sábado, 2 de dezembro de 2023

Mais pesado e ainda amais engajado, Tuatha de Danann brilha em 'The Nameless Cry'

No começo houve quem ironizasse: mineiros de Varginha falando de duendes e lendas celtas? Quase tão absurdo quanto músicos nordestinos cantarem sobre as florestas geladas da Escandinávia em vanções de black metal.

Mas aí entrou a paciência do cantor e multi-instrumentista Bruno Maia para ensinar a todos nós que a arte é livre e permite que chineses e japoneses apreciem e encenem óperas de Niccolo Puccini Ou Giuseppe Verdi, assim como percussionistas brasileiros caiam de cabeça nas tradições dos tambores do Extremo Oriente.

Como criador da banda Tuatha de Danann, que completa 30 anos no ano que vem, Maia exerceu em toda a sua plenitude a liberdade de tocar folk metal no sul de Minas e em todo o Brasil.

Referência internacional em folk metal/celtic metal, o Tuatha segue a ua sina de fazer música boa e engajada. No penúltimo álbum, "In Eireann Nomine", com canções tradicionais irlandesas de protesto, a banda deu um passo importante na escalada evolutiva de seu característico. O novo trabalho avançou ainda mais.

"The Nameless Cry" é o melhor dos oito álbuns já lançados. Além da maturidade, o Tuatha de Danann alcançou uma excelência lírica que surpreendeu mesmo quem esperava algo excelente.

Optando por trabalho mais conciso - são apenas oito ´músicas -, os mineiros de Varginha fizeram uma homenagem aos que não têm voz nem nome, como fica explícito na canção que abre o CD, "The Nameless", em uma pertinente denúncia da pobreza e desigualdade social que só se aprofunda no século XXI. 

O disco requeria mais peso e ele está presente, com guitarras muito bem timbradas que convivem bem com os tradicionais instrumentos celtas. 

A bateria também está mais pesada, principalmente na canção seguinte, "United", com seu ritmo veloz e empolgante que é perfeita para ser tocada em concertos políticos de protestos.

Tem também  densa e reflexiva, mas também irada, "Revenge", que parece preparar o terreno para um eventual disco de continuação no tema. 

Se não é um trabalho conceitual no sentido clássico, é por se tratar de uma coleção de canções que exaltam a precariedade da vida de milhões de seres humanos e mostram os fracassos das tentativas de conciliar paz e desenvolvimento econômico para todos.

Também ão emblemáticas duas canção poderosas, "The Rabble's Cry" e "The Virgin's Tower", que misturam a erudição tradicional da banda com um ótimo heavy metal.. A fusão do texto histórico com os sons mais pesados e que celebram o rock mais uma vez casaram bem com a proposta sonora geral.

A banda está mais próxima do som que os ingleses do Skyclad fez nos anos 90 e que influenciou diretamente o grupo Tuatha de Danann, a ponto do ex-vocalista, Martin Walkyer, se tornar amigo pessoal de Bruno Maia e visitar frequentemente o Brasil.

  O perfeccionismo de Maia com os detalhes e as nuances dos arranjos atingem o seu ápice em "The Nameless Cry", evidenciando ainda mais as suas influências, mostrando que o tempo em que morou na Irlanda está definitivamente impregnado e seu cérebro e 
 
"Esse trabalho entrega uma obra menos festiva e mais sóbria, um pouco amarga, mas não triste ou desesperançosa", escreveu maia nas redes sociais. "Pelo contrário, é um album que transpira resistência, luta, reflexão e até cinismo. O lado musical com certeza está mais refinado que sempre, absorvendo tanto novas influências como resgatando antigas, tudo sem deixar as marcas composicionais peculiares do Tuatha."

Ele detalhou um pouco algumas mudanças sonoras que a banda implementou: "Tanto a flauta (em detrimento ao violino e/ou gaita de fole e banjos) quanto os solos de guitarra estão mais presentes que nos álbuns anteriores. Alguns vocais guturais pintam aqui e acolá, e escolhemos timbres muito fodas em tudo. O pai do folk metal e nosso grande irmão, Martin Walkyier, escreveu uma letra fabulosa para nós, a 'The Virgin's Tower', como um presente pra mim em homenagem a uma prima que foi torturada pelos militares durante a ditadura - é poves, misturamos muito metal com política)."

 O agradecimento especial para os convidados é um dos pontos altos d declaração de amor ao metal feita pelo vocalista do Tuatha. "Não podia faltar participações especiais neste disco que traz o grande Hugo Mariutti [guitarrista, ex-Shaman e André Matos], a suprema warrior queen Daísa Munhoz [vocalista do Vandroya e Souspell], a fantástica Julie F. Gonçalves, entre outros que comentarei em cada som separado que postar aqui."

O disco está sendo lançado pela Heavy Metal Rock e já está nas plataformas digitais. Clique aqui para ver e ouvir - https://www.youtube.com/watch?v=dV5kerClU0o&list=OLAK5uy_mOflVq6Cuu5Sc4ZFzgYnv1zM6zKZ9Y6y0

https://www.youtube.com/watch?v=dV5kerClU0o&list=OLAK5uy_mOflVq6Cuu5Sc4ZFzgYnv1zM6zKZ9Y6y0&index=1&pp=8AUB

https://www.youtube.com/watch?v=2xrBEcciRzc&list=OLAK5uy_mOflVq6Cuu5Sc4ZFzgYnv1zM6zKZ9Y6y0&index=6&pp=8AUB

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