segunda-feira, 5 de junho de 2023

Ativismo, peso e muito carisma: Tom Morello se 'apropria' do Best of Blues and Rock

A guitarra como arma política eficiente e eficaz. O músico americano Tom Morello é, de longe, o maior herdeiro da rica tradição ativista do compatriota Woody Guthrie, nome fundamental da música folk de protesto das décadas de 40 e 50.

"Está máquina mata fascistas", estampava Guthrie em seu violão. Morello também estampa mensagens ativistas em sua Stratocaster azul clara e faz questão de mostrar que está antenado onde toca.

Suas duas apresentações no Best of Blues and Rock, em São Paulo, nos dias 2 e 4 de junho, foram uma aula de engajamento de de rock pesado. Ninguém conseguiu ficar parado ou indiferente.

Não era só de paz que o guitarrista queria falar. Era também de ativismo puro e simples. Precisamos alcançar a paz, mas precisamos lutar por ela, exigi-la e fazer com que o mundo a atinja sem as concessões de sempre que, normalmente, levam a mais guerras.

Claro que tinha de ter músicas de suas antigas bandas, o Rage Against the Machine e o Audioslave. Teve homenagens a John Lennon, a Chris Corbell, a Marielle Franco (vereadora carioca do PSOL assassinada em 2018) e muito mais. Roger Waters, baixista e ex-Pink Floyd, exemplo de engajamento e ativismo, ficaria orgulhoso.

Foram dois shows pesados e intensos, com uma guitarra flamejante cheia de efeitos que surpreenderam os que pouco conheciam o seu trabalho. Do Rage vieram os hits "Sleep Now in the Fire", "Guerrilla Radio" e "Killing in The Name", que estremeceu a área externa do Auditório o Ibirapuera. 

Do Audioslave surgiu "Like a Stone", emocionante tributo ao amigo Chis Cornell, cantor que morreu em 2017 e que tinha em Morello uma grande inspiração.
 
 "One Man Revolution"e "Rebel Songs", do ótimo projeto solo The Nightwatchman, criado há 20 anos, também apareceram e deram um tom mais pessoal á apresentação.

"Power To The People", de John Lennon. acentuou o tom político das apresentações. Na descontração, Morello ainda recebeu os músicos da banda Extreme e o guitarrista Steve Vai em uma jam session bacana, em um dos pontos altos o festival.

Em uma edição que prometia ser histórica por conta da despedida dos palcos de Buddy Guy, Morello fez questão de marcar presença e a tornou ainda mais especial.

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