quinta-feira, 15 de junho de 2023

O 'Som do Refúgio' como forma de exaltar a solidariedade

Foi em uma apresentação no Sesc Bom Retiro, no centro de São Paulo, em 2018, que a Orquestra Mundana Refugi fez uma de suas mais importantes apresentações durante uma exposição internacional de fotografia e artes plásticas.

Comandada pelo violonista e guitarrista Carlinhos Antunes, era composta por mais de 20 integrantes, á época, de mais de de países - em sua maioria, músicos da Ásia, da América Latina e da África que saíram de seus países por conta da pobreza, de guerras e de graves problemas econômicos.

Antunes criou um projeto tão grandioso e relevante que ganhou o apoio do Sesc São Paulo para gravar um ótimo CD com canções brasileiras, africanas, árabes e jazz. Teve menção honrosa da ONU (Organização das Nações Unidas) por seus serviços.

A Refugi e o CD inspiraram a seção paulista do Sesc a investir em mais projetos dedicados aos refugiados e apátridas que escolhera o Brasil ou oram enviados para cá. E assim nasceu uma nova iniciativa voltada para esse público e em apoio a ele.

O Selo Sesc reuniu canções de músicos em situação de refúgio, migrantes internacionais e apátridas no Brasil no álbum Sons do Refúgio, com lançamento previsto para 20 de junho, data em que é celebrado o Dia Mundial do Refugiado. 

Este trabalho específico teve origem a partir da série documental de mesmo nome lançada pela SescTV em novembro do ano passado. Em cada um dos dez episódios, são apresentadas as histórias desses personagens que encontraram no Brasil um espaço para divulgação da sua arte.

Assim como na série, o álbum "Sons do Refúgio" reforça a música como uma expressão cultural que ultrapassa fronteiras e aproxima as pessoas, rompendo barreiras, seja de língua, de raça, de classe, de religião ou de nacionalidade. 

Em dez faixas, é possível conhecer a arte de músicos de diferentes regiões do planeta que carregam em suas histórias, traumas, deslocamentos, preconceitos, acolhimentos e recomeços, tudo o que compõe as suas vivências em solo brasileiro.

O trabalho abre com "Beleza Pura", composição do congolês radicado no Brasil desde 1993 Zola Star. O artista canta em português e traz influências de ritmos da Angola, já tendo conquistado o seu espaço no meio musical do Brasil. 

O álbum apresenta também a angolana Ruth Mariana, cantora e atriz com uma trajetória marcada por difíceis deslocamentos em busca de uma vida longe das guerras e crises que atingem seu país. Em "Mulheres", a artista destaca as lutas femininas.

Já a francesa Anaïs Sylla, com ascendência senegalesa, escolheu o Brasil por seu interesse pela música nacional, buscando espaço para se desenvolver como cantora e compositora. No álbum "Sons do Refúgio", a artista destaca-se com a canção "Mai" cantada em francês. 

O cubano Pedro Bandeira, líder da banda Batanga e Cia, também chegou ao Brasil encantado pela música brasileira. Em "Ijé", o grupo traz o ritmo batanga, tocado com instrumentos percussivos de Cuba.

Seguindo com a volta ao mundo que o novo lançamento do Selo Sesc propõe, a iraniana Mah Mooni apresenta "Pulso do Nascente / Yo M'enamori D'un aire / Simin Bar / Uskudar".

 No anseio de liberdade, que era oprimida em seu país de origem, a cantora encontrou no Brasil um lugar para expressar sua arte, ser modelo e velejar. 

A cantora, compositora e bailarina Fanta Konatê demonstra a percussão africana na música "Matadi". Fanta é influenciada pelo seu pai, o mestre percussionista Famoudú Konatê, primeiro solista do balé nacional da Guiné Conacri e conhecido internacionalmente como o rei do djembê, o tradicional instrumento africano de percussão.

A canção "Mejor que Nadie" é interpretada pelo grupo boliviano Santa Mala, formado por três irmãs rappers: Abigail Llanque, Jenny Llanque e Pamela Llanque. Cantando sobre o orgulho por sua ancestralidade inca, as irmãs incluem em suas músicas falas de protesto e de empoderamento feminino.

Já o grupo Maobe apresenta música, dança e percussão de seu país de origem, o Togo, para os brasileiros na música "Eu Vim de Lá", em que se repercutem elementos fundamentais através de ritmos ancestrais.

Em "Hal Asmar Ellon", a cantora Oula Al-Saghir mostra a música tradicional árabe e palestina. Refugiada no Brasil com a família, Oula encontrou na música uma maneira de retornar e compartilhar costumes da Síria, sua terra natal, e da Palestina, terra de seus pais. 

Encerrando o álbum, Guipson Pierre traz o ritmo regueiro do Haiti na canção "Há Sempre Luz". Após o terremoto que acometeu o seu país em 2010, Pierre chegou ao Brasil buscando melhores condições de vida.

Todas as canções do álbum "Sons do Refúgio" serão disponibilizadas no Sesc Digital e nas principais plataformas de streaming a partir do dia 20 de junho.

Lista de músicas:

Zola Star - Beleza Pura (03:51)
Voz, guitarra e violão: Zola Star / MPC: Curumin / Baixo e synths: Zé Nigro / Coro: Julia Valiengo, Paula Tesser e Raquel dos Santos

Anaïs Sylla - Mai (03:28)
Voz: Anaïs Sylla / Violão e baixo: Beto Villares / Violoncelo: Yaniel Matos / Percussão: Maurício Badé

Mah Mooni - Pulso do nascente / Yo m'enamori D'un aire / Simin Bari / Uskudar (05:01)
Voz: Mah Mooni / Piano: Daniel Szafran / Flauta: Franciana Araújo / Contrabaixo: Igor Pimenta / Percussão: Kaveh Valipoor

Fanta Konatê - Matadi (06:42)
Voz e dança: Fanta Konatê e Koria Konatê / Djembê e ntama: Luis Kinugawa / Djembê: Bangaly Konatê / Sangban: Manu Neto / Kenkenis: Fábio Serra / Dunumba: Barba Marques

Ruth Mariana - Mulheres (02:45)
Voz: Ruth Mariana / Guitarra, baixo e violão: Zola Star / Percussão Thomas Harres

Santa Mala - Mejor que nadie (03:20)
Vozes: Abigail Llanque, Jenny Llanque e Pamela Llanque / Rhodes e baixo sintetizador: Beto Villares / Teclado e beats: Zé Nigro / MPC: Érico Theobaldo

Grupo Maobé - Eu vim de lá (03:40)
Voz e violão: Tyno Val / Djembê: Edoh Amassize / Voz e xequerê: Namíbia Neves / Doundouns e agogô: Papnez Togovi / Guitarra: Rodrigo Caçapa / Baixo: Zé Nigro / Coro: Julia Valiengo, Paula Tesser e Raquel dos Santos

Oula Al-Saghir - Hal Asmar Ellon (05:54)
Voz: Oula Al-Saghir / Riq: Maurício Mouzakek / Kanun: Raouf Jemni / Buzuq: Youssef Saif

Batanga & Cia. - Ijé (06:13)
Tumbadoras e tambores batá: Pedro Bandera / Timbales: Alexis Damian de Armas / Sax tenor: Fernando Javier Ferrer / Piano: Hanser Ferrer / Sax alto: Luis de la Hoz / Trompete: Felipe Aires / Baixo: Gustavo Martinez

Guipson Pierre - Há sempre luz (03:46)
Voz e guitarra: Guipson Pierre / Rhodes e sintetizador: André Lima / Clavinet: Beto Villares / Bateria: Bruno Buarque / Baixo, piano, sintetizadores e guitarra: Zé Nigro


Ficha Técnica


Direção musical: Beto Villares

Produção musical: Zé Nigro

Gravação e mixagem: Estúdio Navegantes (Guipson Pierre, Batanga & Cia., Santa Mala, Mah Mooni, Anaïs Sylla, Grupo Maobé, Ruth Mariana, Zola Star e Oula Al-Saghir) e Parede-Meia Estúdio (Fanta Konatê),

 https://www.youtube.com/watch?v=naB8ufQEpbk&pp=ygUYb3JxdWVzdHJhIG11bmRhbmEgcmVmdWdp

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