segunda-feira, 19 de junho de 2023

Sem revitalização e abandonado, centro paulistano vira terra devastada

 Mudança de rotina, medo, assaltos a mão armada e roubos diários de telefones celulares, além de saques a pequenos mercados e lojas de conveniência. O centro de São Paulo, alvo de inúmeros projetos de revitalização desde 2001, acelera a sua degradação rumo a uma terra devastada, digna dos filmes distópicos de ficção científica, com a diferença de que os viciados em crack da Cracolândia são considerados verdadeiros zumbis - e perigosos, infelizmente.

Os relatos de casos de violência são diários, principalmente no entorno da Galeria do Rock, entre Largo do Paissandu, avenida São João e rua Barão de Itapetininga.

Mudança de hábitos, quando não de residência? Virou rotina em uma época em que a região central deveria estar repovoada. São casos pavorosos e revoltantes, dignos de uma verdadeira "terra arrasada". (https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2023/04/12/centro-de-sp-vira-cidade-hostil-e-distribui-medo-a-todas-as-classes.htm)

Os negócios locais estão às moscas, forçando seus proprietários a fechar temporária ou indefinidamente, quando definitivamente. A praça da República, próximo da Galeria, se tornou bum local proibido à noite, assim como os bares da rua Sete dde Abril, praça Do José de Barros e rua Marconi, (https://noticias.r7.com/sao-paulo/sem-esperanca-comerciantes-do-centro-de-sp-fecham-as-portas-por-medo-da-violencia-24042023)

Grupos como a ACSP (Associação de Comerciantes de São Paulo) e o Sindilojas-SP engrossam o coro dos empresários sobre a insegurança na região. Os representantes dos comerciantes pedem maior intervenção do estado na área central de São Paulo para que o abandono acabe.

“Lojistas fechando suas lojas de 40 anos num centro comercial que é São Paulo, a maior capital da América Latina. A gente tem uma sensação de insegurança, e o ser humano é movido por sensações. Quando a gente chega a um ponto desses, é lamentável”, disse o presidente do Sindilojas-SP, Aldo Macri.

Dados da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo colocam a Praça da Sé como o local mais perigoso na região. Entre janeiro e fevereiro, 650 pessoas foram roubadas no marco zero da capital paulista. 

As oito delegacias da zona central registraram 4.620 roubos nos dois primeiros meses do ano, um aumento de 22% em relação ao mesmo período em 2022. É o maior número desde 2001, o início da série histórica.

A Prefeitura de São Paulo, em nota enviada à imprensa em maio (a pedido dos portais R7, UOL e G1), 
informou que criou o comitê intersecretarial #TodosPeloCentro, que permite a cooperação entre as secretarias. 

"O poder municipal tem como prioridades para a recuperação da região as áreas segurança, habitação, social, requalificação urbana e mobilidade, atração de investimentos, meio ambiente e lazer e cultura. Houve ainda o aumento do patrulhamento comunitário e preventivo na região central com 1.200 agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana), que realizam patrulhamentos periódicos 24 horas por dia."

Convenhamos, é quase nada para restaurar a confiança de consumidores e turistas na segura visita à região central paulistana. Todos os planos de revitalização anunciados e iniciados desde 2001 estão mortos e enterrados.

Um que parecia promissor era a instalação te uma escola técnica estadual na rua Aurora, em frente ao famoso Bar Léo. Só que apenas uma escola técnica não é suficiente para espantar os bandidos e atrair uma nova classe/leva de moradores. Ali fica uma das "pernas" da Cracolândia, o que espanta s estudantes e transforma o entorno da escola em local perigoso mesmo de dia.

Na mais recente iniciativa de "revitalizar" a região central, a prefeitura teve a "brilhante" e "original" ideia de "apostar em concessões". (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/04/prefeitura-aposta-em-concessoes-e-caixa-proprio-para-revitalizar-o-centro-de-sao-paulo.shtml). ´Foi anunciado em abril pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

É uma recauchutagem do que foi anunciado meses antes, em dezembro de 2022. De acordo com Nunes, a prefeitura fez um edital sobre os imóveis que se encontram nessa condição e o poder municipal poderá desapropriar para quem tiver o interesse de comprar. Segundo o prefeito, a Administração Municipal estaria disposta a entrar com recursos e subsidiar a reforma dos prédios em até 25% do valor do projeto aprovado.

“O investimento nessa ação é de R$ 1 bilhão. Quem adquirir um imóvel deverá dar uma atividade a ele e mantê-lo ativo por, pelo menos, dez anos”, complementou.

Ou seja, nada de concreto, com muitas ideias e sonhos de atrair a iniciativa privada a resolver um problema que o Poder Executivo, tanto municipal como estadual, é incapaz de reolver, seja por (falta) de competência, seja por opção/prioridade política.

O Plano Diretor 2023, que está em discussão na Câmara dos Vereadores, até cita a "necessidade de revitalizar o centro", mas, de forma oportuna, evita detalhar ou fornecer alguma ideia de como fazer isso. Mais ainda, evita obrigar a prefeitura a fazer qualquer tipo de intervenção. Nem mesmo as perguntas incômodas nas audiências públicas são respondidas.

Diante de um cenário aterrador e sem perspectivas, podemos esquecer a possibilidade de, algum dia, a Galeria do Rock voltar a ser um ponto turístico internacional.

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