segunda-feira, 12 de junho de 2023

Caso Roger Waters: revisionismo histórico aposta na ignorância como arma política

 Uma das maiores referências culturais e literárias do menino George, na década de 50 em uma Londres que inda era reconstruída depois da guerra mundial era um jornalista combativo chamado Eric Arthur Blair, inglês como ele e um ativista de esquerda, mas fundamentalmente antifascista. Foi um militante que chegou a lutar pelos republicanos legalistas na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Mas foram os romances de Blair, sob o pseudônimo de George Orwell, que encantaram o menino George e o ajudaram a entender os motivos de o pai dele, Eric Fletcher Waters, ter morrido m 1944 em uma praia feia da Itália durante a II Guerra Mundial. O menino não chegou a conhecer o pai herói de guerra. 

Os livros do escritor inglês, morto aos 47 anos em 1950, moldaram o caráter e a vida de George Roger Waters, que viria a ser vocalista, baixista e líder do Pink Floyd a partir de 1965.

Waters não cansa de contar essas influências e os motivos que o levaram a militar ela liberdade, pela democracia e contra qualquer tipo de opressão - principalmente a política. 

Os dois últimos álbuns do Pink Floyd com sua participação - "The Wall" (979) e "The Final Cut" (1983) - abordam inteiramente estes conceitos, a ponto de o segundo ser considerado um libelo antibelicista e ser dedicado ao pai.

Diante do contexto, ficam cada vez mais evidentes o oportunismo e a má fé de entidades judaicas e fascistas de todos os tipos quando chamam o músico inglês de "nazista" e "antissemita" por conta de seus boicote e combate às políticas repressivas e excludentes de Israel em relação aos palestinos.

Dois shows de Waters na Alemanha foram cancelados por puro desconhecimento - e que descambou para a burrice - porque, no passado, durante os shows, na parte em que abordava "The Wall", ele encenava o discurso de um líder fascista puro trajado com um uniforme militar que se assemelhava aos das tropas SS nazistas. 

Foi o que bastou para imbecis o acusarem de "apologia ao nazismo. É como acusar o cineasta Steven Spielberg de apologia ao nazismo por filmar atores com uniformes do exército alemão em "O Resgate do Soldado Ryan"...

A burrice, que costuma ser contagiosa, contaminou até o ambiente político polarizado brasileiro, em que judeus bolsonaristas usaram do oportunismo nojento para pedir ao governo federal que impeça os shows de Waters o Brasil em novembro, em pleito recheado de oportunismo e má fé.

No último fim de semana, o cantor, às vésperas de completar 80 anos, se manifestou a respeito dos ataques que está sofrendo:

"Minha recente apresentação em Berlim recebeu ataques de má fé daqueles que querem me caluniar e me silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais.

Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, a injustiça e ao fanatismo em todas as suas formas. As tentativas de retratar esses
elementos como algo diferente são dissimuladas e politicamente motivadas. 

A representação de um demagogo fascista desequilibrado tem sido uma característica dos meus shows desde The Wall”, do Pink Floyd, em 1980.

Passei minha vida inteira falando contra o autoritarismo e a opressão onde quer que os veja. Quando eu era criança, depois da guerra, o nome de Anne Frank era frequentemente falado em nossa casa - ela se tornou uma lembrança permanente do que acontece quando o fascismo não é controlado. Meus pais lutaram contra os nazistas na II Guerra Mundial, com meu pai pagando o preço final.

Independente das consequências dos ataques contra mim, continuarei a condenar a injustiça e todos aqueles que a cometem."

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