Marcelo Moreira
A democracia, normalmente, não pressupõe virada de jogo durante ou depois do pleito. Entretanto, parece que alguns músicos e profissionais da área musical e de infraestrutura de espetáculos estão ansiando por uma mudança nas regras mesmo depois de terem votado no candidato vencedor na eleição de 2020 em São Paulo.
Muitos desses músicos que votam em São Paulo, supostamente inteligentes e bem informados, não hesitaram em espalhar que o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, era bandido, "invasor de propriedades" e "incentivador da desordem", assim como um "disseminador de pobreza".
Incapazes de entender ou de saber ler, ignoraram o programa e as ideias de Boulos para mergulhar no "seguro e sem traços de aventureiro" Bruno Covas, do lamentável PSDB do deplorável governador João Doria.
E eis que os dois tucanos garantiram que nada iria mudar em relação às regras de isolamento social por conta da covid-19, mesmo com com todos os indicadores mostrando aumento exponencial de casos e de mortes.
O eleitor imbecil que coloca a economia acima da saúde sapateou de alegria e acreditou nas mentiras dos dois tucanos lamentáveis, que não pensaram duas vezes de, no dia seguinte à eleição, à qual venceram, decretarem o enrijecimento das regras de distanciamento, incluindo redução de horário de funcionamento de bares e restaurantes, proibição de festas e shows, entre outras coisas.
Estelionato eleitoral? Certamente que sim, para desespero dos coitados e estúpidos que clamam contra o isolamento e pelo retorno imediato das atividades artísticas, uma demanda para lá de irresponsável.ente
Essa mesma gente pouco inteligente e incapaz de fazer uma leitura básica da situação política em sua esquina agora baba de ódio contra o candidato que venceu e seu padrinho político por conta do endurecimento das medidas restritivas e da volta de todo o Estado para a condição amarela no combate à pandemia.
Claro que é "bem feito" para esses idiotas, mesmo correndo o risco de lamentar no cômputo geral, já que teremos de aturar uma péssima administração por mais quatro anos, uma gestão que esquece a periferia, atua em favor de amigos e da população rica, gasta milhões em reformas e obras inúteis e que só pensa em negócios, tentando privatizar tudo o que é possível para que apoiadores ganhem cada vez mais e sempre.
Por mais que tenhamos de desenhar para esses idiotas que bradam contra o distanciamento social - a culpa disso é do vírus, e não de gestores que, a contragosto, fecham o comércio -, o fato é que a polarização política e o orgulho da própria ignorância superam qualquer tentativa de implantar o bom senso.
Sendo assim, que tal o "lesados" pelo estelionato eleitoral se juntarem e fazerem um protesto movido a guitarras na frente da Prefeitura de São Paulo, ali no Vale do Anhangabaú?
Que toquem bem alto músicas do Motorhead, do Metallica e dos Ramones para chamar a atenção do prefeito reeleito que disse que nada mudaria nas regras de distanciamento social...
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