um pouco mais cadenciada, mas que traz um acento quase bluesy/hard rock com um vocal mais rasgado.
A canção mais surpreende e uma das melhores do disco - ao lado de "Warrior" - é aquela de que mais destoa do tradicional death metal violento que a banda sempre destilou. Climática e lenta, com a primeira parte da canção feita com voz limpa, "Find My Way" é aterrorizante, assentada em uma bel trilha sonora de filme de terror.
O peso toma conta da segunda parte, transformando a música por completo, deixando evidentes todas as influências de rock progressivo que Christófaro sempre fez questão de adicionar ao som do Torture Squad.
Outra surpresa é a enigmática "Uatumã", cantada em inglês, português e trechos de idiomas indígenas. Fugindo um pouco do tema horror, é um libelo em prol da preservação das florestas e dos povos originários, misturando a violência do metal extremo com arranjos tribais e sonoridades das culturas indígenas. Aqui há um discurso do líder indígena Raoni Metuktire.
"Buried Alive" (com a participação de Andres Kisser, guitarrita do Sepultura), "Thoth" e "Sanctuary" também são destaques, pois são extremas e assentadas em bases mais complexas, com variações de riffs e solos de guitarra ótimos, mas tudo muito veloz. Dificilmente deixará escapar um ugar nas listas de melhores do ano, em um 2023.
"Desconfio que fizemos o nosso melhor disco", comentou o baterista Amílcar Christófaro em conversa com o Combate Rock no ano passado. Ele anunciava uma enxurrada de novidades pós-pandemia, que envolviam álbum novo, disco ao vivo, caixa com raridades e vídeos e direitos de áudios dos shows do festival Wacken de 2007, 2008 e 2009 adquiridos.
"Devilish", o disco de inéditas, o segundo com a formação que está junta desde 2015, chega aos streamings e lojas virtuais com o poder de um grande trabalho, e com as desconfianças do baterista se tornando realidade: é o melhor álbum da banda, o que e perfeito para comemorar as mais de três décadas do Torture Squad.
O primeiro single, que na verdade era uma música inédita de estúdio que foi incluída no álbum ao vivo "Tortura En La Iglesia - En Vivo", indicava o caminho. "The Fallen Ones" adicionava novos elementos musicais ao death metal violento e soturno, mergulhando em temas de horror. A canção é forte e muito pesada, mas agregando toques de metal progressivo, com passagens intrincadas e complexas.
"Mabus", a canção seguinte, realmente a primeira de "Devilish", levou adiante as premissas de "the Fallen One" e mostrou novas possibilidades. A construção de riffs densos e os arranjos tétricos transformaram a canção em um pandemônio sonoro - e apavorante.
"Hell Is Coming" é a que mais se parece com o Torture Squad que estamos mais acostumados, um metal acelerado e muito pesado, sem dar refresco u pausa para respiro.
Com as cartas na mesa, "Devilish" desfila bom gosto e qualidade, evidenciando que a pandemia e a parada obrigatória deram à banda o tempo necessário para testar inúmeras possibilidades, com destaque à variação de timbres e tonalidades vocais de Mayara Puertas.
A cantora que é referência de vocal agressivo e extremo no Brasil passou por outras paragens e foi muito bem na agressiva Warrior", que é um pouco mais cadenciada, mas que traz um acento quase bluesy/hard rock com um vocal mais rasgado.
A canção mais surpreende e uma das melhores do disco - ao lado de "Warrior" - é aquela de que mais destoa do tradicional death metal violento que a banda sempre destilou. Climática e lenta, com a primeira parte da canção feita com voz limpa, "Find My Way" é aterrorizante, assentada em uma bel trilha sonora de filme de terror.
O peso toma conta da segunda parte, transformando a música por completo, deixando evidentes todas as influências de rock progressivo que Christófaro sempre fez questão de adicionar ao som do Torture Squad.
Outra surpresa é a enigmática "Uatumã", cantada em inglês, português e trechos de idiomas indígenas. Fugindo um pouco do tema horror, é um libelo em prol da preservação das florestas e dos povos originários, misturando a violência do metal extremo com arranjos tribais e sonoridades das culturas indígenas. Aqui há um discurso do líder indígena Raoni Metuktire.
"Buried Alive" (com a participação de Andres Kisser, guitarrita do Sepultura), "Thoth" e "Sanctuary" também são destaques, pois são extremas e assentadas em bases mais complexas, com variações de riffs e solos de guitarra ótimos, mas tudo muito veloz. Dificilmente deixará escapar um ugar nas listas de melhores do ano, em um 2023.
O Heaven's Guardian costuma ser chamado pelos fãs do Epica brasileiro, em referência à banda de metal sinfônico holandesa que requenta bastante os palcos brasileiros. ainda que as duas bandas transitem em uma área semelhantes, os brasileiros são mais progressivos e apostam mais nas guitarras.
"Chronos" é o melhor trabalho da banda, com uma produção exuberante e atenta aos vários detalhes que esse tipo de música requer. Se lembra o Epica em alguns momentos, há influências também dos suecos do Therion, embora não tão pesado e sinistro.
Estabelecidas as diferenças, os demais elementos do subgênero do metal estão presentes em um álbum suntuoso, ainda que, liricamente, o grupo não fuja dos temas clássicos baseados na fantasia/mitolotia, como em "Valhalla Call", um típico power metal orquestral.
"Sirens of the Past" é o bom cartão de visitas, com o metal sinfônico clássico abusando dos duetos de ozes masculinas e femininas em variados grais de música extrema.
"General of Peace" dialoga um pouco mais com o metal tradicional baseado em guitarras estridentes e velozes, enquanto que "Tristan and Isolde", como denuncia o título, é calcada na composição majestosa do do alemão Richard Wagner (1813-1883). A releitura é correta, com uma abordagem folk/medieval, mas sem grandes arroubos ou invencionices - ainda bem.
Há ainda boas ideias em "Sail Away" e "Time of Time", mas que não fogem do padrão do metal sinfônico sem variações. Nestas duas, também são identificáveis elementos contidos na obra da banda alemã Blind Guardian, outra grande referência dos goianos,
"O álbum teve a participação de 150 músicos de três países (Brasil, EUA e Finlândia). Em 'Chronos', temos uma banda de heavy metal, uma orquestra sinfônica completa, um coro sinfônico completo, um coral infantil, sete estúdios de gravação utilizados, mais de 3 mil páginas de partituras, dois teatros, seis produtores, uma gravadora da Romênia, além de mais de 100 colaboradores que nos ajudaram a realizar este projeto audacioso e pioneiro em toda América Latina", comentou o tecladista Everton Marin, um dos líderes da banda,
Com arte de capa de Carlos Fides, "Chronos" foi produzido por Roy Z (que trabalha com Bruce Dickinson, do Iron Maidden) e Addasi Addasi em Los Angeles. Do Brasil ainda participaram a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás e do Coro Sinfônico Jovem de Goiás.
Com arte de capa de Carlos Fides, "Chronos" foi produzido por Roy Z (que trabalha com Bruce Dickinson, do Iron Maidden) e Addasi Addasi em Los Angeles. Do Brasil ainda participaram a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás e do Coro Sinfônico Jovem de Goiás.
O tema central desta obra conceitual é uma jornada que atravessa os ciclos cronológicos vividos pela humanidade, desde os tempos da Antiguidade da Mitologia Grega, passando pela Idade Média, até chegar à era da Contemporaneidade marcada pela Inteligência Artificial.
"Chronos" foi precedido por três singles, sendo o último para "The Sirens of the Past", que retrata a história de Orfeu, uma das mais conhecidas da mitologia grega e que serve de início para a jornada evolutiva do álbum.
"Chronos" foi precedido por três singles, sendo o último para "The Sirens of the Past", que retrata a história de Orfeu, uma das mais conhecidas da mitologia grega e que serve de início para a jornada evolutiva do álbum.
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