Marcelo Moreira
Prestes a chegar aos 45 anos de fundação, David Coverdale, o cantor líder e dono da parada, decidiu homenagear a si mesmo com um presente inusitado: como seriam as canções icônicas da banda se a mixagem fosse "normal"?
Entenda-se por normal um tratamento sonoro sem os já conhecidos exageros e produção, que deixaram Whitesnake, Motley Crue, Twisted Sister e Bon Jovi "grandiosos demais, com muito exagero nos arranjos e saturação em todos os instrumentos.
O reusltado em "Rock Album" é extraordinário. São praticamente outras músicas, e deliciaram fãs mais antigos e colecionadores. Para os tradicionalistas, que adoram as versões originais feitas por encomenda para o som de FMs, foi um soco no queixo.
N segunda coletânea lançada, é muito interessante escutar "The Deeper the Love" com guitarras e violões mais na cara, ressaltando que é um grande blues de amor.
"All I Want, All I Need" vai na mesma toada, com arranjos mais claros de guitarra, mais realçados. As canções ganham mais vida e mais energia.
É o que acontece com as baladas tidas como "bregas" em outros tempos. Com menos produção, "Is This Love?" e "Too Many Tears" ganham ares mais folk. Transforma Coverdale em um bardo, coisa que definitivamente ele não é.
"Love Will Set You Free" perde as superposições e camadas de guitarras e vira um hard rock setentista e poderoso, com sua base bluesy contagiante.
"Now You're Gone" também fica mais serena e interessante com a guitarra ganhando mais proeminência. Já "Don't You Cry" não teve jeito: mesmo em clima folk, continuou a mesma baba de sempre.
"Midnight Blue" e "Easier Said Than Done", duas boas surpresas, melhoraram bastante, relembrando a grande banda que o Whitesnake era nos anos 70: poderosa nas guitarras, com o blues latente e estourando nos fones.
As discussões vão continuar sobre a "heresia" de desnudar, de certa forma, algumas das canções que amamos ouvir por décadas.
De outro lado, teremos de dar o braço a torcer por conta de que algumas das novas versões ficaram encantadoras, quando não melhores do que as originais entupidas daquele tipo de saturação de produção que certamente deixou muita gente estupefata 35 ou 40 anos atrás.
Como seria o Def Leppard sem aquela monstruosidade sonora, no bom sentido, criada pelo produtor Robert "Mutt" Lange nos primeiros álbuns? Esse é um bom exercício para tentar entender o que Coverdale quis fazer nesta trilogia de coletâneas sem que fosse necessário regravar as canções.
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