Bernie Marsden e Micky Moody, ex-dupla de guitarras do Whistenake, ressurgem em novas 'funções'

 Marcelo Moreira

Micky Moody e Ali Maas (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Enquanto o Whitesnake hiberna lançando coletâneas com músicas com nova mixagem, dois de seus ex-integrantes das antigas ressurgem em projetos ligados ao blues. Não por acaso, os dois formaram uma dupla de muito sucesso nos anos 90, a Moody Marsden Band.

Guitarristas talentosos e muito entrosados, foram encontrados por David Coverdale assim que ele fundou o Whitesnake, em 1978. Bernie Marsden e Micky Moody, com seu indefectível chapéu, formaram a dupla de guitarras por quase cinco anos, até que Marsden deixou a banda, em 1983.

Os dois se reencontraram em 1992, quando mergulharam no blues rock em sua Moody Marsden Band, que lançou quatro bons discos que fizeram sucesso no Europa.

Em 2020, Marsden, que andava semiaposentado, fazendo apresentações esporádicas, foi recrutado por Joe Bonamassa, o guitarrista que é o nome mais forte do blues na atualidade, para um projeto ligado ao blues das Ilhas Britânicas.

"Royal Tea", recém-lançado, é o novo disco de Bonamassa, gravado nos estúdios Abbey Road, em Londres, dez músicas autorais inspiradas pelo blues rock inglês e em homenagem aos grandes artistas britânicos.

Bernie Marsden assina em coautoria algumas das canções do álbum, que teve a participação do letrista Pete Brown, famoso por seu trabalho nas composições do Cream, nos anos 60.

Bonamassa é um profundo conhecedor de música e do rock, mas precisava de alguém para "polir" seu timbre e direcionar, em termos de estilo e arranjos, a viagem do músico norte-americano. Entre as composições da dupla está a ótima e passional "Why Does It Take so Long To Say Goodbye?"

O guitarrista inglês revelou-se um profissional e tanto para a empreitada e realizou um grande trabalho em "Royal Tea". Pode-se dizer que foi um retorno digno de um mestre que desvenda os segredos misticos de um som raramente igualado como o dos gigantes britânicos dos anos 60.

Micky Moody, por sua vez, retomou uma parceria antiga com a cantora inglesa Ali Maas no disco "Who's Directing Your Movie?", o segundo da dupla.

Neste álbum, eles aprofundam a mistura de blues, folk e country e cometem um álbum muito interessante, onde as guitarras e violões deixam bastante espaço para Ali impor sua poderosa voz em letras de duplo sentido e de forte posicionamento em vários temas, sempre com sarcasmo e bom humor como tempero.

Escrito e gravado entre 2018 e 2019, o disco envereda por uma seara diferente para ambos os artistas, que é o da canção de inspiração folk dos bardos, no gênero conhecido como "storytelling" nos Estados Unidos.

O blues é a cola que une tudo, e ganha proeminência em canções ótimas como "Crazy Leaps of Faith" e "These Times". As baladas dão as caras em "The Walk of Shame" e "Emotional Powder Keg Blues", enquanto que a música folk se desmancha nos acordes suaves nas canções "Destination Heartache" e "Where Does It Leave Me?"

Não se trata de redenção, já que nenhum dos dois guitarrista precisava se redimir de coisa alguma, mas é muito bacana constatar que eles voltam ao mercado como profissionais requisitados e em alta depois de 40 anos do surgimento como uma endiabrada dupla no Whitesnake.