sábado, 30 de dezembro de 2023

Roger Waters decretou, há 40 anos, o fim do Pink Floyd, mas a Justiça não deixou

 Quase todo mundo ignorou os sinais que vinham das tensas sessões de gravação de "The Final Cut', de 1983, derradeiro álbum do Pink Floyd com a participação do baixista e vocalista Roger Waters. A banda que gravou a obra estava desfigurada: o tecladista Rick Wright tinha sido demitido anos antes, o guitarrista David Gilmour pouco apareceu nos estúdio e o baterista Nick Mason gravou o que deu.

Praticamente um disco solo de Waters com o nome da banda - o conceito e todas as composições sãos. Gilmour aparece nos vocais apenas em "Not Now John", dividindo-os com o baixista. Claro que tudo soava tenso e esquisito, mas ninguém farejava a implosão rápida.

Workaholic assumido, Waters decretou que não haveria turnê de divulgação e que logo entraria em estúdio para gravar um álbum conceitual, "The Pros and Cons of Hitch Hiking", que sairia no começo de 1984 com a presença ilustre de Eric Clapton nas guitarras.

Assim que as gravações terminaram, Waters anunciou uma turnê norte-americana com Clapton, mas evitou dar entrevistas imaginando que seria bombardeado com perguntas sobre o Pink Floyd. Só que o boquirroto baixista não se conteve e decretou, na véspera da primeira apresentação da turnê, no comeco de 1984, que o Pink Floyd não existia mais.

Curiosamente, essa informação bombástica jogada de forma precisa há 40 anos, não recebeu a atenção devida. Gilmour e Mason, estrategicamente, silenciaram esperaram. Waters ficou ocupado demais com a turnê, mas falava a todos que sua banda tinha acabado.

Percebendo que o assunto não reverberava como imaginava, tratou de ir ao ataque: em entrevista coletiva no começo de 1985, anunciou que estava fora do Pink Floyd e que iria à Justiça para obter os diretos do nome da banda e, consequentemente, impedir os ex-companheiros de continuarem tocando sob o come Pink Floyd.

Seguros de si, Gilmour e Mason sabiam que tinha a razão e o auxílio de excelentes advogados. Ignoraram as bravatas de Waters e iniciaram os trabalhos do que viria a ser o [album "A Momentary Lapse of Reason", de 1987, reintegrando Rick Wright, mas apenas como convidado (por enquanto).

A batalha judicial foi longa e Waters perdeu em quase todas as fases, até que teve de jogar a toalha, Após uma derrota quase definitiva, propôs um acordo para interromper o processo: abria mão do nome Pink Floyd, mas requeria os direitos integrais sobre a obra-prima "The Wall", de 1979.

Om com baixista fora definitivamente, o Pink Floyd seguiu como um trio e, ao vivo, com o suporte de uma imensa banda de apoio. Até 1995 foram dois álbuns de estúdio de bom nível e dois ao vivo.

Para todos s efeitos, oficialmente o grupo encerrou as atividades em 2015 com o lançamento de "Endless River", um álbum com sobras de estúdio do álbum "The Division Bell", de 1994. Na realidade, Gilmour decidiu que não tocaria mais sob o nome da banda, para desgosto de Mason. 

Em carreira solo, o guitarrista herdou a estrutura e a megabanda, inclusive absorvendo Rick Wright, que morreria de cancer em 2008, aos 65 anos. 

De form esporádica, Gilmour faz shows na Europa e lançou dois álbuns desde 1995: "On a Island", de 2006, e "Rattle That Lock", de 2016, tendo a terceira esposa, a jornalista Polly Sampson, como principal parceira nas composições.

Nick Mason formou uma banda chamada Saucerful of Secrets (nome do segundo álbum dos Pink Floyd, de 1968) para tocar canções dos três primeiros iscos do grupo. Seus shows são esporádicos, mas ja renderam dois álbuns ao vivo.

Roger Waters manteve-se ativo desde que saiu da banda, embora o espaço entre seus álbuns solo seja longo. Aos 80 anos, está em turnê mundial de despedida, que passou pelo Brasil em 2023 - ele se aposenta dos palcos, mas não dos estúdios.

Depois da briga judicial de 1985  1987, o quarteto da formação clássica só se reuniu uma vez, em 2005, durante a série de concertos do Live 8, evento que buscava protestar contra as decisões do grupo de países mais ricos do mundo. Foram quatro músicas tocadas em Londres, sendo que o constrangimento ominou os bastidores e mesmo  apresentação.

Depois da morte de Wright, Gilmour e Mason fizeram uma aparição surpreendente em um show solo de Waters em Londres, em 2010. Tocaram em "Confortably Numb", do disco "The Wall". Não demorou muit para que Waters e Gilmour voltasse a se atacar pela imprensa nunca mais se juntaram para nada.

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