A apresentação da banda no Best of Blues and Rock 2023 foi diferente para a banda Malvada. As quatro meninas estavam mais relaxadas e com completo domínio do palco, alo raro para um grupo novo, mas havia uma carga emocional maior do que normal.
Ali, na área externa do auditório do Ibirapuera, em São Paulo, em uam tarde fria, mas ensolarada, o hard rock em português surpreendeu os desavisados e encantou quem já conhecia, mas mostrou uma vontade além do simples "e mais um show".
O baixo de Marina Langer estava mas pulsante; Juliana Salgado estava batendo mais forte na bateria; os solos da guitarrista Bruna Tsuruda estavam mais longos e mais furiosos; Angel Sberse, a vocalista, parecia não querer sair de cena e cantava com uma paixão acima do tom habitual. "Tocamos no Rock in Rio, mas esse show aqui está sendo importante demais", disse a cantora no meio do sow.
A explicação só agora aparece: era o último grande ato de Angel com o quarteto que ajudou a fundar. Nesta segunda-feira, 19 de junho, ela comunicou que não é mais integrante da Malvada, banda sensação do rock nacional e que é uma das grandes novidades do cenário desde que a pandemia de coid-19 mudou nossas vidas.
O comunicado nas redes sociais foi breve e assinado pelas integrantes que ficam. Ressaltam que foi uma decisão pessoal da vocalista que tudo foi negociado e tratado com respeito e sem crise.
A noticia pegou todos de surpresa, ainda que nos bastidores a saída fosse uma coisa definida já há algum bom tempo. Todos conduziram a questão de forma exemplar e profissional.
Pessoas próximas à banda revelaram que não houve rusgas ou brigas. Angel vinha comentando a sobrecarga de atividades e que isso afetava a sua vida pessoal e compromissos profissionais fora da Malvada. Não era uma insatisfação artística, mas de administração de tempo.
E foi o profundo respeito entre as integrates e com o empresário e amigo Tiago Claro que possibilitou a transição relativamente sem sobressaltos para a saída da vocalista e a chegada de uma nova integrante, que será anunciada nos próximos dias.
Não foram poucas as vezes em que a guitarrista Bruna Tsuruda comentou, em conversas com o Combate Rock, que havia uma "cumplicidade" entre as integrantes e que muito dos bons resultados da Malvada e da rápida ascensão do nome da banda se devia ao entrosamento conquistado em tão pouco tempo de convivência.
A voz rouca e forte de Angel casou de forma extraordinária com a guitarra bluesy de Bruna, dando forma ao hard rock acessível e suingado que domina as oito músicas do ´nico álbum até agora, "A Noite Vai Ferver'.
"Esse casamento" de competências, sustentado or um baixo pesado e gorduroso de Marina, era o grande diferencial do grupo, que aproveitou ao máximo influências de de artistas como Golpe de Estado e Barão Vermelho para cozinhar um rock bem feito e azeitado, bluesy e sexy até não poder mais - e isso nos melhores sentidos.
Com um carisma estonteante e uma estampa impactante, era impossível dissociar a figura de Angel da Malvada. Muitas vezes ela se transforou no rosto da banda, com seu carisma inegável e sua condução perfeita de um show encharcado de rock viscoso e grudento, lastreado em riffs de surpreendente fora e bom gosto.
Toda mudança é traumática e deixará sequelas, por mais que a nova vocalista seja do mesmo calibre. Como fundadora da Malvada, Angel Sberse imprimiu seu DNA bluesy, potente e sensual a uma banda que mostrou coisas novas em um combalido mercado musical.
A preocupação é o tamanho do impacto que sua saída provocará em um grupo que está em franca ascensão e colhendo os frutos de uma trajetória satisfatória, com músicas de qualidade e reconhecimento em todos os segmentos roqueiros.
As inevitáveis mudanças sonoras e de personalidade na Malvada redefinirão os rumos e moldarão o som novo que emergirá. Se a sabedoria com que a transição foi conduzida prevalecer. a tendência é que a "nova" Malvada fique mais forte na nova fase de carreira.
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