sexta-feira, 2 de junho de 2023

Hard rock tipo exportação: as novas bandas brasileiras que esbanjam qualidade

Parece inexplicável que o hard rock tenha sido "redescoberto" pelo público brasileiro somente neste século. A predileção por aqui sempre recaiu no punk, no metal tradicional e no thrash metal. Preconceito contra o hard rock? 

Dr. Sin e Golpe de Estado são duas instituições roqueiras nacionais e nunca reclamara de aceitação baixa ou falta de público, mas até há pouco pareciam ser exceções dentro de um mercado que torcia no nariz para um som não tão pesado e, aparentemente, "acessível" demais.

Hoje a oferta é maior, passando por coisas muito legais como Mattilha, Sioux 66, Nite Stinger, Spektra, Tokyo Savannah, Baranga, Carro Bomba, Sinistra, Fúria louca e várias outras.

Uma nova geração de bandas do estilo explodiu às vésperas da pandeia de covid-19 e amadureceu durante o período de isolamento para voltar com muita força e determinação, transformando-se e hard rock tipo exportação, como é o caso de algumas bandas que têm se destacado.

- Electric Mob - Banda brasileira tipo exportação por excelência e que foi abraçada pela gravadora italiana Frontiers. "2 Make U Cry & Dance" é o segundo trabalho do grupo que faz um hard rock empolgante e moderno, misturando com inteligência o som tradicional de ares oitentista e a aquele que agrega um som mais novo  pesado, na linha que o Dead Daisies está seguindo. 

O primeiro disco, "Discharge", de 2020, indicava que o som era de alto nível e apontando para algo diferente, e as boas perspectivas se confirmaram. 

Disco redondo, sem canções fracas e com ótima produção, o novo álbum reúne diversas influências e oferece um caldo suculento. É só procurar e enxergar as pitadas de Van Halen, Gotthard, Whitesnake, Motley Crue, Guns N' Roses, Journey e mais algumas coisas. 

São muito os destaques, como a abertura, "Sun Is Falling", rockão que abala as paredes e mostra um ótimo riff - candidatíssima a hit. 

E tem coisa tão boa quanto, como "Thy Kingdom Come" e "By the Name", músicas precisas prontas para explodir nos shows. "Watch M ( I'm Today News") envereda por um caminho mais denso, climático e tenso, enquanto que "Will Shine" (com uma percussão nordestina de fundo que foi uma ótima sacada) e "It's Gonna Hurt" mostram uma versatilidade invejável que dominou a maioria das bandas boas dos anos 80. 

E ainda tem mais: "4 Letters", com rara delicadeza e bom gosto, acústica e quase folk; "Soul Cage", com sua forte linha melódica; "Locked and Loaded", com seus arranjos impecáveis e sua estrutura pesada. É o tipo de álbum que precisa ficar muitas vezes seguidas nos tocadores de música.

- Sunroad - Banda goiana de hard rock que cresceu bastante com a efetivação do vocalista e guitarrista francês Steph Honde, que também integra uma série de projetos na Europa. 

É uma das melhores bandas de hard rock brasileiras, com uma habilidade incomum para encontrar melodias belas e fora dos clichês normais do subgênero. 

Com quase 30 anos de trajetória, é uma banda que se orgulha de seu hard clássico no disco "Sunesthesia", com pitadas de AOR e alguma coisa de Queen.

Escute "Screen Screw" e perceba a imponência dos riffs que embasam a boa letra. Esse álbum coroa a ótima fase do Sunroad, que se mostra revigorado e com gana para compor e gravar músicas mis interessantes.

- Electric Gypsy" - Um EP poderoso para uma formação poderosa que embarcou em uma turnê longa abrindo para o ex-cantor do Iron Maiden Paul Di'Anno no Brasil. 

Tamanha exposição foi fundamental para que as canções de "Star", um EP conciso que resume bem como o hard rock está nas veias deste quarteto mineiro que ambiciona o mercado internacional. Repleto de referências, o trabalho aponta para algo original, como "More Than Meets the Eye", que transborda influências de Aerosmith e Bon Jovi.

 "Right On" é uma porrada hard da melhor qualidade, assim como a intensa "I'm Down (For Her)" é um dos destaques - consegue revisitar temas românticos batidos sem cair nos clichês dos gênero. é uma das bandas que mais cresce no rock brasileiro.

- Tarmat - A boa fase da banda brasileira se consolida com este bom álbum lançado pela gravadora italiana Frontiers. "Out of the Blue" é intenso e repleto de referências que vão do hard rock ao rock progressivo, passando por algumas tendências mais modernas. 

A produção é boa e ressalta a melodia que explode das guitarras, lembrando a forma de como foram registrados os sons de outras bandas brasileiras do mesmo selo, como Spektra e Electric Mob. 

Alguns podem até criticar o fato de que é muito AOR (album oriented rock), mas a proposta passa por isso, como em canções ótimas como "More Than Less" e "Dinner's on the Hose", "Rosetta Stone" e "Who's Cryin' Now" também merecem destaque.



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