Marcelo Moreira
A pandemia de covid-19 não foi o suficiente para arrefecer os ânimos dos curadores de espólios musicais de grandes artistas do classic rock. Foi só a doença supostamente dar uma trégua para que uma enxurrada de edições de aniversário surgissem neste final de ano para atacar nossos bolsos, que ainda estão avariados pela pandemia.
A caixa mais chamativa lançada recentemente é a que comora os 40 anos do lançamento de "Aces of Spades", do Motorhead. Também chega a tempo de marcar os cinco anos da morte do baixista e vocalista Lemmy Kilminster.
A edição luxuosa vem com cinco CDs e um livreto com a história das gravações e bastidores da banda naquele período. Dos cinco CDs, os destaques são dois shows nos discos 3 e 4 .
O primeiro foi gravado em dezembro de 1981, no final da primeira parte da turnê de divulgação do álbum. A asa não era grande, o Whistla Hall de Belfast, na Irlanda do Norte, e mostra o trio com a faca nos dentes, arrebentando no peso e na distorção de guitarra e baixo.
Sem muito tratamento sonoro, o som é cru e poderoso, ganhando,o muito em energia na comparação com o oficial ao vivo de anos antes, "No Sleep Til' Hammersmith.
O outro show foi registrado em Orleans, na França, também em 1981. Segue na mesma pegada, embora a qualidade sonora seja um pouquinho deficiente, mas captura a mesma sonoridade pesada e quase punk. Raras vezes a banda conseguiu ser tão pesada e maravilhosa ao vivo quanto neste período de divulgação de "Ace of Spades".
Nos outros discos, além do CD original, há uma série de gravações demo e versões alternativas das músicas do álbum e de alguns clássicos mais antigos.
O conceito é o mesmo de "Rock Legend", do Thin Lizzy, uma caixa sensacional com seis CDs. É uma compilação diferente, pois tenta seguir uma ordem cronológica, mas privilegia material alternativo, como versões demo e até mesmo incompletas de canções do período de 1973 a 1980, incluindo apresentações em anfiteatros para estações de rádio.
O CD 6 é o ponto alto, com um show captado no Hammersmith Odeon em 30 de maio de 1980, quando do lançamento do álbum "Black Rose/Roisin Dubh".
O grupo havia passado por muitas mudanças, mas preservava a rebeldia e a ironia que sempre o caracterizou. O som estava mais pesado e os músicos, muito bem entrosados.
Era o fim da fase áurea, já que três anos depois o Thin Lizzy acabaria de forma melancólica em meio a uma decadência quase inexplicável.
"Reinventing the Steel - 20th Anniversary" é uma edição que celebra os 20 anos do último álbum de estúdio do Pantera, que surpreendentemente anunciaria a separação em 2002.
A caixa com quatro CDs parece com novas mixagens das canções do álbum e faixas demo que privilegiam a guitarra de Dimebag Darrell, que escancaram o quão diferenciado ele era e que não são absurdas as afirmações de que ele foi tão importante para o instrumento quanto Eddie Van Halen.
Embora não seja o melhor dos álbuns da banda - nem de longe, diga-se de passagem -, vai deliciar os fãs da banda por dissecar o processo de construção das composições de uma das bandas mais originais do heavy metal contemporâneo.
Por enquanto, só é possível importar as caixas, com preços que variam de US$ 300 a US 600, sem o preço do frete.
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