A bateria ressurge como protagonista em dis importantes lançamentos em 2023, embora um deles contenha apenas releituras da principal banda integrada por um dos músicos em questão. Os americanos Stewart Copeland e Dave Lombardo, cada um a seu modo, trataram de fazer com que o instrumento se apresentasse de forma diferente em 2023.
Dave Lombardo, americano de origem cubana, fez fama como baterista de heavy metal e tocou muitos anos no Slayer, um dos maiores nomes da história do thrash metal. Hoje está em outro nome importante do meta, o Testament..
"Rites of Percussion", seu primeiro trabalho solo em anos, é ousado e instigante, com um saudável abuso de ousadia e inovação. A percussão, em todas as suas manifestações, aparece de forma a conduzir todas as suas ações, ainda que alguns arranjos deem o tom em algumas músicas.
São 13 temas que exploram o rock progressivo, o rock pesado, jazz e música latina, com sons extraordinários tirados de sua bateria inteligente e variada.
Em alguns momentos, a impressão é de que é apenas uma única sessão de estúdio intercaladas por suítes, já que o álbum é bem curto, não passando dos 35 minutos de duração. "Blood Let" e "Vicissitude", por exemplo, têm pouco mais de um minuto, são quase vinhetas.
As canções que abrem e fecham o disco são as melhores e as mais ousadas. "Initiatory Madness" é uma trilha sonora de filme de ficção científica em seus quase cinco minutos. A variedade de timbres e tambores impressiona.
"Animismo", que encerra o trabalho, também é experimental e ganha protagonismo por mostrar um músico mais descontraído e "brincando" com os instrumentos, ainda que tenha um ar bem mais progressivo e virtuoso. Lombardo é uma usina sonora de ritmos e esse álbum mostra o porquê de ele ser admirado por músicos de todas as áreas.
Copeland decidiu recriar boa parte dos sucessos de The Police, banda que criou com Sting e Andy Summers em 1976 e que implodiu em 1983 depois de imenso sucesso. "Police Deranged for Orchestra", como o nome diz, é um projeto bem-sucedido com versões orquestradas embaladas por vozes femininas extraordinárias.
O baterista se encarrega de quase todas as percussões e deixa a cantora Amy Keys à vontade para se divertir e mostrar seu imenso talento. "Every Breath You Take", por exemplo, uma canção romântica e dramática, ganha ares pop mais alegres, mostrando uma faceta de arranjador pouco conhecida do músico.
"Message in a Bottle" ficou ainda mais interessante, principalmente por conta do belo arranjo de cordas e a percussão muito bem encaixada além da bateria.
As melhores versões, no entanto, ficaram a cargo de "King of Pain", com arranjos de sopros e cordas ótimos, e "Don't Stand So Close to Me", que ficou mais moderna e insinuante, com vocais mais ao estilo gospel, casando perfeitamente com a canção.
Para quem achou que seria apenas um baterista revisitando o passado como forma de ganhar alguns trocados, o resultado surpreende e, em alguns momentos, encanta. Stewart Copeland realmente é um músico bastante diferenciado.
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