Marcelo Moreira
O rock liberta, e o heavy metal, ainda mais. Assim como as torcidas organizadas de futebol tem seu apelo pela união e pela aceitação dos "diferentes" e, eventualmente, "rejeitados", o mundo do rock acaba fazendo o mesmo papel em muitas circunstâncias.
Sempre foi assim, não é? Seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Alemanha pós-guerra, o sentimento de pertencimento a um grupo de pessoas excluídas sempre foi uma motivação a mais para seguir em frente.
As gangues sempre fizeram sucesso justamente por apontar um caminho diferente e representar o acolhimento que família, escola e sociedade negaram a muita gente. Germinaram conflitos e confrontos, mas também reforçaram o autoestima e o elogio à personalidade à autossuficiência. Ou seja, tudo a ver com rock e heavy metal.
O assunto ganhou evidência nesta semana com a entrevista bacana que a cantora brasileira Teresa Cristina deu ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.
Expoente importante da música brasileira e da cultura em geral, a sambista falou sobre racismo, mercado musical e pertencimento a uma sociedade conflagrada e dividida, como a a brasileira. E falou sobre rock e heavy metal. Surpreendeu a maioria das pessoas ao se mostrar fã de gênero e subgênero.
Teresa Cristina no Roda Viva (FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE) |
Como bem ressaltou o portal Wikipedia, a cantora comentou na entrevista que o metal foi o refúgio para a sua "inadequação" social e contra a rejeição da "sociedade comum", digamos assim.
Na adolescência, período crucial de descobrimento do amor e do sexo, a menina Teresa sentia-se feia, mas também sentiu na pele a rejeição nos bailinhos e pela "recusa" dos pares em chamá-a para dançar as músicas lentas. Sempre que ia a esse tipo de evento, acabava por sumir e ficar isolada em outros lugares onde se realizavam os eventos.
"Foi a partir disso, que com os amigos do meu primo, comecei a frequentar shows de heavy metal. Lá ninguém te chama pra dançar, mas também ninguém te cobra nada. Senti que me tratavam de forma igual. Aprendi a amar Guns N' Roses e Van Halen, que falavam de amor, mas também Iron Maiden, que fala de fatos históricos, como Egito Antigo e Guerra Fria", descreveu a sambista.
Teresa Cristina, excelente cantora, simpática e muito consciente nas palavras. Parabéns
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