A burrice é contagiosa é precisa ser contida e extirpada. A máxima era bradada aos berros em uma redação importante da imprensa paulista nos anos 80 por seu chefe, um veterano que acabou nomeando um dos viadutos da cidade de São Paulo.
E não é que a "profecia" se tornou verdadeira, com a vasta contaminação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo bolsonarismo, como no caso da guerra da Ucrânia - o presidente conseguiu equiparar em culpa a vítima e o agressor?
A estupidez da vez atingiu até o considerado melhor e mais preparado ministro do governo Lula, o trator Flavio Dino, da Justiça, competente e, aparentemente, com bom senso.
Dino afirmou a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que o cantor inglês Roger Waters (ex-Pink Floyd) será preso se, em suas apresentações no Brasil no fim do ano, se vestir como um oficial nazista.
Ele faz coro às imbecilidades proferidas por representantes de entidades judaicas de várias partes do mundo, inclusive as brasileiras, que o acusam de "antissemitismo" e de apologia ao nazismo quando veste um uniforme semelhante ao das SS nazistas durante parte do show que alude ao álbum "The Wall", de 1979.
Que o oportunismo predominasse entre as entidades judaicas, mesmo as sérias, já era esperado desde que duas cidades alemãs forçaram o cancelamento dos shows de Waters neste ano pressionadas por "acusações de antissemitismo e apologia ao nazismo. Felizmente, foam apenas dois cancelamentos na Alemanha, amenizando a vergonha dos alemães.
"Há 40 aos eu enceno no meu show a crítica ao fascismo quando abordo 'The Wall'. só agora perceberam isso? Só agora se deram ao trabalho de prestar a atenção ao meu show", ironizou Waters n embate contra algumas autoridades alemãs burras.
Roger Waters e a compatriota atriz Vanessa Redgrave são alvos preferenciais de judeus de todo o mundo e de oportunistas que apoiam causas judaicas por conta de seus posicionamentos contrários às posturas do Estado de Israel contra os palestinos, seja qual for o governo de plantão.
"Por mais que eu condene a forma de como o povo israelense vota e pensa, não tenho nada pessoalmente contra os israelenses. Deploro os governos daquele país e a política de Estado que oprime os palestinos", declarou certa vez o ex-baixista do Pink Floyd. Essa postura o fez "inimigo" de Israel, que o considera antissemita - uma imensa bobagem.
A militância antifascista do cantor é muito mais antiga. O pai, um oficial inglês do Exército, morreu na batalha de Anzio, ma Itália, em 1944, durante a II Guerra Mundial. Waters, que fará 80 anos em breve, tinha meses de vida. Por conta disso, tornou-se obsessivo contra o fascismo.
"Animals", de 1977, disco importante do Pink Floyd, era todo baseado na fábula "A Revolução dos Bichos", do escritor inglês George Orwell, uma pesada e contundente critica ao totalitarismo e ao que virou o comunismo stalinista da União Soviética.
Era gestação para a obra mais impactante do grupo, "The Wall", lançada dois anos depois, e que distribuía pancadas diversas para muitos lados, mas principalmente para o sistema educacional repressor e opressor inglês, contra o fascismo e contra qualquer tipo de totalitarismo - que, na gênese, seria o responsável por vários "problemas" que atingem a sociedade ocidental liberal dos nossos tempos.
Na turnê mundial de 2018, que passou pelo Brasil, Waters dedicou uma parte do show a criticar e denunciar os líderes autocratas e de viés fascistas que dominam o mundo. Expôs os nomes deles no telão criticando-os duramente - Donald Trump (Estados Unidos), Recep Erdogan (Turquia), Viktor Orban (Hungria) e Jair Bolsonaro (Brasil).
No show de São Paulo, no estádio do Morumbi, parte do público ficou indignada com a porrada no bolsonarismo e chegou a ensaiar vaias e pedir do dinheiro de volta, em uam das maiores vergonhas do entretenimento brasileiro.
Em sua segunda passagem pelo Brasil, nos anos 2010, Waters fez seu show totalmente baseado em "The Wall", com cenografia e efeitos especiais impressionantes, como o avião que se espatifava no muro.
De forma bem rápida, em uma das cenas, o cantor vestiu o uniforme fascista que lembrava o das SS nazistas e fez suas performances sem que fosse criticado ou incomodado pelos hoje oportunistas que querem interferir e censurar os shows atuais.
E é lamentável que um governo dito progressista, como supostamente é o de Lula, embarcar na burrice de tor bolsonarista e cogitar "prender" um artista estrangeiro sem ao menos entender do que se trata.
E logo Flavio Dino, o ministro que teve várias posturas exemplares no combate ao fascismo e às tentativas de golpe a parti de 8 de janeiro. E logo Flavio Dino, que parecia ser bem informado e inteligente. Onde estão seus assessores, que permitem que ele caia na armadilha da burrice e da desinformação?
Os ataques recentes Roger Waters no Brasil, fruto do mais vil oportunismo político-religioso-social, mostra que o país ainda tem um longo passado pela frente, parafraseando o ótimo Millôr Fernandes. Domina a burrice a total falta de noção na avaliação de "conteúdos de entretenimento", onde a censura continua a ser considerada, como nos piores e mais nefastos momentos do nefasto bolsonarismo.
Mais do que a decepção com essa postura do governo Lula, é triste ver a total incapacidade de interpretação e compreensão de obras que escancaram o progressismo e o combate ao fascismo.
Mais do que contagiosa, a burrice costuma, em muitos casos, ser bastante perigosa.
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