Dedos velozes, riffs rápidos e solos alucinantes que encantaram um gênio da guitarra. E lá foi a guitarrista paulista brilhar nos Estados Unidos, em um festival americano ao lado de Kiko Loureiro, a convite de ninguém menos do que Joe Satriani, o dono da festa.
Lari Basilio está há alguns anos nos Estados Unidos e chama a tenção pelo fraseado moderno e a versatilidade ao explorar diversos gêneros musicais. O rock é a base de “Your Move”, seu mais recente trabalho, mas ela também se dedica ao jazz e ao hard rock, deixando um pouco de lado o metal veloz de seu disco anterior, “Far More”.
A beleza de uma canção como “Your Move”, um rock singelo de base bluesy, é maior exemplo de sua versatilidade, lembrando a sutiliza de Satriani, a precisão de John McLaughlin e o feeling de John Scofield.
“Fearless”, que abre o disco, soa mais moderna e agressiva, emulando a influência de Steve Vai, enquanto que o blues com acento jazzy volta com extremo bom gosto em “Here For You”.
“Novo” transborda brasilidade, com timbres que se aproxima de uma espécie de country folk brasileiro, onde os timbres mais acústicos dão um colorido especial a uma canção delicada. Mesmo a base mais pesada não foge do roteiro e ajuda a transformar a música na melhor do disco.
Outra que merece atenção é a esfuziante “Running to the Other Side”, a que talvez seja a mais pesada, reunindo uma miríade de influências e timbres que mostram ousadia e muita habilidade.
Instrumentista em ascensão, é uma das sensações do rock instrumental nacional. Nascida em São Paulo, Lari Basilio começou a estudar órgão e teclado aos quatro anos de idade.
Alguns anos depois, seu pai lhe ensinou os primeiros acordes de violão, suficientes para despertar a paixão pela guitarra. Começou a estudar sozinha, tocando em igrejas evangélicas e, consequentemente, participando de bandas.
Em 2011, gravou seu primeiro EP instrumental, intitulado “Lari Basilio”, que contém cinco faixas, lançado em abril de 2012, marcando oficialmente o início de sua carreira solo. Produzido por Lampadinha, o trabalho ainda conta com as participações de Felipe Andreoli (Angra) e Adriano Daga (Malta).
Os CD e DVD “The Sound of My Room” foram lançados sem agosto de 2015 no Cine Belas Artes, em São Paulo. “Far More”, é mais recente, de 2019, até então seu melhor trabalho, que foi superado por “Your Love”.
A americana Nikki Stringfield tem uma trajetória muito parecida com a da conterrânea Nita Strauss, um pouco mais velha. Depois de chamar a atenção em jam sessions em diversos locais, foi convidada para tocar nas bandas The Iron Maidens e Femme Fatale, que também tiveram Nita, além de passar por outros grupos
Aos 33 anos, finalmente consegue colocar no mercado seu primeiro disco solo, "Apocrypha", onde se mostra mais veloz e habilidosa do que a amiga e concorrente, mas menos bluesy, deixando o feeling em segundo plano em algumas canções.
Ainda assim, ela apresenta boas ideias dentro do heavy metal tradicional que se propõe, recuperando uma sonoridade que era muito popular no final dos anos 80, antes da devastação provocada pelo grunge.
"No Surrender", por exemplo, parece er saída de qualquer disco do Iron Maiden ou do Judas Priest da época.
Diferentemente de Nita Strauss, Lari Basílio e Sophie Lloyd, Nikki também canta, o que garante alguma unidade ao álbum - por outro lado, não há grande versatilidade, com o conjunto de canções pouco variando entre o hard rock e o heavy tradicional.
Se "No Surrender" é uma abertura pouco surpreendente, o restante revela pouca ambição, apesar da competência instrumental e demonstrada por ela e a banda.
"The Spell" também é calcada em ideias musicais que remetem ao Iron Maiden, que parece estar no sangue por conta dos anos tocando com The Iron Maidens, o tributo feminino americano à banda inglesa,
Há uma pequena variação em "When the Demons Lie", que tem riffs um pouco mais modernos, quase grunge, em uma canção onde ela esbanja virtuosismo.
As coisas voltam ao "normal" em "The Outsider", onde as timbragens de guitarra típicas de Adrian smith dominam a cena em um som mais cadenciado e bluesy. É um hard rock mais comum, com arranjos ais simples e acessíveis digamos assim.
A baladona pesada à la Guns N' Roses não poderia faltar e ela aparece em "Save Me" com todos os clichês possíveis, mas não é ruim. Talvez seja desnecessária, assim como a canção seguinte, uma versão melosa de "Kiss From a Rose", do inglês Seal. É mais um baladão, mas ao menos há bons arranjos de guitarra pesada.
Uma mudança esperada e ansiada pelo ouvinte vem com "Flesh and Bones", a melhor do álbum, com uma levada que lembra a de sucessos da banda inglesa UFO, com riffs e cavalgadas típicas do guitarrista alemão Michael Schenker, qu tocou anos com aquele grupo. O refrão pegajoso também é destaque.
O peso continua em "As Chaos Consumes", mas rápida e intensa, com a moça quase cuspindo a letra e com certa dificuldade para recuperar o fôlego. mas é uma boa canção, a mais pesada deste álbum.
Na sua primeira investida solo autoral, Nikki Stringfield fez um trabalho pouco original, ainda carregado com os vícios de Iron Maiden que adquiriu tocando na banda tributo, mas merece elogios pela coragem de se aventurar fazendo o som que gosta e sem se preocupar muito com a repercussão.
A holandesa Sonia Anubis (que também é conhecida como Sonia Nusselder, seu nome verdadeiro) também é uma instrumentista precoce e chamou a atenção muito cedo no cenário de seu país. Era conhecida por fazer uma mistura estimulante de Yngwie Malmsteen e Ritchie Blackmore (ex- Deep Purple).
Com 18 anos foi tocar com a banda suíça Burning Witches, formada apenas por mulheres, mas não chegou a fazer grandes coisas, pois pouco tempo depois aceitou o convite, em 2020, para inniciar os trabalhos da banda brasileira Crypta.
Dezoito meses depois, anunciou a sua saída para focar na banda holandesa Cobra Spell, que ea tinha fundado antes de ir para a Suíça e que mantinha como projeto paralelo. Reformulou a formação e 2022, tornando-a um quinteto feminino para lançar "666".
Com muita maturidade, Sonia Anubis deixou o metal extremo para conduzir o hard rock classudo e exuberante de inspiração californiana, bem ao gosto dela, uma fã de W.A.S.P. e Kiss. Muito bem produzido e com musicistas talentosas, o Cobra Spell fez uma "reestreia" de respeito, embora sem um pingo de ousadia.
Aos 24 anos de idade, Sonia desfila riffs em profusão e solos criativos, mas ainda deixa a inovação de lado. É hard rock para as massas, para as festas e baladas regadas a muita cerveja e azaração. Esse era o objetivo principal.
"Bad Girl Crew" é a mais emblemática das músicas, um hard típico dde Los Angeles regado a riffs ganchudos e solos incandescentes. Na mesma linha seguem "S.E.X." e "Satan Is a Woman", que apresentam boas ideias e soluções melódicas, mas sem o vigor a primeira.
A banda deu de ombros quando foi acusada de reforçar os estereótipos do hard rock machista americano dos anos 80, ainda que as letras, obviamente, tenham o ponto de vista das mulheres.
As críticas têm a razão de ser, pois o som da Cobra Spell repete todos os clichês oitentistas possíveis, tanto no om como nas letras. parece que as garotas quiseram apenas virar do avesso alguns clássicos de Poison, Motley Crue e Cinderella, em alguns momentos.
São os casos das canções encharcadas de clichês "The Devil Inside Me", "Love = Love' e "Love Crime". Portanto, não espere algo novo e diferente.
Sendo assim, ao menos a balada hard soa bacana em "Fly Away", com um trabalho ótimo de guitarras , com óbvia influências de heart, Pat Benatar e Fleetwood Mac. É mais comercial do álbum.
Com tão pouca idade, mas muita experiência de mercado, Sonia Anubis regeu a confecção de "666" e mostra credenciais ara voos mais altos com sua banda. Entretanto, precisará deixar, ainda que gradualmente, as tão amadas paixões por bandas de hard rock dos anos 80.
https://youtu.be/8XDMy7m8w7w
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